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Ferreira Leite: Há "ausência total de bom senso" por parte de Maria Luis Albuquerque

A antiga presidente do PSD criticou esta quinta-feira à noite, no seu espaço de comentário na TVI 24, que Maria Luís Albuquerque tivesse aceitado trabalhar com uma empresa que "teve muitas ligações do ponto de vista negativo para o país".

Pedro Elias/Negócios
04 de Março de 2016 às 09:11
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"Não quero atribuir-lhe outra qualificação a não ser a ausência total de bom senso ao aceitar um cargo desta natureza." Manuela Ferreira Leite, ex-ministra das Finanças de Durão Barroso, comentou, desta forma, a notícia ontem conhecida de que Maria Luís Albuquerque foi contratada por uma empresa gestora de créditos, a Arrow Global, que em 2013 comprou créditos do Banif, quando a actual deputada do PSD tinha ainda a pasta das Finanças.

 

"Este caso desta empresa obviamente que tem ligações ao Ministério das Finanças e teve muitas, ainda por cima teve muitas ligações do ponto de vista negativo para o país", afirmou Ferreira Leite. "Tenho poucas dúvidas que a ministra não conheça a legislação, mas mesmo que não houvesse legislação sobre esta matéria, qualquer bocadinho de bom senso levaria a que não aceitasse", prosseguiu.
 

Esta quinta-feira, a Arrow Global anunciou que Maria Luís Albuquerque passará, já a partir do próximo dia 7, a exercer as funções de administradora não executiva no departamento de auditoria e risco. O facto de não ter funções executivas é, neste caso, pouco relevante para Manuela Ferreira Leite: "Isso interessa pouco, tem a ver com o nível de ordenado, se calhar ganha menos do que qualquer outro", desvalorizou.

cotacao Tenho poucas dúvidas que a ministra não conheça a legislação, mas mesmo que não houvesse legislação sobre esta matéria, qualquer bocadinho de bom senso levaria a que não aceitasse. Manuela ferreira leite

 

Ferreira Leite, cerca de dois anos depois de deixar a pasta das Finanças do Governo de Durão Barroso – cargo que ocupou entre 6 de Abril de 2002 e 17 de Julho de 2004 – foi ela própria contratada para integrar a administração do Santander Negócios, para coordenar a área de "research" macroeconómico. A então dirigente social-democrata explicava na altura que iria ocupar um cargo "não executivo".

 

Maria Luís Albuquerque fez bem em aceitar o cargo de administradora da Arrow Global?

Sub-comissão de ética chamada a pronunciar-se

 

No Parlamento, a contratação também não é vista com bons olhos. O PS recusa fazer grandes comentários, para não entrar em "populismos", mas sempre vai dizendo que se trata de uma "situação embaraçosa", que representa uma "cumplicidade negativa". Carlos César, presidente da bancada parlamentar socialista, entende que deve ser a sub comissão parlamentar de ética a pronunciar-se sobre o tema.

 

Do lado do PCP e do Bloco a posição é mais dura. Os comunistas entendem que a matéria "suscita dúvidas" e lembram que há uma interligação entre o Banif e a Arrow Global que "interfere naquilo que são os negócios com o próprio Estado". Já o Bloco sustenta que a contratação "deve ser investigada" porque "Maria Luís Albuquerque foi trabalhar para a empresa que lucrou com o que fez no Banif, ao arrastar a situação".

Para a ex-ministra, não há qualquer incompatibilidade: "A função de administradora não executiva não tem nenhuma incompatibilidade ou impedimento legal pelo facto de ter sido ministra de Estado e das Finanças e de ser deputada", assinala um comunicado da deputada distribuída às redacções pela assessoria do grupo parlamentar do Partido Social Democrata.

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