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Resultados da banca dos EUA alimentam otimismo na Europa
Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados desta terça-feira.
Resultados da banca dos EUA alimentam otimismo na Europa
As bolsas europeias terminaram a sessão desta terça-feira pintadas de verde, isto depois de os bons resultados trimestrais da banca norte-americana terem contagiado o sentimento no setor europeu, que atingiu esta tarde máximos históricos. Além disso, a possível pausa das tarifas sobre o setor automóvel também impulsionou as fabricantes europeias cotadas.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse esta segunda-feira que está a estudar a possibilidade de isenções temporárias aos direitos aduaneiros sobre veículos e peças importados, para dar mais tempo às empresas automóveis para instalarem a sua produção nos EUA.
O "benchmark" para a negociação europeia, o Stoxx 600, encerrou a sessão a valorizar 1,63% para 508,06 pontos, com todas as praças e setores no verde, à exceção dos "housegoods". Os setores da banca e imobiliário foram os que mais influenciaram a subida do Stoxx, com subidas que rondaram os 3%.
Na banca, os lucros acima do esperado de nomes como Bank of America e o Citigroup alimentaram o otimismo das congéneres europeias: o setor subiu 2,8%, impulsionado por empresas como Societe Generale, o Commerzbank e o Santander que subiram à volta dos 4%. O UniCredit saltou também mais de 3%.
No automóvel, o salto deve-se sobretudo à Stellantis, que ganhou 6,5%, a Ferrari somou mais de 1% e a Michelin saltou 2,5%.
Do lado das perdas, o destaque foi para o setor de luxo, que afundou mais de 3% (segundo o índice da Goldman Sachs), à boleia da LVMH, que mergulhou quase 8% após ter apresentado os lucros do primeiro trimestre que ficaram aquém das expetativas, o que levou também a que a "holding" perdesse o trono de empresa de luxo mais valiosa da Europa para a concorrente Hermès em valor de mercado pela primeira vez.
Os resultados da LVMH espelham ainda a fraca procura de produtos de luxo por parte da China e dos EUA, aliada à guerra comercial em curso. "No que diz respeito ao luxo, não me surpreenderia se a pressão se mantivesse pelo menos até ao resto do ano", afirmou Eric Bleines, gestor da Swisslife Gestion Privée, à Reuters.
Já a Ericsson saltou 7,9% após os lucros terem superado as estimativas dos analistas, isto depois de as operadoras terem aumentado os gastos com o equipamento 5G da empresa.
Nos semicondutores, a BE Semiconductor NV escalou 13% depois de a Applied Materials ter adquirido uma participação de 9% na fabricante holandesa de equipamentos de "chips".
Entre os principais índices, o alemão DAX subiu 1,43%, o britânico FTSE ganhou 1,41% e o francês CAC acelerou 0,86%. Ainda, o espanhol IBEX somou 2,14%, o neerlandês AEX valorizou 2,12% e o italiano FTSE MIB somou 2,39%.
Juros agravam-se na Zona Euro, mas "Gilts" escapam
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro agravaram-se esta terça-feira, já que a União Europeia e os EUA parecem ter feito poucos progressos durante as negociações desta semana, para resolver as diferenças dos dois blocos quanto à guerra comercial. Assim, Bruxelas antecipou que a maioria das tarifas anunciadas por Donald Trump, atualmente "em pausa", se mantenha.
A "yield" das Bunds alemãs a dez anos, que servem de referência para a região, subiram 2,3 pontos base para 2,530%, enquanto os juros das obrigações francesas, com a mesma maturidade, avançaram 2,2 pontos para 3,291%.
Já nos países do sul da Europa, a "yield" da dívida soberana portuguesa aumentou 3,1 pontos para 3,118%, a espanhola somou 2,9 pontos para 3,237%, enquanto os juros das obrigações italianas agravaram-se 3,8 pontos para 3,713%.
Fora da Zona Euro, os juros das Gilts britânicas foram em contraciclo e cederam 1,6 pontos para 4,646%, enquanto a "yield" das Tresuries norte-americanas aliviou em 3,5 pontos para 4,339%.
Dólar recupera após sinais de alívio nas tarifas de Trump
O dólar recupera contra as principais rivais esta terça-feira, depois dos sinais da Administração Trump de que poderá haver alguma flexibilidade na aplicação de tarifas, especificamente no setor automóvel, e da isenção temporária sobre produtos eletrónicos.
O índice do dólar, que mede a força da moeda contra um cabaz das principais divisas, sobe 0,55% para 100,19, enquanto o euro recua 0,75% para 1,1268 dólares. Contra o iene, o dólar sobe 0,2% para 143,19 ienes.
