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AllianzGI vai votar contra remuneração de Carlos Tavares na Stellantis

Gestora crítica pacote salarial de 23,1 milhões de euros (incluindo os 12 milhões pela rescisão do contrato com a empresa) e questiona supervisão do Comité de Remuneração.

Benoit Tessier/Reuters
08 de Abril de 2025 às 10:09
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A Allianz Global Investors (AllianzGI), uma das maiores gestoras de investimento ativo do mundo, anunciou que irá votar contra o relatório de remuneração da Stellantis e contra a reeleição de dois membros do Comité de Remuneração na próxima Assembleia Geral da fabricante automóvel, marcada para 15 de abril.

A decisão surge em resposta ao pacote salarial atribuído a Carlos Tavares, ex-CEO da Stellantis, que deverá totalizar 23,1 milhões de euros, incluindo 12 milhões pela rescisão do contrato com a empresa. Este valor é considerado pela gestora como desproporcionado, sobretudo face ao contexto de resultados operacionais abaixo das expectativas e ao impacto negativo da recente "profit warning" da empresa.

Apesar de a Stellantis ter reduzido o prémio de desempenho a zero, outras componentes variáveis da remuneração de Tavares permanecem praticamente inalteradas, o que levanta sérias dúvidas sobre a ligação entre o desempenho de longo prazo da empresa e a compensação executiva. A AllianzGI sublinha que estas preocupações já haviam sido manifestadas anteriormente e que os esforços de diálogo com a administração da Stellantis não resultaram em mudanças substanciais.

"A nossa decisão reflete o compromisso em assegurar que a remuneração dos executivos esteja verdadeiramente alinhada com os resultados de longo prazo e com os interesses de todas as partes interessadas. Esperamos uma atuação mais transparente e responsável do Comité de Remuneração", indica, em comunicado, Matt Christensen, diretor global de investimento sustentável e de impacto da AllianzGI

A Stellantis tem enfrentado uma crescente contestação à sua política de remuneração desde a fusão entre a Fiat Chrysler e a PSA. Nos últimos anos, os relatórios salariais de Tavares foram alvo de votações significativamente desfavoráveis, com oposição de 52% em 2022 e de 48% em 2023. A saída de Tavares, anunciada em março, não atenuou as críticas sobre os critérios de atribuição de bónus e incentivos de longo prazo.

Além de rejeitar o ponto 2c da ordem de trabalhos, referente ao relatório de remuneração, a AllianzGI irá também votar contra a reeleição de dois administradores não executivos que integram o Comité de Remuneração (pontos 3a e 3f), considerando que a supervisão exercida por este órgão tem sido insuficiente.

Segundo dados da própria gestora, em 2024 a AllianzGI votou contra, se absteve ou não votou em pelo menos um ponto da agenda em 72% das assembleias gerais em que participou, tendo rejeitado 41% das propostas relacionadas com remuneração, o que aponta como um reflexo das suas elevadas exigências em matéria de governação corporativa.

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