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Restrições da China à exportação de metais causam receios sobre produção de chips
Os controlos do país asiático sobre as exportações de matérias-primas essenciais para o Ocidente, em retaliação às restrições impostas pelos EUA, podem levar a disrupções na oferta dos muito procurados semicondutores para inteligência artificial.
Em resposta às restrições dos EUA sobre a venda de chips avançados e equipamento para a produção de semicondutores à China, o país asiático está a controlar a exportação de matérias-primas essenciais para o fabrico destes chips. Os limites estão a causar receios sobre a capacidade de produção de semicondutores avançados no Ocidente, refere o Financial Times.
A China alega que as restrições servem para proteger os "interesses e segurança nacional", tendo sido implementadas no ano passado pelo governo de Xi Jinping em retaliação aos controlos norte-americanos sobre as exportações de tecnologia de chips para a China.
"A situação da China é crítica. Estamos dependentes deles", refere uma fonte da indústria citada pelo FT. O país é um dos principais produtores mundiais de gálio e germânio, dois metais essenciais para a produção de chips, entre outras matérias-primas decisivas para a indústria, que regista uma forte procura devido do desenvolvimento da inteligência artificial. No último ano, os preços destes metais duplicaram na Europa.
O processo de licenciamento para obter os materiais é longo e demorado e serve como arma para que a China possa negar ou travar o acesso às matérias-primas em caso de novas restrições ocidentais sobre os chips produzidos pela China ou o acesso pelo país asiático a tecnologia de chips estrangeira.
"A maior razão [para os controlos] é que se quiserem bloquear as exportações para um determinado local, podem rejeitar as licenças", refere ao jornal britânico Cory Combs, diretor associado da consultora Trivium China, sediada em Pequim.
Se a dificuldade de acesso às matérias-primas é difícil de contornar por parte dos países ocidentais, os programadores chineses já encontraram outra forma de escapar às restrições dos EUA, acedendo a semicondutores de forma remota. O Wall Street Journal avançou, na segunda-feira, que os programadores chineses estão, com a ajuda de intermediários, a aceder à capacidade de computação destes chips no estrangeiro através de serviços de "cloud", disfarçando por vezes a sua identidade.
Com ou sem restrições, o investimento em equipamentos - incluindo semicondutores - para alimentar a crescente aposta em inteligência artificial não para de aumentar, com as grandes tecnológicas chinesas a duplicarem o investimento. A Alibaba, a Tencent e a Baidu passaram de um investimento combinado de 23 mil milhões de yuans, há um ano, para 50 mil milhões de yuans (7 mil milhões de dólares), o equivalente a um aumento de 117%, de acordo com dados citados pelo FT.