As tarifas parecem ter resultado numa perda de confiança nos ativos dos EUA que eram encarados como ativos seguros, como o dólar e as obrigações, assinala o economista Jonas Goltermann, da Capital Economics, ao WSJ.
Contudo, a economia deve evitar uma recessão e a Reserva Federal (Fed) vai manter as taxas de juro ao longo do ano, alterando os diferenciais de taxas em favor do dólar, refere.
Já o estratega da Pepperstone Michael Brown refere que as vendas do dólar devem continuar, uma vez que a moeda não está a agir como um ativo seguro e a ideia do "excecionalismo" dos EUA está "morta".
Ouro ganha terreno como ativo-refúgio. Incerteza com tarifas continua
O ouro está a subir esta terça-feira, ainda a beneficiar do seu papel como ativo seguro num momento em que a incerteza em relação às tarifas dos EUA continua a dominar o sentimento do mercado.
O metal amarelo ganha 0,32% para 3.221,3 dólares por onça. O ouro tem tido mesmo um dos melhores arranques de ano de sempre: desde o início do ano já valorizou 23% e atingiu consecutivos recordes.
A impulsionar os preços do metal está ainda um dólar norte-americano mais fraco, que torna o ouro mais barato para compradores estrangeiros.
"Os 'traders' aguardam o próximo grande desenvolvimento que impulsionará o mercado do ouro, mas o cenário permanece otimista. Ainda há muita peocura por ativos de refúgio", disse Jim Wyckoff, analista da Kitco Metals, à Reuters.
Petróleo cede após AIE e bancos cortarem previsões de procura
Os preços do "ouro negro" estão a registar recuos esta tarde numa sessão bastante volátil, enquanto os investidores avaliam os mais recentes desenvolvimentos na política comercial dos EUA. Na noite desta segunda-feira, foi noticiado que a Casa Branca estará a avaliar o impacto da implementação de tarifas sobre "chips" e produtos médico-farmacêuticos importados.
Entre avanços e recuos, as medidas de Donald Trump estão a causar confusão nos mercados, que tentam perceber se a guerra comercial entre os EUA e a China - o maior importador de crude do mundo - vai aumentar e que impacto terá na procura por petróleo.
O Brent – que serve de referência para o mercado europeu – cai 0,39% para 64,63 dólares por barril. Já o West Texas Intermediate (WTI) – utilizado no mercado norte-americano – desvaloriza 0,36% para 61,31 dólares. Só em abril, as cotações já escorregaram 14%.
Depois de a OPEP reduzir a sua previsão sobre a procura por crude, esta terça-feira foi a vez de a Agência Internacional de Energia fazer o mesmo. A AIE diz que este ano a procura vai registar o menor crescimento dos últimos cinco anos, com a mesma justificação: as preocupações que emergem sobre o crescimento económico dos países com as tarifas de Trump.
Esta incerteza fez ainda com que vários bancos, como o UBS, o BNP Paribas e o HSBC reduzissem as previsões de preços para 2025 e 2026. O UBS, por exemplo, acredita que, "se a guerra comercial se intensificar ainda mais, o nosso cenário de risco negativo - ou seja, uma recessão mais profunda nos EUA e um forte abrandamento na China - pode fazer com que o Brent seja negociado a 40-60 dólares por barril nos próximos meses", escreveu o analista Giovanni Staunovo, citado pela Reuters.
Wall Street sem rumo defindo enquanto mercado avalia vai-e-vem das tarifas
As bolsas norte-americanas arrancaram a sessão sem tendência definida e de forma bastante volátil, numa altura em que o otimismo em relação à isenção das tarifas da Casa Branca sobre componentes automóveis parece continuar a dominar o sentimento do mercado. Ao mesmo tempo, a travar os índices de maiores ganhos está a notícia de que o Presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu impôr tarifas sobre as importações de produtos médico-farmacêuticos e semicondutores.
Assim, com o vai-e-vem de notícias e políticas comerciais, as bolsas norte-americanas arrancam sem rumo definido mais uma sessão que se prevê de grande volatilidade. "Tivemos um dia muito bom ontem, sem muitos dados, e avançamos bastante desde a passada quarta-feira. É natural neste momento apenas respirar, talvez até recuar", disse Mark Hackett, da Nationwide, à Reuters.
O foco dos investidores segue ainda para os resultados empresariais que as grandes cotadas norte-americanas começam a apresentar. As contas vão ser monitorizadas de perto pelos economistas e analistas para tentar perceber se as tarifas já têm algum impacto e como é que as empresas lidam com a mudança na política comercial.
