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Governo “separa águas” entre Volkswagen e Autoeuropa no escândalo das emissões
Pires de Lima recebeu uma carta da presidência do grupo automóvel, com a garantia de que será activada uma solução. Quanto ao impacto na Autoeuropa, não há mais detalhes. O ministro prefere salientar o papel deste investidor em Portugal.
A carta da presidência do grupo Volkswagen chegou esta sexta-feira, 2 de Outubro, ao ministro da Economia António Pires de Lima. O mesmo dia em que se reuniu, pela primeira vez, o grupo de trabalho criado para acompanhar o impacto do escândalo de manipulação de emissões poluentes em Portugal.
Na missiva, a garantia é de que será activado um plano de correcção para os veículos afectados até 7 de Outubro. Seja qual for a solução encontrada, a Volkswagen assumirá "obviamente os custos de toda esta fraude", de acordo com a Lusa. Em Portugal são 117 mil carros, no mundo 11 milhões.
A data é a mesma que o regulador alemão definiu ao grupo automóvel para apresentar um plano que integre o cumprimento das normas de emissões poluentes. Caso contrário, a fabricante arrisca-se a perder a homologação dos modelos afectados, representando uma proibição das vendas e da circulação dos mesmos.
Sem mais detalhes fica a situação da fábrica do grupo em Portugal, a Volkswagen Autoeuropa. Pires de Lima diz que é preciso "separar as águas" entre Palmela e Wolfsburg. "Mesmo que eventualmente tenham sido produzidos veículos com motores com este software fraudulento, não é da responsabilidade da gestão da Autoeuropa", afirmou esta sexta-feira, 2 de Outubro.
Ainda assim, o ministro não descarta uma certa preocupação com o impacto que este "rombo" na reputação do grupo alemão pode representar na produção da fábrica lusa. "Não temos garantias nenhumas, porque este é um rombo sério que a marca Volkswagen tem em termos da sua reputação, mas o investimento [na Autoeuropa] continua em execução".
O papel da Volkswagen como grande "investidor" da Volkswagen em Portugal continua, deste modo, a ser destacado pelo ministro. Em causa está um investimento de 700 milhões previsto para a unidade de Palmela e que dotará a fábrica de tecnologia capaz de produzir novos modelos.
Por agora, o clima é de estabilidade na Autoeuropa, embora os trabalhadores se mostrem "apreensivos" com o escândalo e com o modo como o mesmo poderá afectá-los. Já a administração de Palmela aguarda mais informação sobre o processo, que está a ser tratado na sede alemã.
Depois deste primeiro encontro, o grupo de trabalho tem já reuniões agendadas para as próximas duas semanas. A protecção dos proprietários das viaturas afectadas, a salvaguarda do ambiente e a avaliação do eventual incumprimento fiscal (uma vez que veículos mais poluentes pagaram abaixo do estipulado) são preocupações desta equipa. "É evidente que há responsabilidades ambientais, de que o Estado português se quer ver ressarcido", admitiu.