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Aliados pedem à Rússia para não atacar opositores do regime sírio

Um conjunto de países, entre os quais os Estados Unidos, a Alemanha e a Turquia, pediram a Moscovo para não bombardear os opositores do regime sírio liderado por Assad e atacar apenas as posições detidas pelo Estado Islâmico. Irão envia militares para a Síria.

Os reis e os peões sírios no meio da guerra civil
02 de Outubro de 2015 às 12:47
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A entrada em cena do exército russo na crise que se vive na Síria continua a provocar receios na comunidade internacional, com vários países a pedirem a Moscovo para atacar apenas as posições controladas pelos radicais sunitas do autoproclamado Estado Islâmico (EI). "Pedimos à Rússia para cessar imediatamente os seus ataques contra a oposição síria e civis e para concentrar os seus esforços no combate ao Estado Islâmico", lê-se na carta subscrita pelos Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Arábia Saudita, Qatar e Turquia.

 

O documento citado pelo El País sublinha também a "profunda preocupação face à acção militar russa na Síria, especialmente os ataques aéreos de ontem [nas províncias] de Hama, Homs e Idlib que causaram mortes de civis e que não tinham como objectivo atingir o Estado Islâmico". Talvez em resposta a estas acusações, o Kremlin emitiu esta sexta-feira um comunicado em que refere que os bombardeiros russos atacaram a cidade síria de Raqqa, um dos principais bastiões do EI.

 

No seguimento daquilo que Washington e Paris alertaram logo na quarta-feira, aquando da primeira intervenção militar aérea russa na Síria, de que a acção de Moscovo estaria a ser contraproducente, este comunicado conjunto volta a realçar o perigo de "escalada" do conflito decorrente da acção do exército russo. Este conjunto de países realçou novamente o receio de que o Kremlin esteja a aproveitar o envolvimento na crise síria para combater os oposicionistas do regime ditatorial do presidente Bashar al-Assad.

 

Entretanto, a reunião agendada para esta sexta-feira, 2 de Outubro, em Paris, entre os presidentes da França, François Hollande, da Rússia, Vladimir Putin, da Ucrânia, Vladimir Poroshenko, e a chanceler alemã, Angela Merkel, inicialmente previsto para discutir a ainda ineficaz aplicação dos acordos de paz no leste ucraniano, servirá também para discutir o âmbito das acções russas na Síria.

 

Hollande e Putin, a quem se poderá juntar Merkel, vão discutir o papel da Rússia no conflito sírio, já depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros gaulês, Laurent Fabius, ter afirmado que "há ainda que provar" que os bombardeamentos russos tivessem o EI como alvo. As três províncias que a Rússia garante ter bombardeado, no noroeste da Síria, apesar de estarem actualmente controladas pelas forças leais aAssad, contêm também pequenas bolsas de territórios dominadas por grupos opositores do regime sírio. Washington e Paris acusaram mesmo Moscovo de ter atingido forças do Exército Livre da Síria, um grupo rebelde apoiado e treinado pela CIA que combate os homens de Assad.

 

Mas quando na última quarta-feira a câmara alta do Parlamento moscovita aprovou o pedido de Putin para recurso a meios militares aéreos na Síria, o Kremlin fez questão de vincar que iria agir militarmente, nos próximos três ou quatro meses, apenas contra alvos terroristas na Síria, isto na sequência de um pedido oficial de Assad, aliado russo no Médio Oriente. Moscovo acusou ainda de ilegalidade a coligação aérea, liderada por Washington, que há mais de um ano a esta parte vem bombardeando alvos do EI e respectivas filiais.

Todavia, a estratégia desta coligação e, designadamente dos Estados Unidos, nem sempre tem sido eficaz, tendo o Pentágono admitido nos últimos dias que algum do equipamento militar providenciado para a luta contra Assad acabou por cair nas mãos erradas. Terá sido o caso do Exército da Conquista, uma força militar de radicais islâmicos que agrupa elementos da al-Nusra (um ramo da al-Qaeda) e da milícia Ahrar al-Sham, grupos terroristas que Moscovo garante ter atacado nos dois últimos dias.

 

Entretanto, outro aliado russo na região, o Irão, enviou militares para Damasco com o objectivo de apoiar Assad a derrotar as forças rebeldes. Segundo fontes libanesas citadas pela Reuters, Teerão, que já apoiava Assad com meios financeiros e militares, vai avançar com homens para o terreno de forma a garantir maior eficácia aos ataques russos que pretendem enfraquecer as posições detidas pelos presumidos grupos terroristas. Assim, além das forças sírias e de homens do grupo radical paramilitar Hezbollah que já combatem na Síria, também o exército iraniano vai entrar em acção. Teerão e o aliado Hezbollah pretendem assegurar a vitória do regime alauita (um ramo do islão xiita) protagonizado por Bashar al-Assad, derrotando assim a influência sunita que por intermédio de países ocmo a Arábia Saudita e o Qatar tem apoiado os forças opositoras do regime ainda vigente na Síria.

É, portanto, cada vez maior o receio de que a crise síria deixe de representar apenas um conflito interno e que funciona ainda como foco de proliferação de grupos jihadistas, para se assumir ainda mais como um conflito de enfrentamento regional e de influência global. 

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