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A Mundial atolou-se em dívidas e deixou 55 desempregados. Soma quatro leilões desertos

A fábrica de calçado de Felgueiras, que faliu com dívidas de 4,6 milhões de euros a 231 credores, tendo o Estado ficado “a arder” com 764 mil euros, esteve pela quarta vez em leilão online, por um valor de 448 mil euros, mas nem uma só licitação rececionou.

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Desde sempre instalada em Regilde, concelho de Felgueiras, ficou conhecida no mercado como  Fábrica de Calçado A Mundial.

Constituída como empresário em nome individual Manuel Lopes, em 1939, vindo a assumir-se como sociedade Manuel Lopes & Lopes em 1975, era uma das mais antigas produtoras de um setor que se apresenta ao mundo como a "Indústria mais sexy da Europa".

Depois de, em janeiro de 2018, invocando "uma situação de desequilíbrio financeiro", ter aderido ao Processo Especial de Revitalização (PER), no âmbito do qual viu aprovado e homologado um plano de recuperação, A Mundial viria a ser decretada insolvente no penúltimo verão.

"Sucede que, alegando o contexto macroeconómico recente (covid-19), ‘Brexit’, guerra na Ucrânia, a inflação e a subida dos preços da energia e matéria-prima, bem como as taxas de juro), com repercussões no volume de encomendas e liquidez, a empresa veio, em 19 de julho de 2023, manifestar a impossibilidade de cumprir com as obrigações assumidas no plano para com os credores, requerendo a sua declaração de insolvência, que veio a ser decretada por sentença proferida a 20 de julho de 2023", relata, no seu relatório, o administrador de insolvência da empresa, Miguel Matos Torres.

Em PER, A Mundial contava 77 trabalhadores e uma faturação da ordem dos cinco milhões de euros, que era integralmente gerada nas exportações, nomeadamente em Inglaterra, Austrália, Holanda, Canadá e França.

Acabou por entrar em processo de insolvência após ter fechado 2022 com vendas de 4,5 milhões de euros e prejuízos 557 mil euros.

Em "situação de falência técnica", a empresa "não possui liquidez, nem crédito para obter liquidez que lhe permita ultrapassar a grave situação de endividamento em que se encontra", pelo que o administrador de insolvência da Manuel Lopes & Lopes "cessou, através de procedimento  de despedimento coletivo, os contratos de trabalho dos 55 trabalhadores ao serviço da empresa", tendo a fábrica sido encerrada e o processo seguido para liquidação do ativo.

As instalações que corporizaram a antiga Fábrica de Calçado A Mundial já foram colocadas em leilão eletrónico quatro vezes, com o preço sucessivamente revisto em baixa, mas sem sucesso.

O último  leilão online encerrou esta quinta-feira, pelas 15 horas, sem ter registado uma só licitação. O valor mínimo de venda estava fixado em cerca de 448 mil euros.

A fábrica, o armazém e a área de escritórios totalizam 943 mil metros quadrados, a de outro armazém e zona de refeitório 600 metros quadrados, a que acresce rústicos com quase dois mil metros quadrados.

Em sede de insolvência, foram reconhecidas dívidas de 4,6 milhões de euros a um total de 231 credores, com o Estado à cabeça, tendo a haver um total de 764 mil euros – créditos de 503 mil euros da CGD,  138 mil da Segurança Social e 123 mil do Fisco.

No topo da lista de credores estão também entidades bancárias como o Santander (569 mil euros), o Banco Popular (438 mil euros) e o BCP (145 mil euros).

 

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