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A China organiza esta semana uma cimeira com 50 nações africanas, em Pequim, para que estas adquiram mais dos seus veículos elétricos e painéis solares, em troca de promessas de mais empréstimos e investimentos.
As negociações surgem antes de os países ocidentais imporem restrições às exportações chinesas destes produtos, alegando concorrência desleal, proteção da indústria ocidental ou por preocupações de sustentabilidade e direitos humanos nas cadeias de produção dos produtos chineses.
Mas as dezenas de líderes africanos presentes neste evento, que decorre a 4 a 6 de setembro, podem não ser um "isco fácil", uma vez que irão procurar obter garantias sobre o progresso de projetos de infraestruturas incompletos financiados pela China, como uma linha férrea destinada a ligar a região da África Oriental.
"O maior credor, investidor e parceiro comercial bidirecional de África está a afastar-se do financiamento de projetos de grande envergadura no continente rico em recursos, preferindo, em vez disso, vender-lhe as tecnologias avançadas e ecológicas em que as empresas chinesas investiram fortemente", explica Eric Olander, cofundador do Projeto China-Sul Global, à agência Reuters.
"O prémio vai para os países que estudaram cuidadosamente as mudanças na China e alinharam as suas propostas com as novas prioridades da China", acrescenta.
À medida que se aproximam as restrições ocidentais às exportações chinesas, a principal prioridade de Pequim será encontrar compradores para os seus veículos elétricos e painéis solares.
Quando o Presidente Xi Jinping abrir a Cimeira do Fórum de Cooperação China-África, nesta quinta-feira, espera-se que apresente aos líderes africanos a possibilidade de se ligarem à crescente indústria de energia verde da China.
Para evitar perder quota de mercado, o rival geopolítico da China, os Estados Unidos, também começou a receber líderes africanos.
No entanto, para Hannah Ryder, fundadora da Development Reimagined, uma empresa de consultoria de origem africana, o papel de destaque da China como parceiro financeiro e comercial torna as suas reuniões muito mais importantes. "Não há nenhum outro parceiro de desenvolvimento que faça tanto", disse à Reuters.
No ano passado, a China concedeu 13 empréstimos no valor de 4,2 mil milhões de dólares a oito Estados africanos e a dois bancos regionais, segundo dados do Centro de Política de Desenvolvimento Global da Universidade de Boston, com cerca de 500 milhões de dólares para projetos hidroelétricos e solares, assinala a agência noticiosa.