Notícia
Parlamento russo aprova intervenção militar aérea na Síria
A resposta do Kremlin ao pretenso pedido feito pelo presidente sírio não tardou, com o Parlamento russo a aprovar a intervenção militar aérea na Síria contra o autoproclamado Estado Islâmico.
Foi pronta a resposta do Kremlin ao pedido feito pelo presidente sírio, Bashar al-Assad. A câmara alta do Parlamento russo aprovou por unanimidade, esta quarta-feira, 30 de Setembro, a possibilidade de o exército moscovita intervir militarmente na Síria.
Em causa está somente a via aberta para intervenções militares aéreas contra o autoproclamado Estado islâmico (EI), estando colocada de parte o recurso a homens no terreno. Isso mesmo foi assegurado por Sergey Ivanov, chefe de gabinete do presidente russo, Vladimir Putin.
Putin tinha solicitado ao Parlamento russo a autorização para mobilizar as forças armadas para uma intervenção no exterior, respondendo assim ao pedido feito por Assad, um aliado russo na região do Médio Oriente. Segundo o próprio Kremlin, a intervenção aérea na Síria vai seguir os moldes daquilo que vem sendo feito há já mais de um ano naquele país pela coligação internacional liderada pelos Estados Unidos.
A BBC nota que Putin terá dito durante o encontro dos líderes mundiais nas Nações Unidas, em Nova Iorque, que iria ser alargada a coligação antiterrorista num formato aproximado da aliança que derrotou os nazis na Segunda Guerra Mundial. Trata-se também de um importante sinal dado por Moscovo que apesar de permanecer em conflito com Washington e Bruxelas devidos às acções russas no leste da Ucrânia, se aproxima do ocidente para levar a cabo uma intervenção contra o EI.
A aprovação do Parlamento moscovita é idêntica àquela aprovada em Março de 2014 também a pedido de Putin, mas na altura solicitando a aprovação do recurso a meios militares na Ucrânia, uma decisão que seria revogada dois meses depois.
Ainda assim, apesar desta aproximação Sergey Ivanov não deixou de criticar os Estados Unidos e a França por terem contornado as normas do direito internacional ao avançarem com ataques aéreos na Síria sem o necessário enquadramento de uma resolução das Nações Unidas. Como tal, o Kremlin sublinha que foi Bashar al-Assad a pedir a intervenção russa para apoiar o combate contra o cada vez mais implantado no território EI, que continua a beneficiar de uma guerra civil que se prolonga na Síria desde 2011 para assegurar ganhos militares e dominar cada vez mais parcelas de território não apenas na Síria mas noutras zonas do Médio Oriente.
O teatro de guerra sírio, apesar de configurar uma guerra civil, apresenta diversos actores externos. Enquanto o Irão e a própria Rússia apoiam as forças alauitas (ramo dos islão xiita) leais a Assad, que contam ainda com o apoio do grupo terrorista libanês Hezbollah. Já países como a Turquia, a Arábia Saudita – ambos sunitas e favoráveis à revolta dos sunitas sírios – e a França participam junto de Washington na coligação internacional que combate na Síria com recurso a meio aéreos.
Com mais de 250 mil mortos e pelo menos quatro milhões de refugiados, a guerra civil na Síria há muito constitui o mais grave conflito no Médio Oriente. Desta feita, apesar das diferenças os Estados Unidos mostraram inclusivamente abertura a cooperar com a Rússia e o Irão para resolver o problema na Síria e derrotar os radicais sunitas do EI. No discurso proferido nas Nações Unidas, Barack Obama, presidente norte-americano, garantiu que "temos de reconhecer que não podemos, depois de tanto derramamento de sangue e de tantas mortes, voltar ao ‘status quo’ pré-guerra".
O que significa que Washington continua a defender a saída da cadeira do poder por parte de Assad. Algo que colide com os interesses geoestratégicos iranianos e russos.