A esta hora, o S&P 500 salta 0,24% para 5.418,95 pontos, o tecnológico Nasdaq Composite sobe 0,27% para 16.876,16 pontos, enquanto o industrial Dow Jones valoriza 0,16% para 40.590,61 pontos.
Entre os principais movimentos empresariais, o Bank of America sobe quase 5% após ter anunciado lucros acima do espero no primeiro trimestre. O mesmo acontece com o Citigroup, que soma 2,5%.
Em contraciclo, a Boeing cede mais de 1% depois de a China ter ordenado às companhias aéreas para recusarem receber entregas da empresa americana.
Já a Netflix ganha 3,4% após o Wall Street Journal ter noticiado que a empresa quer duplicar as receitas e atingir o um bilião de dólares em capitalização de mercado até ao final da década.
Com a notícia das tarifas sob o setor médico-farmacêutico, as empresas dividem-se: a Johnson & Johnson cai 0,5%, enquanto a Pfizer sobe 2%.
Taxa Euribor sobe a três e a seis meses e mantém-se a 12 meses
A taxa Euribor subiu hoje a três e a seis meses e manteve-se a 12 meses em relação a segunda-feira.
Com as alterações de hoje, a taxa a três meses, que avançou para 2,263%, ficou acima da taxa a seis meses (2,214%) e da taxa a 12 meses (2,126%).
A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, subiu hoje, ao ser fixada em 2,214%, mais 0,002 pontos.
Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a fevereiro indicam que a Euribor a seis meses representava 37,52% do 'stock' de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,50% e 25,72%, respetivamente.
No prazo de 12 meses, a taxa Euribor manteve-se, ao ser fixada de novo em 2,126%, o mesmo valor da sessão anterior.
A Euribor a três meses, que está abaixo de 2,5% desde 14 de março, avançou hoje, ao ser fixada em 2,263%, mais 0,011 pontos.
A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se esta semana, em Frankfurt.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, deu a entender que a instituição está preparada para interromper os cortes das taxas de juro em abril.
Como antecipado pelos mercados, o BCE decidiu na reunião de março reduzir, pela quinta vez consecutiva em seis meses, as taxas de juro diretoras em um quarto de ponto, para 2,5%.
Em termos mensais, a média da Euribor em março voltou a descer a três, a seis e a 12 meses, mas menos intensamente do que nos meses anteriores.
A média da Euribor a três, a seis e a 12 meses em março desceu 0,083 pontos para 2,442% a três meses, 0,075 pontos para 2,385% a seis meses e 0,009 pontos para 2,398% a 12 meses.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
Lusa
Europa acelera com ajuda do setor automóvel. LVMH afunda mais de 6%
As bolsas europeias arrancaram a sessão desta terça-feira pintadas de verde, com o setor automóvel a dar gás às principais praças da região. No entanto, a negociação está a ser manchada pelas grandes quedas registadas pela gigante de luxo LVHM, que viu a sua faturação cair no primeiro trimestre do ano.
A esta hora, o "benchmark" para a negociação europeia, Stoxx 600, avança 1,08% para 505,31 pontos, apagando quase todas as perdas que registou desde o início do ano. As fabricantes automóveis são as principais responsáveis pelos ganhos europeus esta manhã, com a Stellantis a encabeçar os ganhos do setor e a acelerar quase 5%.
A administração Trump está a ponderar isentar, de forma temporária, as fabricantes automóveis das tarifas de 25% anunciadas no início do mês. "Estou a pensar numa forma de ajudar algumas empresas de automóveis. [As fabricantes] precisam de algum tempo para se adaptarem", revelou o Presidente norte-americano aos jornalistas.
Apesar do "rally" que se regista no setor automóvel esta manhã, e que está a fazer com que o principal índice alemão, o DAX, lidere os ganhos europeus (+1,49%), as ações de luxo estão a limitar maiores valorizações. Isto, depois de a faturação da dona de marcas como a Louis Vuitton ter caído 2% no primeiro trimestre de 2025 para 20.311 milhões de euros.
A empresa fala de "uma boa resiliência" nas suas diversas marcas e setores de negócio, mas os investidores parecem discordar. Neste momento, a LVMH está a afundar 6,38% - chegou a cair mais de 8% - e a arrastar o restante setor de luxo para território bastante negativo. Empresas como a Richemont, Kering e Moncler perdem entre 0,77% e 2,17%.
