Com 100% dos votos contados, Donald Trump conquistou 45,9% dos apoios no "caucus" republicano do Nevada, que teve lugar esta terça-feira à noite, delegando para segundo lugar – e a uma distância significativa – Marco Rubio, com 23,9% dos apoios. Já Ted Cruz, que começou estas primárias presidenciais com uma vitória no Iowa, voltou a ficar na terceira posição, desta vez, com 21,4% dos votos.

A noite foi de consagração para o milionário norte-americano, cuja campanha tem sido bastante polémica, ao ponto de Obama dizer que "tem fé no povo americano" e que portanto não acredita que será substituído por Trump.

Depois de vencer nas primárias de New Hampshire (com 35,3% dos votos) e nas da Carolina do Sul (32,5%), Trump soma mais uma vitória, desta vez no ‘caucus’ do Nevada, a apenas uma semana da "Super Terça-Feira", o primeiro momento na corrida em que terão lugar votações simultâneas em vários estados, incluindo no Texas, onde os republicanos contam com uns expressivos 155 delegados.

A Bloomberg compara esta "super-primária" de 1 de Março a uma "mini-campanha nacional", destacando a sua exigência em termos físicos e financeiros e a sua relevância para a conquista de apoios.

Para ser nomeado candidato no partido na corrida à Casa Branca, um republicano precisa de reunir o apoio de 1.237 delegados (de um total de 2.472 delegados), sendo que Trump reuniu até agora apoios correspondentes a 68 delegados.

Ted Cruz, que arrancou com uma vitória no Iowa, mas foi relegado para terceiro lugar em New Hampshire, na Carolina do Sul e no Nevada, conta com o equivalente aos apoios de 11 delegados. Rubio segue-se com o equivalente ao apoio de 9 delegados.

O processo de atribuição de delegados para a Convenção Nacional do Partido que elege o candidato presidencial não é directamente proporcional aos resultados conquistados nas primárias. Estes apoios são atribuídos em diversas fase na corrida e de diferentes maneiras, mas segundo as contas do The Washington Post, a este ritmo, "Donald Trump estará extremamente perto dos 1.237 delegados necessários para formalmente reclamar a nomeação do partido no final das primárias".

Portanto, é justificada a confiança de Trump, que disse aos apoiantes num comício que "dentro de pouco tempo vão estar orgulhosos do vosso Presidente e ainda mais orgulhosos do vosso país", cita a Lusa.

"É isto que todos os candidatos presidenciais sonham: grandes vitórias nos primeiros estados e todo o ‘momentum’ do teu lado quando enfrentas a Super Terça-feira", explica Kevin Madden, consultor de Mitt Romney na campanha de 2012, citado pela Bloomberg.

O resultado do "caucus" do Nevada foi um duro golpe para Rubio que esperava capitalizar apoios após a desistência de Jeb Bush da corrida, posicionando-se como o principal concorrente de Trump, o que não aconteceu. "Não existiram evidências de que os republicanos se estejam a juntar em massa para apoiar Rubio, uma vez que Trump vence-o numa proporção de quase 2 por 1", escreve a Bloomberg.

Todavia, Kevin Madden considera que "há ainda uma oportunidade para Rubio reunir elementos do eleitorado anti-Trump ou abrir caminho a uma alternativa, mas a cada dia que passa essa oportunidade é menor".

Ted Cruz, por outro lado, foi penalizado pelas acusações de que está disposto a fazer tudo – incluindo jogar sujo – pela nomeação. Em causa estão acusações de Trump e Rubio depois de várias situações polémicas, sendo que a mais grave levou inclusivamente ao despedimento do porta-voz nacional de campanha de Cruz.

Ainda assim, Cruz não baixa os braços: "A História ensina-nos que ninguém conquista a nomeação sem vencer uma das três primeiras primárias, e há apenas duas pessoas que o ganharam", disse, em referência à sua vitória no Iowa e às duas conquistas seguidas de Trump nos primeiros três sufrágios.

Cruz deseja posicionar-se, assim, como o principal corrente do milionário, e destaca a importância das próximas primárias de 1 de Março, na Super Terça-Feira, que considera "a noite mais importante" desta corrida.

O próximo debate republicano está marcado para esta quinta-feira em Houston, sendo o primeiro desde que Jeb Bush desistiu da corrida, na sequência dos fracos resultados conseguidos nas primárias da Carolina do Sul, onde conquistou somente 7,8% dos votos.