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Intel deixa Europa de "mãos a abanar" ao suspender investimentos no continente

A empresa de chips decidiu adiar os investimentos na Alemanha e na Polónia e a retirada em Itália, Espanha e França. Apenas a fábrica na Irlanda se mantém de pé.  

REUTERS/Dado Ruvic
17 de Setembro de 2024 às 20:22
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Em 2022 a Intel anunciava o plano de investir dezenas de milhares de milhões de euros em novas fábricas de microchips ou instalações de investigação e desenvolvimento em vários países europeus. Agora, a empresa decidiu adiar os investimentos na Alemanha e na Polónia e a retirada em Itália, Espanha e França. Apenas a fábrica na Irlanda se mantém de pé.  

A Intel tem sido um ator fundamental no esforço da União Europeia (UE) para produzir mais microchips no bloco, de forma a reduzir a sua dependência de fornecedores estrangeiros. Aliás, no passado dia 13 de setembro, a Comissão Europeia (CE) deu luz verde à Polónia para apoiar uma fábrica de montagem e teste de chips da empresa, com mais de 1,5 mil milhões de euros em auxílios estatais. Quatro dias passados e o cenário é muito diferente.  

Para além disso, a tecnológica norte-americana já tinha dado início ao processo de construção de uma "mega fábrica" em território alemão, na cidade de Magdeburgo, projeto que decidiu agora suspender. A fábrica de Magdeburgo era a grande promessa da Intel na Europa, mas não a única.  

"Os nossos projectos na Polónia e na Alemanha serão interrompidos em cerca de dois anos, com base na procura prevista pelo mercado", afirmou o CEO da Intel, Patrick Gelsinger. Referiu ainda que "chegou o momento de passar de um período de investimento acelerado para uma cadência mais normalizada de desenvolvimento de chips com um plano de capital mais flexível". 

Os planos de criação de um centro de investigação em Barcelona, de centros de investigação e de conceção em França e de uma fábrica em Itália ficaram também pelo caminho. Tudo isto significa que a UE não poderá contar com a projetada criação de emprego que estes investimentos trariam e que milhões de euros previstos para reforçar a indústria de chips em solo europeu ficam agora "sem dono". 

Segundo o El Economista, o CEO da empresa e o conselho de administração têm estado a analisar todos os projetos e investimentos em curso para decidir a quais dar prioridade. Dos 80 mil milhões de euros orçamentados para investimento na UE aos 17 mil milhões de euros executados na Irlanda, o investimento planeado da Intel para o Velho Continente foi reduzido em 77,5%, de acordo com o El Economista. 

A Intel está a passar por uma profunda transformação desde 2021. A empresa ficou para trás no setor - ultrapassada por empresas como a Nvidia - e anunciou um plano para voltar ao topo, que incluía todas as operações acima referidas. Mas o conselho de administração da empresa decidiu voltar atrás com estes planos.  

Não é novidade que a Intel esteja a passar por dificuldades. No passado dia 1 de agosto, a tecnológica apresentou receitas inferiores às previstas, o que obrigou a produtora de chips a tomar medidas drásticas. Nessa altura, a empresa anunciou um plano de poupança, que passava pela redução dos investimentos de capital, despedimento de 15% da força de trabalho e suspensão dos dividendos. Desde o seu pico em 2000, a sua capitalização de mercado caiu 72%. 

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