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EUA: Braço-de-ferro entre Cruz e Trump; Arizona blinda Clinton

Trump mantém a liderança republicana com vitória no Arizona, mas a conquista do Utah por Cruz dá gás à sua candidatura e às forças anti-Trump, cujas esperanças estão numa convenção contestada. Sanders voltou às vitórias, mas foi incapaz de beliscar a liderança de Clinton na corrida democrata.

O senador republicano Ted Cruz, à esquerda, em diálogo com Donald Trump, à direita, num comício contra o acordo nuclear com o Irão.
Bloomberg
23 de Março de 2016 às 13:29
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Num dia marcado pelo terror em Bruxelas, os norte-americanos voltaram às urnas para escolher os nomeados para as presidenciais de 2016. Do lado republicano, Ted Cruz e Donald Trump mediram forças, enquanto John Kasich foi remetido para segundo plano. Entre democratas, Bernie Sanders reuniu mais delegados, mas não conseguiu desestabilizar a liderança de Hillary Clinton. Foram "a votos" o Arizona, o Utah e Idaho (este último apenas entre democratas).

Esta terça-feira, em mais uma etapa das primárias norte-americanas, a vitória do conservador Ted Cruz no Utah colocou um travão nas aspirações de Trump de chegar à convenção nacional republicana com os delegados necessários para conquistar a nomeação. Ainda assim, o empresário lidera a corrida, tendo somado ontem uma vitória no Arizona.

Trump soma actualmente o apoio equivalente a 739 delegados, contra 465 de Ted Cruz e 143 de Kasich, que não conquistou um único delegado nestas fase das primárias.

A vitória de Cruz no ‘caucus’ do Utah impulsiona a candidatura daquele que se quer afirmar como "a" alternativa a Trump. Cruz tem mais hipóteses de conquistar a nomeação republicana numa "contested convention", isto é, num cenário em que nenhum dos candidatos chega à convenção nacional com o apoio dos 1.237 delegados necessários para se assumir como presumível nomeado do partido à disputa presidencial.

A próxima disputa acontece a 5 de Abril em Wisconsin, num estado cujas regras ditam que ao vencedor sejam atribuídos a maioria dos delegados, um sistema denominado "winner-take-most".

Escreve a Bloomberg que é aqui que se vai perceber se os esforços para travar Trump estão a viver um bom momento e têm pernas para andar, ou se o empresário se manterá como líder incontestado da corrida republicana.

Estas primárias republicanas foram as primeiras desde que Marco Rubio, senador da Flórida, suspendeu a sua candidatura.

Após os resultados, Trump fez uma publicação no Twitter a agradecer aos eleitores do Arizona e a dizer que a sua esperança é que "o Partido Republicano se una e consiga uma grande vitória em Novembro". As eleições presidenciais estão marcadas para 8 de Novembro deste ano.

A grande questão para Cruz nestas primárias era assegurar que conquistava mais de 50% dos votos (conseguiu 69,2%) no ‘caucus’ do Utah para arrematar todos os delegados do estado e evitar que fossem distribuídos proporcionalmente. Cruz chegou mesmo a sugerir que Kasich podia arruinar os esforços para travar Trump. Nesse sentido, o governador do Utah Gary Herbert deu-lhe o seu apoio e Mitt Romney, ex-candidato presidencial e ilustre republicano, chegou mesmo a dizer que um voto para Kasich seria essencialmente um voto para Trump, escreve a Vanity Fair.

Kasich, por sua vez, mantém o argumento de que os próximos estados a ir a votos lhe são favoráveis e que ainda tem hipóteses de ser o candidato melhor posicionado para fazer frente a Trump numa convenção contestada (contested convention), escreve a Bloomberg.

Bernie Sanders venceu os 'caucus' do Utah e Idaho.
Bernie Sanders venceu os 'caucus' do Utah e Idaho. Brian Snyder/Reuters

Do lado democrata, Bernie Sanders saiu vencedor dos "caucus" de Utah e de Idaho, mas Hillary conquistou a vitória no Arizona, um estado de maior peso. Contas feitas, a ex-secretária de Estado norte-americana somou 51 apoios contra 57 de Sanders nesta etapa das primárias.

