Notícia
Obama acredita que Trump não será eleito presidente dos Estados Unidos
O presidente norte-americano está confiante de que não será substituído na Casa Branca por Donald Trump. Obama tem "fé no povo americano", que sabe que ser presidente dos Estados Unidos "é um trabalho sério".
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, entrou na campanha eleitoral para as presidenciais do próximo mês de Novembro. E fê-lo, não apenas para atacar Donald Trump, o pré-candidato republicano que segue na frente das intenções de voto, mas também para demonstrar maior proximidade face a Hillary Clinton, pré-candidata democrata.
"Continuo a acreditar que o senhor Trump não será eleito presidente dos Estados Unidos", disse Obama na passada terça-feira numa conferência de imprensa realizada após um encontro com líderes asiáticos no âmbito da cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), realizado na Califórnia.
Barack Obama justifica esta convicção pela "razão de que eu continuo a ter fé no povo americano. E eu acho que eles percebem que ser presidente dos Estados Unidos é um trabalho sério, não é o mesmo que apresentar um talk show".
Obama contrapôs ainda uma campanha para as primárias republicanas que considera não ter substância, com um "debate saudável" que está a pautar a campanha democrata. O presidente norte-americano mostrou-se ainda muito crítico com o que transparece do debate republicano para a imagem externa dos Estados Unidos.
"Os observadores internacionais estão preocupados com parte da retórica adoptada em algumas destas primárias republicanas e debates republicanos", lamentou Obama que não se limita a criticar a forma de fazer política do multimilionário nova-iorquino Trump. "Ele diz de forma mais apelativa aquilo que os outros candidatos também estão a dizer", acusa.
A animosidade entre Obama e Trup não é de agora. Pouco depois de Obama ter sido eleito presidente, Trump exigiu que aquele apresentasse provas de que nascera nos Estados Unidos, seguindo a polémica em torno da muçulmanidade do nome Barack.
A forma como Obama e Trump vêem o mundo não poderia ser mais oposta. O multimilionário ainda há poucos meses defendeu a deportação de 11 milhões de imigrantes ilegais, bem como a construção de um muro junto à fronteira com o México. Para Trump, os muçulmanos deviam ser proibidos de entrar em solo norte-americano.
Já Obama ainda na semana passada e pela primeira vez desde que é presidente, visitou uma mesquita em território norte-americano, fazendo então um discurso favorável à tolerância e fortemente crítico relativamente aos cismas contra os muçulmanos.
Uma das razões invocada por Obama para defender a não eleição de um republicano nas presidenciais de Novembro passa precisamente pelo facto de "outros países, como que contam que os Estados Unidos vão estar do lado da razão e do bom senso".
A menos de três dias das primárias republicanas da Carolina do Sul, agendadas para o próximo sábado, uma sondagem divulgada na última segunda-feira pela Public Policy Polling coloca Donald Trump na liderança com uma vantagem de 17 pontos percentuais face a Marco Rubio e a Ted Cruz, que surgem empatados no segundo lugar. Com 17 delegados eleitos, Trump também lidera a corrida entre os republicanos, isto apesar de o multimilionário ter recentemente ameaçado apresentar uma candidatura independente à Casa Branca como retaliação pela forma como o Partido Republicano o tem tratado.
Obama mostra-se próximo de Hillary Clinton
Apesar de não conferir o seu apoio a nenhum dos candidatos do Partido Democrata, Obama não escondeu a sua maior proximidade em relação a Hillary Clinton comparativamente com o senador do Vermont, Bernie Sanders.
"Conheço melhor a Hillary do que Bernie, porque ela fez parte da minha administração e foi uma excelente secretária de Estado", explicou Barack Obama que, "em certas questões", admite ser provável que "ela concorde mais comigo do que o Bernie".
Ainda assim, Barack Obama assume que deverá acabar por tomar uma opção pública sobre a sua preferência, embora, para já, considere ser "importante que os eleitores democratas se expressem".
No entanto, o crescendo eleitoral e nas intenções de voto de Sanders, que tem conseguido recolher grande aceitação junto do eleitorado jovem e que nunca votou, tem elevado a pressão dos elementos mais moderados do partido Democrata sobre Barack Obama, que querem que o presidente assuma uma posição de apoio a Clinton, que ainda segue à frente de Sanders nas sondagens.
É de prever que, mais cedo ou mais tarde, Obama dê o seu apoio a Hillary. A 11 de Fevereiro, em declarações à CNN, o antigo assessor de imprensa da Casa Branca, Jay Carney, dizia que Obama quer que Hillary vença a nomeação democrata.
No próximo sábado decorre o caucus democrata do Nevada, sendo que as primárias democratas da Carolina do Sul estão agendadas apenas para o dia 27 de Fevereiro. Se Bernie Sanders ficar à frente de Hillary no Nevada, a exemplo do que já sucedeu no New Hampshire, é provável que cresça a pressão sobre Obama para que anuncie o apoio a Hillary Clinton antes das primárias da Carolina do Sul.