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Rússia executou ataques aéreos na Síria e garante que alvos são os mesmos de Washington

Foi já o segundo dia de ataques aéreos do exército russo contra alvos terroristas na Síria. Em resposta às críticas e dúvidas da comunidade internacional, Moscovo garante ter como objectivo atingir os mesmos alvos que os Estados Unidos.

Reuters
01 de Outubro de 2015 às 19:36
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A Rússia já confirmou que as suas forças armadas realizaram, esta quinta-feira, 1 de Outubro, pelo segundo dia consecutivo, ataques aéreos contra alvos terroristas na Síria. De acordo com a informação avançada hoje pelo Kremlin, ao longo do dia Moscovo utilizou 50 aviões de combate em pelo menos 30 investidas realizadas nas províncias de Idlib, Hama e Homs, situadas no noroeste da Síria.

 

As autoridades russas revelaram ainda ter recorrido a drones para localizar e estabelecer as coordenadas dos bombardeamentos aéreos levados a cabo e que Moscovo afiança pertencerem exclusivamente a alvos terroristas.

 

Depois de ontem os Estados Unidos e a França - países que integram a coligação internacional que há mais de um ano executam ataques aéreos contra as posições do autoproclamado Estado Islâmico (EI) na Síria – terem acusado a Rússia de estar a "deitar gasolina para o fogo" ao atacarem oposicionistas do regime liderado por Bashar al-Assad (aliado da Rússia no Médio Oriente), esta quinta-feira o Kremlin elucidou que os seus alvos não são apenas relativos a posições detidas pelo EI.

 

Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, explicou que "as organizações são conhecidas e os objectivos são definidos em coordenação com as forças armadas sírias". A France Press informava que os alvos hoje atingidos pertencem ao Exército da Conquista, uma força militar de radicais islâmicos que agrupa elementos da al-Nusra (um ramo da al-Qaeda) e da milícia Ahrar al-Sham.

 

A corroborar a versão avançada pela France Press mas também pela BBC e por Peskov, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, garantiu que o objectivo moscovita é atacar "o EI, a frente al-Nusra e outros grupos terroristas" que operam em território sírio aproveitando o caos gerado por um conflito armado civil que se prolonga desde 2011.

 

Lavrov definiu ainda como infundadas as críticas que acusavam Moscovo de ter aproveitado o início de acções militares na Síria para atacar posições das forças que combatem o presidente sírio Assad, como é o caso do Exército Livre da Síria, apoiado e treinado pela CIA. Ontem, além de Paris também Washington afirmou que os alvos atingidos pela Rússia no primeiro dia de ataques na Síria não pertenciam ao EI mas a posições detidas por opositores do regime. Lavrov assegura agora que o Kremlin não considera o Exército Livre da Síria como uma organização terrorista.

 

Fontes citadas na quarta-feira pelo New York Times garantiam que alguns dos alvos atingidos pertenciam a um grupo rebelde sunita treinado pelo CIA, tendo John Kerry, secretário de Estado norte-americano, e Ashton Carter, secretário da Defesa dos Estados Unidos, sugerido que a Rússia poderia estar a utilizar a tentativa de derrotar o EI como pretexto para atacar os opositores de Assad.

 

Os Estados Unidos e o seu presidente, Barack Obama, reiteraram esta semana na assembleia-geral das Nações Unidas que são contrários à ideia de Assad continuar no poder na Síria, defendendo uma transição de regime. No entanto, a entrada em cena da Rússia e do Irão na Síria poderá colocar esse objectivo em segundo plano.

Citado pela Reuters, o presidente francês, François Hollande, afirmou ser "necessário assegurar uma transição política sem al-Assad". Mas a Rússia defende que apenas a sua acção na Síria é legítima, argumentando que a aprovação, ontem na câmara alta do parlamento russo, do recurso a meios militares contra as posições de grupos terroristas em solo sírio decorreu de um pedido expresso e oficial de Bashar al-Assad. Já a acção da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, que conta ainda com países sunitas como a Arábia Saudita, é vista com desconfiança por Damasco, por Teerão e por Moscovo, que acreditam que tem como objectivo derrubar o regime pró-alauita liderado por Assad em troca de um regime pró-sunita. 

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