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China consegue acesso a chips da Nvidia sem lhes pôr as mãos em cima
O WSJ diz que há empresas que disponibilizam a compradores chineses o poder de processamento dos chips avançados da Nvidia. Isto mesmo com a exportação para a China proibida pelos EUA.
Desde que os Estados Unidos proibiram a exportação de chips de última geração para a China - incluindo os avançados H100 e os da nova série Blackwell da Nvidia - que se multiplicam as notícias sobre como Pequim tem arranjado formas de contornar estas sanções, nomeadamente através de países terceiros, contrabando ou simplesmente aposta reforçada na capacidade doméstica.
Agora, o Wall Street Journal diz que os programadores chineses encontraram outra maneira de aceder a estes avançados semicondutores, sem ter de os trazer fisicamente para o país. De acordo com o jornal norte-americano, estão - com a ajuda de intermediários - a aceder à capacidade de computação destes chips no estrangeiro, através de serviços de "cloud", por vezes mascarando a sua identidade.
Derek Aw é um desses intermediários. Aw encontrou investidores em Dubai e nos Estados Unidos que financiaram a compra de servidores de inteligência artificial que usam os chips H100 da Nvidia. A empresa de Aw carregou mais de 300 servidores com os chips num centro de dados em Brisbane, na Austrália. Três semanas depois, os servidores começaram a processar algoritmos de IA para uma empresa em Pequim.
"Há procura. Há lucro. Naturalmente, alguém vai fornecer a oferta", disse o empresário ao WSJ.
Tudo indica que quem vende e compra poder de processamento deste modo não está a fazer nada de ilegal. Os Estados Unidos querem controlar a exportações dos chips avançados, bem como outras tecnologias, mas as regras não impedem as empresas chinesas ou suas subsidiárias no estrangeiro de acederem a serviços de "cloud" norte-americanos que usam chips da Nvidia.
Quem compra e vida esta capacidade de computação consegue fazê-lo com um elevado grau de anonimato, sendo pagas com criptomoedas. "Desde o ano passado que tem havido um aumento significativo do número de clientes chineses na nossa plataforma. Muitas vezes perguntam-me se temos chips da Nvidia", conta Aw ao jornal.
Questionada pelo WSJ, a Nvidia recusou responder, dizendo apenas que respeita as regras de exportação norte-americanas. A fabricante de chips divulga os seus resultados trimestrais esta quarta-feira.
Dados divulgados esta segunda-feira pelo Financial Times mostram que as "big tech" chinesas investem cada vez mais em IA, apesar das sanções dos EUA que - em teoria - dificultam o acesso a um elemento central, os chips avançados. No último ano várias tecnológicas chinesas duplicaram mesmo o seu investimento.