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Trump cada vez mais inevitável, Clinton distancia-se de Sanders
Não foi totalmente avassalador, mas Trump venceu a maioria dos estados que foram ontem a votos nas primárias dos EUA. Do lado democrata, Clinton cavou um fosso ainda mais fundo para Sanders.
A Super Terça-feira ("Super Tuesday") colocou Donald Trump e Hillary Clinton mais perto da nomeação do Partido Republicano e do Partido Democrata. O empresário venceu sete primárias (Alabama, Arkansas, Georgia, Massachusetts, Tennesse, Virginia e Vermont), atingindo já mais de 270 delegados, o que o deixa cada vez mais próximo do número mágico de 1.237 necessários para garantir a nomeação.
Nos últimos dias, Marco Rubio – tido como o candidato preferido do aparelho republicano – aumentou a agressividade dos ataques a Trump, tentando roubar algum do ímpeto ao milionário. No entanto, os resultados de ontem mostram que a estratégia fez pouca mossa. Rubio acabou por vencer apenas num estado (Minnesota), a sua primeira vitória das primárias. Ted Cruz, o outro rival de Trump e representante da ala "Tea Party" do partido (a mais conservadora), teve uma noite um pouco melhor – ganhou no Texas e Oklahoma -, mas também perdeu terreno face a Trump.
Ambos prometeram continuar na corrida à nomeação, com cada um deles a terminar a noite argumentando que o resto do partido se deveria unir à sua volta para derrotar Trump. John Kasich e Ben Carson, os outros dois candidatos republicanos, não venceram qualquer estado.
A noite foi de consagração para Trump, cujo discurso de vitória foi precedido por uma introdução de Chris Christie, governador de New Jersey e, até há poucos dias, também candidato à presidência. Na conferência de imprensa, Trump teve de se defender de acusações de dentro do próprio partido, que lhe apontam estar a dividir os republicanos. "Eu sou um unificador", afirmou num "resort" em Palm Beach, Florida. "Adoraria ver o Partido Republicano e todas as pessoas juntarem-se e unirem-se e, quando nos unirmos, ninguém nos irá vencer."
Caso seja eleito, é possível que Trump tenha de lidar com um Congresso dominado pelo seu partido, mas que não o quer ver na Casa Branca e será bastante hostil a algumas das suas ideias. "Vou dar-me bem com o Congresso, ok? Não conheço bem o Paul Ryan [presidente da Câmara dos Representantes], mas tenho a certeza que me vou dar muito bem com ele. Se não, ele vai pagar um preço elevado, ok?" Paul Ryan, recorde-se, faz parte do partido que Trump promete unir.
O ímpeto actual é importante para Trump, mas não lhe garante a nomeação. É que, como estes estados atribuem delegados proporcionalmente, mesmo quando é Trump quem ganha o estado, os seus rivais também acumulam delegados. Para já, e ainda há resultados por conhecer (Colorado, Alaska), Trump tem 274 delegados, Ted Cruz 149 e Marco Rubio 82.
Uma corrida (ainda) a dois
Do lado do Partido Democrata, as coisas são mais simples, uma vez que sobram apenas dois candidatos. Hillary Clinton trazia uma vantagem importante face a Bernie Sanders e voltou ontem a alargá-la. A ex-secretária de Estado também venceu sete estados e um território (falta confirmar o Alaska), entre os quais o sempre importante Texas que, sozinho, lhe deu 122 delegados. "A parada nesta eleição nunca esteve tão alta e a retórica que ouvimos do outro lado nunca foi tão baixa. Tentar dividir a América entre ‘nós’ e ‘eles’ é errado e nós não vamos deixar que isso funcione", sublinhou aos seus apoiantes no discurso de vitória de ontem, em Miami.
Sanders acabou por nem ter uma noite má. Além de vencer no "seu" estado, Vermont, ganhou também em Oklahoma, Colorado e Minnesota. Contudo, também devido à proporcionalidade, essas quatro vitórias só lhe deram mais 41 delegados do que Clinton nesses estados. "Não vamos deixar que os Donald Trumps do mundo nos dividam", prometeu Sanders, garantindo que não vai desistir.
Se contarmos com os chamados super-delegados, Clinton tem já mais de mil contra 371 de Sanders. São necessários 2.383 para garantir a nomeação democrata.