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Maria Luís Albuquerque vai ganhar cerca de 100 mil euros por ano na Arrow

A deputada do PSD, que a partir desta segunda-feira, 7 de Março, integrará o comité de risco e auditoria da gestora britânica de dívida Arrow Global, como administradora não executiva, deverá auferir um salário mensal em torno de cinco mil euros brutos.

Maria Luís Albuquerque é a 6.ª Mais Poderosa 2015
Faz com o primeiro-ministro uma dupla unida pela forma de pensar e de actuar. Teve um papel determinante em todo o processo de resolução do BES e conseguiu evitar o protagonismo que seria politicamente negativo para o Governo. Conseguiu gerir o colapso de um
banco sem ser beliscada. Geriu o caso da lista VIP pela ausência. Maria Luís Albuquerque tem conseguido levar ao máximo o poder formal
de um ministro das Finanças. No PSD há quem veja nela qualidades para voos mais altos na política.
Negócios 06 de Março de 2016 às 18:32
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"Part-time rende até 100 mil euros a Maria Luís". É assim que o Correio da Manhã titula, na sua edição deste domingo, 6 de Março, a notícia sobre o salário que a ex-ministra das Finanças deverá auferir na gestora britânica Arrow Global.

 

De acordo com o jornal, que fez as contas tendo por base o valor que recebem em média os administradores não executivos da Arrow, o salário-base de Maria Luís Albuquerque será de 58 mil euros/ano, a que acrescem cerca de 10 mil euros pela participação em reuniões dos vários comités daquela empresa. "Além disto, terá ainda direito à distribuição de um prémio em função dos resultados anuais obtidos", acrescenta. Em suma, além do salário-base, os bónus serão pagos de acordo com os lucros da sociedade e com a participação da ex-ministra em reuniões.

 

"A ex-ministra vai acumular aquelas funções com a de deputada do PSD, o que lhe dará mais 3.426 euros por mês, que é o valor do salário de um deputado sem regime de exclusividade. No total, Maria Luís Albuquerque deve assegurar um rendimento anual superior a 115 mil euros", escreve ainda o Correio da Manhã.

 

O Diário de Notícias também fez os cálculos ao provável salário da deputada do PSD, a partir do relatório e contas da Arrow, referindo que a remuneração prevista para os administradores não executivos ascende a 53 mil libras anuais (cerca de 70 mil euros, sem os bónus). "Um valor que se traduz em cinco mil euros brutos por mês, em 14 meses, que Maria Luís Albuquerque somará aos 3.426,48 euros mensais que recebe enquanto deputada sem exclusividade (aqueles que trabalham em exclusivo no Parlamento têm direito a mais 348,67 euros de despesas de representação) ", acrescenta o DN.

 

"Uma vez que a morada fiscal de Maria Luís Albuquerque é em Portugal, será aqui que a ex-ministra pagará os impostos sobre todo o rendimento. O que significa que pagará a sobretaxa máxima (3,5%) e entra no escalão de topo do IRS (acima dos 80 mil euros anuais)", sublinha o mesmo jornal.

 

Segundo apurou o CM, Maria Luís Albuquerque deverá revelar, nos próximos dias, quanto vai de facto ganhar na Arrow Global.

 

Na passada quinta-feira, 3 de Março, a Arrow Global informou, em comunicado publicado na sua página oficial, que Maria Luís Albuquerque integraria a gestora como administradora não executiva, com efeitos a 7 de Março, integrando o comité de risco e auditoria. 

 

Esta contratação marcou a agenda política do Parlamento e gerou alguma contestação, o que levou a deputada do PSD a pedir à subcomissão de ética que avalie se existe alguma incompatibilidade entre a sua contratação pela Arrow Global e os actuais e antigos cargos políticos. Nesse mesmo documento, Maria Luís reafirmou que "a situação em nada configura impedimento ou incompatibilidade com as funções que desempenhei e desempenho".

 

O PSD defendeu também que Maria Luís Albuquerque não está a violar a lei ao aceitar trabalhar para a Arrow, três meses depois de ter deixado de ser ministra das Finanças e mantendo-se na função de deputada.

 

Já o Partido Socialista não concorda com o opção da ex-ministra das Finanças, de aceitar trabalhar como gestora para a Arrow, mas, quando à revisão da lei das incompatibilidades, só está disposto a analisar. O PS disse que vai pedir a apreciação do assunto pela subcomissão de ética do parlamento, à semelhança do PCP, enquanto o BE prometeu dedicar atenção ao facto durante a comissão parlamentar de inquérito ao processo de venda do Banif.

 

Pela lei, nada proíbe um ex-titular de cargos públicos de trabalhar no sector privado, a menos que tenha participado na privatização da empresa em causa ou na atribuição de incentivos financeiros ou fiscais.

 

Maria Luís Albuquerque esclareceu que as funções que vai desempenhar na Arrow Global são "de natureza estritamente não executiva, e centradas numa avaliação dos quadros macroeconómico e regulatório europeus para enquadramento das decisões estratégicas que a empresa venha a tomar no futuro".

 

A Arrow, que gere crédito malparado, começou a investir em Portugal em 2007. E defende que Maria Luís Albuquerque não influenciou qualquer negócio da empresa britânica de gestão de crédito malparado. "A Arrow Global não tinha qualquer relação com Maria Luís Albuquerque até à nomeação. E, antes da nomeação, a Dra. Maria Luís Albuquerque não esteve envolvida em qualquer acordo ou transacção comercial envolvendo a Arrow Global ou a Whitestar", indicou ao Negócios fonte ligada à gestora britânica.

 

Esta clarificação dá-se porque em 2014 a Whitestar comprou cerca de 300 milhões de euros de crédito malparado ao Banif. Nesse ano, o banco então liderado por Jorge Tomé tinha como principal accionista o Estado português, sendo que a tutela dessa participação era da pasta das Finanças, liderada por Maria Luís Albuquerque. E, segundo o requerimento do PS, a Whitestar foi agora contratada para avaliar a carteira de crédito em risco e imóveis da Oitante, veículo de gestão dos activos do Banif que o Santander Totta não quis comprar aquando da resolução.  

 

Recorde-se que a Whitestar Asset Solutions é uma consultora independente comprada pela Arrow Global em Abril de 2015, que tem os portugueses John Calvão e João Ferreira Marques como gestores e que o PS já chamou à comissão de inquérito ao Banif para prestarem esclarecimentos sobre o tema. 

 

Segundo o DN, será no dia 24 de Março que a ex-ministra das Finanças embarcará para o Reino Unido, para a primeira reunião já com as novas funções. "Deverá ir e voltar no mesmo dia, já depois de a subcomissão de ética se pronunciar - o que se prevê que aconteça já na terça-feira - sobre se existe ou não incompatibilidade entre o cargo em que agora se estreia e o seu trabalho enquanto deputada. Um lugar que Maria Luís Albuquerque pretende continuar a ocupar", salienta o jornal.

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