"No setor de luxo, eu não ficaria surpreendido que a pressão se mantenha pelo menos pelo resto do ano", começa por explicar Eric Bleines, gestor da Swisslife Gestion Privée. "Os resultados destas empresas vão ser fundamentais para perceber o futuro", acrescenta, com o impacto da guerra comercial ainda a ser medido.
Entre as principais praças europeias, Madrid avança 0,99%, Paris cresce 0,40%, Londres valoriza 0,93%, Amesterdão salta 1,40%, enquanto Milão regista um acréscimo de 1,37%.
Juros aliviam na Zona Euro com mercados a estabilizarem
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro continuam a aliviar esta terça-feira, numa altura em que a procura por ativos de risco está a estabilizar, após semanas de muita volatilidade. A contribuir para o sentimento está uma possível pausa nas tarifas ao setor automóvel por parte dos EUA, com Donald Trump a sinalizar maior abertura para negociar com os seus parceiros comerciais.
A "yields" das "Bunds" alemã a dez anos, que servem de referência para a região, recuam 1,1 pontos base para 2,496%, enquanto os juros das obrigações francesas, com a mesma maturidade, cedem 1,8 pontos para 3,251%.
Já nos países do sul da Europa, a "yield" da dívida soberna portuguesa desliza 1 ponto para 3,078%, a espanhola alivia 1,2 pontos para 3,197%, enquanto os juros das obrigações italianas perdem 0,5 pontos para 3,670%.
Na sessão de segunda-feira, a Itália liderou as descidas no mercado obrigacionista, com os juros a recuarem mais de 13 pontos, depois de o S&P Global Ratings ter aumentado o "rating" da dívida do país para BBB+, citando uma melhoria nos indicadores económicos do país numa altura em que crescem os ventos contrários a nível externo.
Fora da Zona Euro, os juros das "Gilts" britânicas cedem 3,4 pontos para 4,627%, enquanto a "yield" das "Tresuries" norte-americanas avança 0,2 pontos para 4,376%.
Ouro perto do máximo carrega "ansiedade" de novas tarifas
Depois de, esta segunda-feira, ter escorregado, o ouro volta a aproximar-se do máximo histórico atingido na sessão de abertura da semana, beneficiando da ansiedade que os planos dos Estados Unidos de avançarem com novas tarifas gerou junto dos investidores.
O preço do metal amarelo em barras subiu para 3.222 dólares por onça, ou seja, estava a menos de 30 dólares abaixo do "pico" atingido na segunda-feira (3.245,75 dólares), estando, por esta hora, a valorizar 0,40% para 3,223.82.
Desde o início do ano, o preço do ouro, considerado um refúgio em tempos de incerteza, escalou mais de um quinto impulsionado pela guerra comercial, que reduziu as perspetivas de crescimento para a economia mundial, corroeu a confiança em ativos, regra geral seguros, dos Estados Unidos, incluindo títulos de tesouro, e trouxe turbulência aos mercados financeiros, sinaliza a Bloomberg.
E não há sinais de que o apetite pelo ouro vá diminuir. Na semana passada, o banco suíço UBS reviu em alta o seu "target" para o preço ao longo de 2025, que coloca agora nos 3.500 dólares, enquanto o Goldman Sachs antecipa que venha a ascender aos 4.000 dólares por onça em meados de 2026.
Dólar recupera mas continua com dificuldades em afirmar-se
O dólar está a recuperar ligeiramente das quedas registadas nas últimas sessões, que atiraram a divisa norte-americana para mínimos de três anos face ao euro e de seis meses face ao iene. A guerra comercial continuar a definir o sentimento de negociação, com os investidores a terem dificuldade a encontrar uma direção clara nas políticas de Donald Trump.
A esta hora, o euro recua 0,08% para 1,1342 dólares, enquanto a "nota verde" recupera 0,26% para 143,43 ienes. A turbulência das últimas semanas nos mercados afastou os investidores de ativos norte-americanos e abalou a confiança dos mercados no dólar, que, até agora, era considerado o ativo de refúgio predileto dos investidores no mercado cambial.
"Na semana passada, tudo girava em torno da desalavancagem, da liquidação e da realocação de ativos dos EUA. O tom desta semana é mais calmo", explica Prashant Newnaha, analista da TD Securities. "As declarações de alguns membros da Reserva Federal (Fed), que sugerem que o banco central está a olhar para além da inflação, estão a ajudar a acalmar os ânimos", remata.
Na segunda-feira, o membro do Conselho de Governadores da Fed, Christopher Waller, afirmou que as tarifas de Trump podem levar a um grande choque na economia norte-americana. O economista indicou que o banco central está pronto a agir neste contexto, cortando os juros para evitar uma recessão – mesmo que a inflação continue elevada.
