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Portugal e Espanha unem-se para forçar interligações energéticas com França

"Combinámos a presença conjunta nas reuniões e pedir à Comissão Europeia que isto seja uma questão europeia e não uma questão da Península Ibérica com França", afirmou a ministra do Ambiente e Energia.

Luis Forra/Lusa
03 de Julho de 2024 às 16:10
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Portugal e Espanha chegaram esta quarta-feira a acordo para participar conjuntamente nas reuniões com França sobre as interligações energéticas. No seu terceiro encontro oficial desde que Maria da Graça Carvalho assumiu a pasta do Ambiente e da Energia no Governo de Luís Montenegro, a ministra portuguesa e a sua homóloga espanhola, Teresa Ribera ("velhas conhecidas" dos corredores de Bruxelas) uniram assim esforços para enfrentar a oposição francesa às interligações elétricas e de hidrogénio e defendem que "a questão é europeia e não só da Península Ibérica com França". 

"Combinámos a presença conjunta nas reuniões de negociação com França e pedir à Comissão Europeia que isto seja uma questão europeia e não uma questão da Península Ibérica com França", afirmou a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, em conferência conjunta com a ministra da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico de Espanha, Teresa Ribera, no Ministério do Ambiente, após uma reunião bilateral sobre diversos temas, entre os quais ambiente, gestão hídrica e energia.

Maria da Graça Carvalho, que se reuniu pela terceira vez em três meses com a homóloga espanhola (duas no Conselho Europeu e agora em Lisboa), considerou que a questão das interligações energéticas é também de extrema importância para os países do centro da Europa.

"Se queremos um mercado europeu, esta questão tem de ser resolvida e é uma questão europeia e falaremos com a senhora [Ursula] von der Leyen, que esperamos que seja reeleita [presidente da Comissão Europeia] no dia 18, para que nos ajude neste desígnio do mercado europeu de eletricidade e de energia", afirmou a ministra portuguesa, lembrando os "momentos muito duros durante a crise energética, em que mostrámos como é possível sobreviver aos preços altos da eletricidade". 

"As renováveis exigem mais interligações entre os países e a modernização das infraestruturas é urgente", disse Maria da Graça Carvalho, dizendo também que os dois países vão desenvolver em conjunto os mecanismos no novo mercado elétrico europeu, como os PPA e outros contratos de compra e venda de energia. "Espanha e Portugal querem fazer parte da segurança energética da Europa. Nas renováveis e no hidrogénio somos os que mais avançamos", disse.

Já Teresa Ribera lembrou que durante a crise energética, agravada pela invasão russa da Ucrânia, Espanha e Portugal não puderam ajudar mais os restantes países europeus "porque tinham uma interconexão débil" com o resto da Europa.

Portugal e Espanha estão a desenvolver um projeto para aumentar a capacidade de interligação entre as regiões do Minho e da Galiza, possibilitando um funcionamento mais eficaz do mercado ibérico de eletricidade (Mibel), estando ainda previstas ligações entre Espanha e França, nomeadamente pelo Golfo da Biscaia.

O gasoduto entre as cidades espanhola de Barcelona e francesa de Marselha (BarMar) para transporte de energia entre a Península Ibérica e França foi anunciado em 2022 e estima-se que possa levar cinco a sete anos para ser construído.

Em outubro de 2022, Portugal e Espanha chegaram a acordo com França para a construção de novas ligações para transportar hidrogénio verde, uma entre Celorico da Beira e Zamora (CelZa) e outra entre Barcelona e Marselha (BarMar), num projeto denominado H2MED.

Apesar de defender que, para já, a produção de hidrogénio deve ser para consumo local, pela indústria sobretudo, Portugal deve continuar a apostar na possibilidade de transportar este gás renovável para o centro da Europa, "onde há uma maior procura". 

No que diz respeito ao projeto BarMar, a ministra diz que os promotores têm ainda de submeter os seus projetos, para que possa ser cumprido o compromisso de respeitar o calendário estabelecido. "Não podemos garantir quando é que este projeto vai avançar, mas vamos fazer tudo fazer para cumprir calendários e tentar que tudo aconteça sem sobressaltos", disse a ministra, que foi apoiada pela sua homóloga espanhola. "Queremos ser ágeis e respeitar o calendário, mas não podemos avançar um dia exato". 

Quanto ao hidrogénio, Ribera disse estar muito otimista em relação ao papel de Espanha e Portugal. "Sabemos que há quem diga que não vai funcionar, mas creio que os dois países são potências energéticas e por isso vão contribuir para a  transição energética europeia. Há limites mínimos para as interligações que são absolutamente necessários. A Península Ibérica neste momento é uma ilha energética e neste momento a região que menos interligações tem. Daí que seja necessário mantermos uma posição conjunta face a França", rematou.
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