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Criar "hub verde" de renováveis em Portugal e Espanha pode aumentar 15% o PIB ibérico
Apresentada em Davos, esta conclusão é da Iniciativa Ibérica de Indústria e Transição Energética (IETI), um grupo intersetorial formado por várias empresas (entre as quais a portguesa EDP), e liderado pela consultora McKinsey.
Tornar a Península Ibérica num "hub verde" de energias renováveis - 20 a 30% mais baratas do que a Europa Central - pode resultar num aumento até 15% do PIB da região e na criação de cerca de um milhão de empregos (300 mil em Portugal e 700 mil em Espanha), 20% dos quais altamente qualificados.
A conclusão é da Iniciativa Ibérica de Indústria e Transição Energética (IETI), um grupo intersetorial formado por várias empresas (entre as quais a portguesa EDP), com o objetivo de acelerar a transição energética em Portugal e Espanha, e liderado pela consultora McKinsey & Company.
Além disso, esta aposta dos países ibéricos tem o potencial de aumentar as receitas estatais de Portugal e Espanha entre 5 e 10% e o total das exportações nacionais até 20%. A IETI, que reúne os CEO de várias empresas - como a EDP, BBVA, Iberdrola, Moeve (ex-Cepsa), Naturgy, Repsol e Santander -, reuniu-se no âmbito da reunião anual do Fórum Económico Mundial, em Davos, com o objetivo de divulgar a sua perspetiva sobre o caminho da Europa para a reindustrialização e competitividade, através da transição energética.
Diz a iniciativa que se a Europa recuperar a sua vantagem industrial face a outras regiões do mundo poderá somar até um bilião de euros de valor acrescentado até 2030, o que representa três a seis vezes o investimento anual adicional necessário para atingir a neutralidadecarbónica.
A perspetiva da IETI e as suas propostas específicas foram apresentadas numa sessão de trabalho com Teresa Ribera, vice-presidente executiva da Comissão Europeia para uma Transição Limpa, Justa e Competitiva. para começar, a iniciativa acredita que "Portugal e Espanha estão numa posição de liderança para se tornarem nos fornecedores da energia mais rentável da Europa".
"Espanha e Portugal têm uma oportunidade extraordinária de liderar a transição energética e a competitividade da Europa, tirando partido dos seus recursos naturais abundantes, metas ambiciosas para as energias renováveis e soluções energéticas inovadoras. No entanto, desbloquear todo o potencial deste ‘hub verde’ exigirá a simplificação dos processos de licenciamento, maiores investimentos na rede elétrica e estabilidade regulatória tanto a nível nacional como europeu. Ao abordar estas barreiras e ao agir de forma decisiva agora, podemos atrair indústrias estratégicas, impulsionar o crescimento económico e garantir um futuro sustentável para a Península Ibérica e para a Europa como um todo", disse Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP.
Além da expansão da energia solar, eólica e das baterias, os dois países têm um vasto mercado de contratos de compra e venda de energia (Power Purchase Agreement) - 30% do mercado da UE em 2023 -, e podem aumentar a produção de biocombustíveis, hidrogénio verde (10 a 20% mais barato) e outros combustíveis renováveis de origem não biológica, tirando partido do sistema de refinação da Península Ibérica (que tem a terceira maior capacidade instalada da Europa).
Para isto, o grupo de empresas recomenda implementar sistemas de incentivos eficazes para as soluções mais ecológicas (face às alternativas fósseis); criar um quadro regulatórios eficaz e estável para garantir a previsibilidade e solidez dos projetos; encurtar os processos de licenciamento; garantir soluções de financiamento; e expandir a rede.
Por seu lado, Francisco Reynes, presidente executivo da Naturgy, frisou que "enquanto os EUA estão focados na execução, a UE está focada na regulação. Precisamos de uma regulação mais simples, clara e estável a longo prazo".
"Os países ibéricos têm uma oportunidade única, mas não podem dar-se ao luxo de a perder", reforçou.
"Espanha e Portugal podem acelerar a sua reindustrialização e tornarem-se centros verdes para indústrias críticas, sustentados pelo baixo custo da energia limpa. A transição exigirá uma quantidade significativa de capital. O setor financeiro em geral está comprometido em apoiar a transição e torná-la uma prioridade estratégica", rematou Hector Grisi, CEO do Santander.