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Herdade do falido e condenado “rei das farmácias” em leilão online por 2,8 milhões
A venda dos 430 hectares de terreno da Herdade do Mourão surge no âmbito do PER da Farmácia Alcântara Guerreiro, a partir da qual Nuno Alcântara Guerreiro conseguiu o domínio e usou 63 milhões de euros de 30 farmácias em benefício próprio, tendo sido condenado a quase oito anos de prisão.
À entrada deste século, Nuno Alcântara Guerreiro assumia o negócio dos pais, a Farmácia Alcântara Guerreiro, em Oeiras, tendo traçado um plano criminoso para comprar outras.
Hoje com 60 anos, o farmacêutico fez fortuna entre 2000 e 2010, tendo adquirido três dezenas de farmácias em nome de testas de ferro.
Foi apanhado em março de 2012, quando viu a Judiciária entrar em sua casa e apreender toda a frota de carros e iates de luxo, que foram comprados com o dinheiro dos desfalques às farmácias.
O "rei das farmácias", como ficou conhecido, viria a ser condenado em outubro de 2022 a sete anos de prisão por crimes de abuso de confiança, insolvência dolosa, branqueamento de capitais e fraude fiscal.
O tribunal deu como provado que Nuno Alcântara Guerreiro terá usado o dinheiro das farmácias, cerca de 63 milhões de euros, em benefício próprio, prejudicando as sociedades, muitas das quais foram à falência, para comprar carros topo de gama (de marcas como Ferrari, Porsche, Lamborghini, Jaguar, Austin Martin, Bentley e BMW), vários imóveis, joias, relógios e obras de arte.
"Contrariamente ao que procuraram sustentar, o arguido e algumas testemunhas, o tribunal verificou, pela análise critica e conjugada, de acordo com as regras da lógica e da experiência, de toda a prova produzida, que as causas daquele desmoronamento foram, por um lado, a sistemática violação das mencionadas regras legais associadas ao negócio das farmácias, com reflexo nas sistemáticas falsidades contabilísticas e, por outro lado, os sistemáticos desvios patrimoniais traduzidos no uso em proveito próprio ou alheio do património daquelas sociedades", lê-se no acórdão.
Além da pena de prisão, Nuno Alcântara Guerreiro foi ainda condenado a pagar dois milhões de euros em indemnizações cíveis, tendo ficado no acórdão determinada a perda de todos os bens apreendidos a favor do Estado.
Entretanto, no âmbito do Processo Especial de Revitalização (PER) da Farmácia Alcântara Guerreiro, foi agora colocado em leilão eletrónico um dos mais exóticos ativos desta sociedade – a Herdade do Canhão, que se estende por 430 hectares de terreno, caracterizados por vinha, olival, cereais, azinhal e duas albufeiras.
O preço base de venda é de 2,8 milhões de euros, tendo o valor de abertura sido fixado em dois milhões.
"O imóvel situa-se em Mourão, a capital do Alqueva, numa das zonas mais valorizadas do território alentejano. A sua localização estratégica é reforçada pela proximidade à fronteira com Espanha, a apenas 15 minutos do acesso rodoviário ao país vizinho", enfatiza a Leilosoc, leiloeira responsável pelo leilão, em comunicado.
(Notícia atualizada às 10:21)