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Maria Luís Albuquerque não vê "nenhuma incompatibilidade" na ida para Arrow

A ex-ministra das Finanças vai para a Arrow Global, que negociou créditos com o Banif, mas recusa ter tido qualquer influência no passado. Nega qualquer impedimento e diz que "qualquer outra leitura" é "aproveitamento político".

Maria Luís Albuquerque
Bruno Simão/Negócios
03 de Março de 2016 às 17:00
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Maria Luís Albuquerque, contratada para administradora não executiva da gestora britânica de crédito malparado Arrow Global, rejeita qualquer incompatibilidade com o mandato de deputada.

 

"A função de administradora não executiva não tem nenhuma incompatibilidade ou impedimento legal pelo facto de ter sido ministra de Estado e das Finanças e de ser deputada", assinala um comunicado da deputada distribuída às redacções pela assessoria do grupo parlamentar do Partido Social Democrata.

 

O Partido Comunista Português já levantou dúvidas sobre a contratação, pela falta do chamado "período de nojo", mas Maria Luís Albuquerque ataca, no comunicado, quem a critica: "Qualquer outra leitura que possa ser feita desta nomeação só pode ser entendida como mero aproveitamento político partidário".  

 

"As funções que vou desempenhar são de natureza estritamente não executiva, isto é, sem participação nas decisões sobre negócios em concreto, em Portugal ou noutros países", indica a deputada. Portugal foi um dos mercados que, segundo o comunicado de resultados da Arrow, ajudou aos resultados de 2015.

Ministra de Estado e das Finanças até Novembro do ano passado, Maria Luís Albuquerque vai ser administradora não executiva da Arrow Global, que no passado fez negócios com o Banif, banco que foi salvo por dinheiro público em 2013 (apesar de, quase três anos depois, ter entrado em ruptura e necessitar de outra intervenção estatal).

 

A ex-ministra recusa qualquer influência na actividade passada da gestora de malparado: "Nenhuma decisão tomada pela empresa no passado foi condicionada ou influenciada por qualquer tipo de decisão que eu tenha tomado".


Maria Luís vai "apotar valor" sobre macroeconomia e regulação 

"O objectivo da minha contratação é de aportar valor à empresa sobre matérias de enquadramento macroeconómico e regulatório ao nível europeu, sobretudo da Europa continental", indica a ex-governante.

No anúncio da sua contratação, o presidente da administração da Arrow Global defendeu que a experiência de Maria Luís no Governo e na alta direcção de empresas do Estado vai complementar a gestão da empresa.

Antes de ir para o Governo (como secretária de Estado do Tesouro e Finanças e depois como ministra das Finanças), Maria Luís Albuquerque esteve no IGCP, agência que gere a dívida pública portuguesa, e na Refer, como directora financeira.

Já a Arrow compra dívida a bancos e empresas para, depois, negociá-la. Fez negócios com o Banif. E adquiriu uma empresa portuguesa do Lehman Brothers. O seu negócio tornou-a numa das grandes litigantes nos tribunais portugueses.


A frase O que diz o Regime Jurídico de Incompatibilidades e Impedimentos dos Titulares de Cargos Políticos e Altos Cargos Públicos                                                                                                                                 
"Artigo 5º Regime aplicável após cessação de funções
1. Os titulares de órgãos de soberania e titulares de cargos políticos não podem exercer, pelo período de três anos contado da data da cessação das respectivas funções, cargos em empresas privadas que prossigam actividades no sector por eles directamente tutelado, desde que, no período do respectivo mandato, tenham sido objecto de operações de privatização ou tenham beneficiado de incentivos financeiros ou de sistemas de incentivos e benefícios fiscais de natureza contratual". 





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