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Rússia terá atacado zonas onde o Estado Islâmico não está presente

No terceiro dia de ataques russos na Síria, multiplicam-se as acusações de que Putin tem utilizado o combate ao Estado Islâmico como pretexto para atacar os opositores ao regime sírio. Entres os mortos já se contam civis.

02 de Outubro de 2015 às 16:56
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Três dias depois do Parlamento russo ter dado luz verde ao início dos ataques aéreos de Moscovo ao Estado Islâmico na Síria, vários são os avisos de vozes da coligação internacional anti-Estado Islâmico de que estes ataques irão agravar o conflito.

Durante a tarde desta sexta-feira, 2 de Outubro, a Reuters avançou que o Estado Islâmico atacou zonas onde estão sediados órgãos do Governo sírio, a leste da cidade de Deir al-Zor, bem como uma base aérea do sul da cidade. As aeronaves do regime sírio responderam com um bombardeamento à volta da base aérea e igualmente numa diferente zona da cidade, adianta o Observatório Sírio para Direitos Humanos (OSDH), uma organização que se opõe ao regime sírio e usado por países ocidentais para obter dados sobre direitos humanos e número de mortos em ataques e conflitos.

A mesma organização afirma ainda que os alvos da Rússia se focaram mais em zonas do território sírio controladas pelos grupos de insurgentes contra o regime do que em combatentes do Estado Islâmico, que o Kremlin diz estar a combater. No decorrer dos acontecimentos e ataques que têm marcado os últimos dias, a coligação internacional liderada pelos Estados Unidos da América (EUA), país que há mais de um ano tem também bombardeado alvos do Estado Islâmico, pede ao Governo de Vladimir Putin que cesse imediatamente os ataques às forças de oposição síria, justificando que "constituem uma nova escalada e só vão gerar mais extremismo e radicalização". Entre os países que assinam esta declaração divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros turco estão a Alemanha, Arábia Saudita, Estados Unidos, França, Qatar, Reino Unido e Turquia.

A organização não-governamental OSDH disse também que pelo menos sete civis, incluindo duas crianças, morreram na quinta-feira, na província de Idleb, onde ainda a presença do Estado Islâmico ainda é descrita como nula, alvo dos ataques russos. A mesma organização acrescentou que "três outros civis, incluindo uma menina e uma mulher, perderam a vida num bombardeamento perpetrado pelos aviões russos na localidade de Habite". Estes são números que se somam aos 28 mortos registados no primeiro dia de ataques. Sobre as acusações, Moscovo respondeu que se tratava de uma "guerra de informação".  

Para a coligação internacional, os ataques russos, a acontecerem, devem limitar-se e "centrar-se nos esforços de combate" ao grupo "jihadista" Estado Islâmico, excluindo eventuais grupos da oposição ao regime sírio, liderado pelo Presidente Bashar al-Assad e que os EUA e os seus aliados alegam ter sido atacados. Entre os alvos atingidos, a coligação internacional alega que se contam "mortes de civis" e que "não visaram o Estado Islâmico".

Na declaração desta sexta-feira, o grupo de países adianta também que conduziu 28 ataques aéreos ao Estado Islâmico na Síria e o no Iraque durante a última quinta-feira, 1 de Outubro. Cerca de 20 ataques aconteceram em território iraquiano, sendo que seis deles bombardearam zonas próximas da cidade de Al Huwayjah. Já os restantes oito ataques no território da Síria aconteceram perto da cidade de Al Hasakah, através de unidades tácticas de ataque no terreno.
 

Durante a reunião desta sexta-feira, entre os presidentes da França, François Hollande, da Rússia, Vladimir Putin, da Ucrânia, Vladimir Poroshenko, e a chanceler alemã, Angela Merkel que visava discutir a aplicação dos acordos de paz no leste ucraniano, Hollande e Putin discutiram a questão da Síria.

Os dois presidentes, cujo encontro foi descrito como "tenso", tentaram "diminuir as diferenças sobre a transição política", disse um assessor de Hollande. Apesar de ainda não se saber se houve alguma decisão, o mesmo assessor citado pela Reuters afirma que foram discutidas três condições exigidas pela França para a cooperação com a Rússia na Síria: o ataque exclusivo ao Estado Islâmico e Al-Qaeda e não a quaisquer outros alvos, assegurar a segurança dos cidadãos e colocar em prática uma política de transição que inclua o afastamento do líder sírio, Al-Assad. Esta é uma posição defendida pela coligação internacional, mas que foi já previamente rejeitada pelo líder russo, que tem em Al-Assad um aliado de longa data, contando-se as situações em que defendeu a sua presença no processo de resolução do conflito, nomeadamente durante o último encontro das Nações Unidas

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