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Além de aviões, a NATO diz que a Rússia já tem tropas na Síria

A NATO garante que as últimas movimentações da Rússia na Síria mostram que Moscovo está a proceder a uma escalada no seu envolvimento militar naquele país. A NATO garante que violação russa do espaço aéreo turco "não foi acidental".

06 de Outubro de 2015 às 17:15
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Menos de uma semana depois do primeiro bombardeamento executado pelo exército russo na Síria, a NATO alerta para a escalada do envolvimento da Rússia na guerra civil síria que se arrasta há já quase cinco anos. Por um lado, foi registada uma nova incursão russa em espaço aéreo turco, e por outro a NATO possui dados que confirmam a presença de militares russos em território sírio.

 

A organização atlântica adianta que esta terça-feira, 6 de Outubro, foi já a segunda vez que "aviões de guerra russos violaram o espaço aéreo turco", algo que é "inaceitável", afirmou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg que garante que o ocorrido "não foi acidental".

 

"Temos informações que me permitem afirmar que não foi acidental", acusou Stoltenberg em referência às duas ocasiões em que aviões russos invadiram o espaço aéreo da Turquia, a primeira vez no passado sábado e, novamente, esta terça-feira. Moscovo já admitiu que tal se verificou mas mantém que tudo não passou de acidentes que não se prolongaram por mais do que alguns minutos. Todavia, Stoltenberg garante que esta situação, para a qual "não existe nenhuma explicação", se "prolongou por um longo período de tempo". A Turquia, um país que pertence à organização do Atlântico Norte, já "protestou fortemente" perante o Kremlin contra a acção russa. E o exército turco garante que ontem um avião não identificado manteve debaixo de mira, durante 4 minutos e 30 segundos, aviões de combate turcos.

 

Mas o secretário-geral da NATO também alertou para o facto de ter sido registada "uma substancial mobilização de forças russas na Síria [incluindo] tropas terrestres". As acusações incidiram também nas reticências sobre a real intenção da intervenção russa na Síria, com a NATO a juntar-se aos Estados Unidos e à França entre aqueles que colocam dúvidas sobre se Moscovo pretende atacar alvos do autoproclamado Estado Islâmico (EI), ou atingir grupos sunitas opositores do regime sírio liderado por Bashar al-Assad.

 

"Também estou preocupado com a possibilidade de a Rússia não estar a atacar o EI mas a oposição síria e civis", admitiu o líder da NATO. No entanto, o Kremlin já veio reiterar que os seus ataques pretendem atingir alvos terroristas, e garante ter atingido cerca de 50 alvos desde que, na quarta-feira passada, iniciou os ataques aéreos contra grupos terroristas na Síria a pedido de Assad. Todos alvos militares conectados com o EI ou grupos filiados, assegura Moscovo que sustenta o sucesso das suas operações argumentando já ter enfraquecido substancialmente a capacidade militar daquele grupo jihadista.


Síria, um tabuleiro onde se jogam influências

 

A Síria é cada vez mais um palco que acolhe disputas pela primazia regional e recuperação ou manutenção de esferas de influência no Médio Oriente. O envolvimento da Turquia no apoio à coligação internacional, liderada pelos Estados Unidos, que há mais de um ano executa bombardeamentos contra posições do EI na Síria e no Iraque, é visto como uma tentativa de Ancara para enfraquecer a capacidade militar dos curdos.

 

Com motivações internas, o regime liderado por Recep Tayyip Erdogan aprovou uma lei que abriu caminho a uma "luta indiscriminada" contra o terrorismo, tendo como principal alvo elementos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), partido considerado terrorista por Ancara. Desde então, o exército turco já atacou as forças curdas que operam no norte da Síria e que se tem afirmado como a principal força militar terrestre no combate ao EI em solo sírio.

 

Esta segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou que Washington autorizou o reaprovisionamento às forças curdas e aos grupos sunitas da oposição de Assad que têm combatido tanto o regime de Damasco como os extremistas do EI e seus afiliados. Muitos dos opositores ao regime alauita (um ramo do islão xiita) de Assad são financiados e treinados pelos serviços secretos dos Estados Unidos (CIA) e por países sunitas como os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita. O facto de equipamento militar e financiamento providenciado por Washington ou Riade ter ido parar a mãos erradas, ou seja, a forças terroristas, tem merecido críticas de Assad e também do presidente russo, Vladimir Putin.

Já Assad conta com o apoio militar e financeiro do xiita Irão e do seu aliado libanês, o grupo paramilitar Hezbollah. Ainda na semana passada Teerão enviou homens para a Síria. E também com o apoio da Rússia, um histórico aliado da Síria. Moscovo defende que não há neste momento qualquer alternativa viável à continuidade de Assad no poder, algo que Obama rejeita por considerar inaceitável o regresso "ao status-quo pré-guerra".

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