O primeiro-ministro não quer fazer declarações pessoais sobre a contratação de Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças do anterior Governo, pela Arrow Global, dona de uma empresa que negociou créditos com o Banif quando este era detido, na sua maioria, pelo Estado.

Em Arcos de Valdevez, o chefe do Governo escusou-se a comentar a situação da ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, afirmando tratar-se se uma questão que "diz respeito à Assembleia da República".

É no Parlamento que o tema vai ser discutido, já que a ex-ministra das Finanças pediu à subcomissão de ética para avaliar eventuais incompatibilidades, apesar de considerar que nada há de errado na contratação. Maria Luís Albuquerque vai ser administradora não executiva da Arrow Global, dona da Whitestar, uma sociedade comprada em 2015 pela Arrow que, em 2014, tinha comprado uma carteira de crédito malparado de 300 milhões ao Banif.

"A Arrow Global não tinha qualquer relação com Maria Luís Albuquerque até à nomeação. E, antes da nomeação, a Dra. Maria Luís Albuquerque não esteve envolvida em qualquer acordo ou transacção comercial envolvendo a Arrow Global ou a Whitestar", indicou ao Negócios fonte ligada à gestora britânica.

Apesar de o líder do Executivo socialista não fazer declarações, o mesmo não acontece com o PS. Carlos César, presidente e líder parlamentar do partido, pediu uma "clarificação" sobre o negócio. Já o grupo parlamentar, no seu todo, colocou o tema na agenda da comissão de inquérito ao Banif chamando os dois gestores da Whitestar. Apesar disso, não há compromissos para rever a lei das incompatibilidades. 

Aliás, o BE e o PCP já se mostraram contra a nomeação de Maria Luís Albuquerque, sendo que o Bloco também já tinha prometido levar o assunto ao inquérito ao Banif. O PSD defende a sua deputada.