Notícia
Trinity Porto inaugurado à Patron após regenerar antigo shopping fantasma com cinco milhões
O ex-Trindade Domus, comprado pela portuguesa Finangeste e pela britânica Patron Capital por 40,5 milhões de euros ao Novo Banco – que se viu envolvido numa falência de 85 milhões -, é agora sede de várias empresas nacionais e internacionais, inclui retalho e um jardim suspenso.
Esta é a história da intervenção numa antiga pedreira, situada nas traseiras dos Paços do Concelho do Porto, que começa em 1968, ano em que Oliveira Salazar cai de uma cadeira e é substituído por Marcelo Caetano à frente do Conselho de Ministros, quando a autarquia da Invicta adjudica o projeto de construção de um edifício na chamada Pedreira da Trindade ao arquiteto Bento Lousan. Mas o acordo viria a ser rasgado, já nos anos 80, tendo o caso seguido para tribunal, com Lousan a ser indemnizado pela Edilidade.
Em 1992, em hasta pública, a Câmara do Porto vendeu o terreno da pedreira por 6,5 milhões de euros ao empresário Martinho Tavares, ficando detentora de um terço do futuro imóvel. Em junho do mesmo ano, associado à construtora francesa Euro-Jafip, Tavares arrancava com a obra. Mas eis que, quatro anos depois, o parceiro gaulês foi à falência e a empreitada parou.
No final do ano 2000, a autarquia tomou posse administrativa do esqueleto do prédio, mas no ano seguinte Tavares tornou-se novamente dono do edifício através de um acordo com o município, pagando-lhe seis milhões de euros pela parcela municipal e saldando a dívida de 6,5 milhões à CGD.
As obras de construção recomeçaram em janeiro de 2002, mas viriam novamente a parar, tendo sido retomadas no início de 2005.
Após vários pára-arranca e novos acordos com a Câmara do Porto, o edifício, batizado como Trindade Domus, num investimento de 65 milhões de euros, viria a ser inaugurado em janeiro de 2008.
Pouco tempo depois de abrir portas, o Trindade Domus era englobado num processo de insolvência apresentado contra Tavares e a sua esposa, com os créditos reclamados – num arresto de cerca de 80 imóveis – a atingirem os 85 milhões de euros, e com o antigo Banco Espírito Santo (BES) a surgir como o maior credor hipotecário.
Sem sucesso, nos primeiros anos não passou de um centro comercial fantasmagórico, com apenas meia dúzia de lojas abertas.
Vendido pelo Novo Banco por 40,5 milhões após a chegada da pandemia
Nas mãos do Novo Banco, que herdou este ativo do BES, o Trindade Domus foi vendido, no verão de 2020 – ou seja, pouco tempo depois da chegada da pandemia de covid-19 a Portugal -, por 40,5 milhões de euros, a uma "joint venture" formada pela portuguesa Finangeste e pela britânica Patron Capital.
3 de julho de 2024: "Depois de terminadas as obras de reabilitação do Trinitiy Porto (antigo Trindade Domus) situado junto à Câmara Municipal do Porto e à estação de metro da Trindade, no Porto, a inauguração oficial deste espaço decorreu no passado dia 27 de junho", revela a Finangeste, em comunicado.
Com 21 mil metros quadrados de área de escritórios e retalho, aos quais acresce seis mil de área de estacionamento público, os proprietários do Trinity Porto inauguraram o renovado empreendimento após uma obra de reabilitação nas áreas comuns, escritórios e retalho, num investimento total da ordem dos cinco milhões de euros.
O novo Trinity Porto incluiu uma nova receção, "lounge", esplanada, novos escritórios e, ainda, um jardim suspenso de três mil metros quadrados, da autoria da XSCAPES Arquitetura Paisagista e que foi intervencionado com uma obra de arte urbana - o projeto Ruído (artistas Frederico Soares Campos "Draw" e Rodrigo Guinea Gonçalves "Contra"), uma parede de escaladas, além de áreas de lazer ao ar livre.
"Com forte compromisso com a sustentabilidade, tecnologia e a inovação, recorreu-se à tecnologia LED nos equipamentos de iluminação exterior, introduzindo vantagens significativas como a redução de consumos em cerca de 80%", realça a Finangeste.
"Atentos aos requisitos de sustentabilidade, o edifício está em processo de certificação BREEAM com vista a obtenção da classificação de Muito Bom e ICRREM (Carbon Risk Real Estate Monitor, Maintain & Use) estando a percorrer o caminho para a descarbonização", enfatiza.
Após as obras de reabilitação, instalou-se neste espaço a nova loja da Padaria Portuguesa, a Planet Payment, empresa de pagamentos criada na Irlanda há mais de 30 anos e em franco crescimento global, a KEO Consultores Internacionais, entre outras.
A obra de reabilitação do edifício foi levada a cabo pela Cari, com gestão de projeto da 3.5G/Alphalink, projetos de arquitetura dos gabinetes de arquitetura Ferreira de Almeida Arquitetos e SFRG Architects, projetos de engenharia da GEG e projeto de iluminação exterior da Lightplan.
A portuguesa Finangeste gere atualmente mais de mil milhões de euros de ativos no nosso país, enquanto a Patron afiança que representa aproximadamente cinco mil milhões de euros de capital em vários fundos e coinvestimentos, detendo escritórios em várias cidades da Europa, incluindo Londres, Barcelona, Luxemburgo e Lisboa.