Bruxelas deu luz verde à International Paper para adquirir a rival britânica DS Smith, mas impôs condições que incluem a alienação, por parte da gigante americana, da fábrica que detém em Ovar, no distrito de Aveiro.

Em comunicado, a Comissão Europeia explica que, após uma análise inicial, concluiu que a fusão dos dois pesos pesados ao nível do fornecimento de embalagens e de papel, nos termos em que foi notificada a 25 de novembro, "teria reduzido a concorrência nos mercados de fabrico e fornecimento de cartão canelado no norte e oeste de Portugal; no de cartão canelado de alta resistência no nordeste de Espanha; e no de caixas de cartão canelado no noroeste de França". Em paralelo, argumenta, após a concentração, "não haveria concorrentes alternativos suficientes para exercer pressão concorrencial suficiente sobre a entidade resultante da fusão", o que "teria levado a preços mais elevados para os consumidores nos mercados afetados".

Para avançarem com o negócio, avaliado em 5,8 mil milhões de libras (6,9 mil milhões de euros, ao câmbio atual), as partes propuseram a venda de cinco fábricas da International Paper na Europa. A saber: três em França, uma em Portugal e outra em Espanha. Um compromisso que, na perspetiva da Comissão Europeia, responde às preocupações manifestadas.

Em causa, em Portugal, figura a Cartovar, adquirida em 2019 pela International Paper à Europac e na altura com mais de 100 trabalhadores, na sequência de um "remédio" imposto pela Comissão Europeia para validar a aquisição da empresa espanhola pela DS Smith.

A International Paper é um fornecedor de embalagens e de produtos de pasta de papel produzidos com fibras renováveis e um reciclador de resíduos à base de fibras, enquanto a DS Smith de embalagens à base de fibras sustentáveis, também com atividades de reciclagem e de fabrico de papel. Ambas estão cotadas em bolsa (a primeira em Nova Iorque e a segunda em Londres).