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PSD defende Maria Luís no caso Arrow Global
A contratação da ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, como gestora da britânica Arrow Global está a marcar a agenda política do Parlamento.
O PSD defendeu hoje, 4 de Março, que Maria Luís Albuquerque não está a violar a lei ao aceitar trabalhar para a gestora britânica Arrow Global, três meses depois de ter deixado de ser ministra das Finanças e mantendo-se na função de deputada.
Esta decisão "em nada belisca a lei portuguesa", disse o vice-presidente social-democrata, José Matos Correia, aos jornalistas. Por este motivo, o PSD não vê necessidade para mexer na lei das incompatibilidades, como quer o Bloco de Esquerda. "Não vejo nenhuma necessidade de à boleia de acontecimentos legais estar a mexer na lei", disse.
O também deputado do PSD criticou os partidos que suportam o Governo pelas acusações que fazem desde quinta-feira, quando foi conhecida a contratação da ex-ministra das Finanças. "Quero repudiar com veemência a tentativa de aproveitamento político inaceitável" feita pelos partidos que suportam o Executivo, afirmou Matos Correia.
"Em política não vale tudo", acrescentou o deputado, explicando que Maria Luís Albuquerque já explicou os termos da contratação, através de um comunicado, e sublinhando que a ex-governante vai ter funções "não executivas de aconselhamento do ponto de vista do quadro macroeconómico".
Matos Correia disse que Maria Luís Albuquerque está disponível para dar os esclarecimentos necessários à subcomissão de ética, para onde o PCP já dirigiu um pedido de parecer.
O vice-presidente social-democrata rejeita, porém, que haja qualquer incompatibilidade na decisão da ex-governante e acrescentou que "num Estado de direito a lei é para cumprir", rejeitando a possibilidade de se fazerem juízos morais, por serem subjectivos. "O problema dos juízos morais é que cada um faz o seu", disse.
O deputado recusou a ideia de que, enquanto ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque tivesse qualquer relação com a empresa que compra dívida a bancos e empresas para depois vender.
Matos Correia acusou depois o PS de pressupor que outros tenham os mesmos comportamentos que os socialistas têm quando estão no Governo. "Percebo que o PS tenha um peso na consciência" já que quando estava no Governo "dava ordens" à Caixa Geral de Depósitos sobre os créditos que podia aceitar.
PS manteve a condenação da situação e reitera que quer que a comissão de ética se pronuncie
Em declarações aos jornalistas nos Passos Perdidos, enquanto decorria a audiência do ministro das Finaças, Mário Centeno, sobre o Orçamento do Estado para 2016, o deputado do PS João Galamba afirmou que "uma governante que, através das políticas que implementou, aumentou o crédito mal parado dos bancos e agravou a situação de insolvência de muitas famílias", vai agora trabalhar para uma instituição que ganha com essa situação - "porque este é um activo extraordinário e uma oportunidade para a empresa para a qual vai trabalhar"
Por isso, para o PS, esta parece "uma situação manifestamente insustentável para Maria luis Albuquerque, mas deve ser ela a responder". Por isso "achamos que deve ser a comissão de ética a pronunciar-se".