Os investidores esperam, agora, pelo menos mais de três reduções nos juros diretores até ao final do ano, de acordo com dados da LSEG. O último "dot plot" da Fed, que ainda não tinha em consideração a escala da guerra comercial iniciada pelos EUA, apontava para apenas dois.
Petróleo continua a percorrer "caminho lento de recuperação"
O barril de petróleo está a negociar em território positivo, depois de ter registado uma sessão de ganhos modestos na segunda-feira. Os investidores continuam a avaliar o impacto das tarifas na economia mundial, numa altura em que Donald Trump deixa cada vez mais aberta a porta de negociações com os seus parceiros comerciais.
O Brent – que serve de referência para o mercado europeu – avança 0,48% para 65,19 dólares por barril. Já o West Texas Intermediate (WTI) – utilizado no mercado norte-americano – valoriza 0,54% para 61,86 dólares.
"O mercado estabilizou por agora e o crude está a percorrer um caminho lento de recuperação", explica Huang Wanzhe, analista da Dadi Futures, à Bloomberg. "Com a primeira ronda de tarifas já basicamente incorporada no mercado, os investidores preparam-se agora para a próxima fase", acrescenta.
Na frente geopolítica, as negociações entre EUA e Irão continuam a dominar as atenções do mercado petrolífero. Representantes de topo dos dois países encontraram-se pela primeira vez desde 2022 para discutir o programa nuclear iraniano.
Washington insiste que Teerão não deve poder ter armas nucleares e, para demover o país de as continuar a produzir, tem imposto uma série de sanções contra o petróleo iraniano. No entanto, um alívio ou, até mesmo, fim destas medidas pode estar no horizonte. Os dois lados vão encontrar-se outra vez em Roma, aumentando a possibilidade de o Irão começar a introduzir mais petróleo no mercado.
"As negociações entre os EUA e o Irão não trouxeram muitos detalhes ao mercado, mas os investidores vão estar bastante atentos a qualquer sinal que possa sair destas conversações na próxima ronda, agendada para sábado", afirma ainda Wanzhe.
Pausa nas tarifas ao setor automóvel dá gás ao Japão. Europa aponta para a correção
As perspetivas de uma pausa nas tarifas sobre o setor automóvel animaram as bolsas japonesas. Donald Trump admitiu a possibilidade de dar um passo atrás na sua política comercial na segunda-feira, embora a sua administração tenha avançado nos planos para impor taxas aduaneiras a semicondutores e fármacos.
Os índices japoneses foram os que mais beneficiaram com esta possível isenção, com empresas como a Toyota e a Honda a saltarem cerca de 4%. Os dois índices de referência nipónicos encerraram a sessão em território positivo, com o Nikkei 225 e o Topix a crescerem 0,85% e 1,05%, respetivamente.
"Trump está a mostrar alguns sinais de flexibilidade em relação à sua política comercial e isto está a trazer alguma consolidação ao mercado", explica Yusuke Sakai, analista da T&D Asset Management. Os mercados globais arrancaram a semana a recuperar de uma série de sessões bastante voláteis, que apagaram mais de 10 biliões de dólares das bolsas mundiais.
No entanto, o alívio não chegou esta terça-feira à China. Depois do "rally" de ontem, quando o Hang Seng, de Hong Kong, valorizou mais de 2%, a sessão de hoje foi de correção, com o índice a cair 0,54%. O sentimento alastrou-se à China continental, com o CSI 300 a ceder 0,26% e o Shanghai Composite a perder 0,1%.
A segunda maior economia do mundo vai divulgar esta quarta-feira os dados da evolução do PIB referentes ao primeiro trimestre do ano. Para Yan Wang, analista da Alpine Macro, esta leitura vai ser essencial para perceber o tipo de incentivos que Pequim vai adotar no curto prazo.
"Esperamos que as políticas de incentivo fiscal assumam a dianeteira, incluindo apoios ao desenvolimento de infraestruturas, à aquisição de habitação e à modernização. Com o enfraquecimento do dólar, o banco central chinês também se deve sentir mais à vontade para cortar os juros", explica Wang, numa nota acedida pela CNBC.
Nas restantes principais praças asiáticas, o sul-coreano Kospi avançou 0,95%, o australiano S&P/ASX 200 cresceu 0,21% e o indiano Nifty 50 saltou 2,11%.
Pela Europa, e depois da grande recuperação de ontem, o Euro Stoxx 50 aponta para uma abertura no vermelho, a corrigir 0,3%.