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Envios diários de água dessalinizada em camiões tanque, a partir de uma estação localizada em Valência, é a solução que a ministra da Transição Ecológica, Teresa Ribera, levará ao encontro que terá nesta segunda-feira, em Barcelona, com o conselheiro catalão para a Ação Climática, David Mascort.
Segundo o El País, se continuar a não chover, a ministra propõe enviar para Barcelona até sete hectómetros cúbicos de água [o correspondente a 2800 piscinas olímpicas], para enfrentar o verão. A comunidade entrou em estado de emergência na passada sexta-feira, estendendo as restrições de uso de água a 80% da população.
O Governo da Catalunha já preparou um plano para poder fretar petroleiros se necessário devido ao agravamento da seca na região. Além disso, David Mascort garantiu ao diário espanhol que o Porto de Barcelona já foi condicionado para poder receber dois navios com água por dia. Paralelamente, o presidente da Generalitat Valenciana, Carlos Mazón, afirmou no último sábado que é "a favor da solidariedade hídrica entre as regiões, uma solidariedade que deve ser oficialmente alargada a toda a Espanha".
A questão era de onde viria a água, o que colocou em alerta alguns representantes políticos de outras comunidades. Segundo fontes da Transição Ecológica, a resposta está na rede de dessalinizadoras que a empresa pública Acuamed tem na costa mediterrânica. Algumas estações estão a operar em plena capacidade.
Segundo o El País, a estação de tratamento escolhida está localizada em Sagunto. Para que a solução seja acionada, ainda é necessário realizar alguns procedimentos para que a estação opere na sua capacidade máxima.
A administração salienta que poderão ser direcionados até sete hectómetros cúbicos para Barcelona com dois navios por dia para enfrentar o verão, embora esse número dependa da evolução das chuvas. O consumo da cidade de Barcelona, em 2022, foi de 91,5 hectómetros cúbicos.
A opção de trazer água em barcos é o último recurso da administração. No total, quase seis milhões de habitantes (perto de 80% da população catalã) têm restrições de consumo doméstico, como não ultrapassar os 200 litros por dia. A restrição na agricultura é de 80% e na indústria de 25%, salienta o jornal. A região está a sofrer a mais longa seca alguma vez registada.
Recorde-se que no caso da Andaluzia, também em seca, uma das hipóteses em cima da mesa poderia ser vir buscar água à barragem do Alqueva. Uma hipótese que, para Joaquim Poças Martins, especialista em gestão hídrica, não é possível de ser concretizada. Isto porque Portugal "não tem condições" para ceder água a Espanha, explicou ao Negócios. Poças Martins ressalta que este "é o maior lago artificial da Europa, mas não é o mar e está a ser muito solicitado".
O especialista sublinha que Portugal também está a atravessar uma situação grave de falta de água, sobretudo no Algarve. "A água não chega para os usos atuais. O Algarve está pior do que o Alentejo e queria, neste momento, estar ligado ao Alqueva", portanto, "a resposta neste momento é que não temos água que chegue no sul de Portugal".