A curta margem de Sanders não foi suficiente para beliscar a liderança da candidata na corrida republicana. Clinton segue com 1.214 delegados e 467 super-delegados, num total de 1.681 apoios. Sanders conta com o apoio equivalente ao de 901 delegados, mais 26 super-delegados, num total de 927 apoios. Para conquistar a nomeação é necessário conquistar o apoio de 2.383 delegados e Clinton está evidentemente mais perto dessa fasquia.

Depois de sair derrotado na última Super Terça-feira, de 15 de Março, Sanders apostou muito no Arizona, mas o resultado ficou aquém. Escreve a Bloomberg que o candidato gastou 1,3 milhões de dólares em anúncios televisivos no Arizona (face a 600 mil dólares despendidos pela sua rival) e fez vários comícios no estado, nomeadamente, em Phoenix, Flagstaff, e Tucson.

Tal como aconteceu após as primárias de 15 Março, Clinton manteve o foco nas presidenciais e nos rivais republicanos, dando sinais de que está confortável com corrida pela nomeação republicana.

"Face ao terror, a América não entra em pânico. Nós não construímos muros ou viramos as costas aos nossos aliados. Aquilo que Donald Trump e Ted Cruz e outros sugerem não é apenas errado, é perigoso. Não vai manter as pessoas seguras", disse, citada pela agência.

Terrorismo domina discurso

Esta terça-feira, 22 de Março, Bruxelas foi alvo de ataques terroristas no aeroporto de Zaventem e no metro de Maelbeek.
Esta terça-feira, 22 de Março, Bruxelas foi alvo de ataques terroristas no aeroporto de Zaventem e no metro de Maelbeek. Reuters

Os acontecimentos trágicos em Bruxelas que resultaram na morte de mais de 30 pessoas esta terça-feira influenciaram também o discurso dos candidatos.

"A incompetente Hillary, apesar do ataque horrível de hoje em Bruxelas, quer as fronteiras fracas e abertas – e deixar os muçulmanos entrar. De forma nenhuma!", publicou Trump no Twitter.

Em entrevista à Bloomberg, disse que "a primeira coisa que temos de fazer é conseguir que eles [muçulmanos] nos respeitem e respeitem o ocidente", disse, acrescentando que "não descarta nada" quando questionado sobre a forma de lidar com eventuais suspeitos. O candidato acredita que os EUA devem ser mais agressivos na luta contra as redes terroristas e criticou o ‘mayor’ de Nova Iorque, Bill de Blasio, por acabar com o programa de vigilância de mesquitas conduzido pelas autoridades locais.

"Eu expandia as nossas leis para que pudéssemos fazer certas coisas", disse, sem especificar. "Não estamos a jogar no mesmo campo. Eles não têm lei. (…) Eles matam pessoas e não falam sobre isso. Não se preocupam com a lei", disse.

Ted Cruz, por sua vez, defendeu que é necessário "dar mais poder às autoridades para patrulhar e manter a segurança em bairros muçulmanos antes que estes se radicalizem", disse, citado pela BBC.

Em Everett, Clinton disse ter "uma agenda específico para derrubar o ISIS [autoproclamado estado islâmico], não apenas no terreno de batalha". "Temos de os derrotar online. É ai que eles se radicalizam e onde fazem propaganda", acrescentou, citada pelo New York Times.

Sanders, por sua vez, manifestou as suas "profundas condolências" e disse que os ataques "são uma lembrança de que a comunidade internacional precisa de trabalhar em conjunto para derrotar o ISIS. Não se pode permitir que este tipo de barbaridade continue", concluiu, também citado pelo jornal.

Para os democratas, a próxima etapa disputa-se a 26 de Março, com ‘caucus’ no Alaska, no Hawaii, e em Washington.

 

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