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Escândalo Volkswagen: Conclusões do inquérito interno chegam na quarta-feira

Müller vai juntar a equipa para determinar responsabilidades. Já são conhecidos os balanços em cinco países, incluindo Portugal. Em território nacional vai ser criado um grupo de trabalho para acompanhar o caso.

Bloomberg
30 de Setembro de 2015 às 16:04
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A reunião está marcada para a noite desta quarta-feira, 30 de Setembro. Os executivos de topo da Volkswagen vão conhecer os resultados da inquérito interno levado a cabo no grupo automóvel, após o mesmo ter admitido adulterar os níveis de emissões em veículos a gasóleo com recurso a um "dispositivo manipulador".

Matthias Müller e a equipa deverão ainda receber representantes da sociedade de advogados norte-americana contratada para coordenar a investigação externa, que arranca agora, concretiza a agência Reuters citando fontes ligadas ao processo. Durante a investigação interna, um dos engenheiros do grupo informou que em 2011 já tinha alertado para o caso.

Entretanto, o ministro da Economia do estado alemão da Baixa Saxónia – onde está localizada a Volkswagen e dono de 20% da empresa – Olaf Lies fez saber que os dirigentes da empresa envolvidos neste escândalo "agiram criminosamente". "Foi causado um imenso prejuízo porque milhões de pessoas perderam a sua confiança na Volkswagen", admitiu.


A Reuters escreve também que o director de comunicação do grupo, Stephan Gruehsem, deverá apresentar a sua demissão durante o encontro desta quarta-feira, 30 de Setembro.


As autoridades alemãs avançaram já com investigações para apurar responsabilidades, estando o antigo CEO Martin Winterkorn envolvido nas mesmas. Aquando da sua saída, o gestor referiu o seu desconhecimento no caso, o que mais tarde a administração da empresa confirmou.


A Volkswagen enfrenta acções judiciais e investigações em vários pontos do globo, para além de bloqueios de vendas, depois de ter admitido ter instalado dispositivos que permitiam manipular os níveis de emissões em veículos a gasóleo durante os testes em laboratórios. Na estrada, o nível de poluição poderia ser 40 vezes superiores ao permitido.

 

Em todo o mundo são 11 milhões de carros afectados. Há cinco milhões de veículos da marca Volkswagen, 2,1 milhões da Audi, 1,2 milhões da Skoda, 1,8 veículos comerciais da Volkswagen e 700 mil veículos da Seat afectados por este escândalo.

 

A fabricante deverá apresentar até 7 de Outubro ao regulador do mercado alemão um plano "abrangente" que integre o cumprimento das normas de emissões poluentes.

 

Caso contrário, a empresa arrisca-se a perder a homologação dos modelos afectados, o que representaria uma proibição não só nas vendas como da

O Governo decidiu constituir um grupo de trabalho.
António Pires de Lima
Ministro da Economia

circulação dos veículos nas estradas.

 

Dois milhões de veículos em França e Reino Unido

Esta quarta-feira, 30 de Setembro, foi também dia de conhecer os balanços dos carros afectados em território francês e britânico.


No Reino Unido são 1,1 milhões de carros que terão de ser chamados às oficinas na sequência deste escândalo de emissões. Há meio milhão de carros da Volkswagen, 400 mil da Audi, 132 mil da Skoda e 77 mil da Seat. A lista fecha com 90 mil veículos comerciais da Volkswagen. Tal significa que um em cada dez carros com motores diesel no país estão afectados, concretiza a imprensa britânica.

 

França tem também quase um milhão de veículos envolvidos no escândalo: 574 mil Volkswagen, 93 mil Seat, 189 mil Audi, 67 mil Skoda e 25 mil veículos comerciais Volkswagen. Na sequência deste caso, o país já anunciou que irá avançar com testes aleatórios para determinar os níveis de emissões de vários automóveis.

 

Em ambos os casos, e à semelhança do que foi garantido em Portugal, a reparação dos veículos não terá custos para os proprietários. Será o grupo automóvel a assumir esse encargo. Os clientes deverão começar a ser contactados "nos próximos dias".

 

O impacto é conhecido ainda na Alemanha, onde há quase três milhões de veículos nesta situação, e nos Estados Unidos da América, onde o escândalo rebentou ao saber-se que existia quase meio milhão de carros do grupo onde foram instalados os "dispositivos manipuladores".

 

O impacto em Portugal

O impacto em território nacional foi conhecido esta terça-feira, 29 de Setembro. O escândalo afecta 94.400 veículos no país, ou seja, 13% dos carros do grupo Volkswagen existentes.


Contam-se 53.761 veículos da Volkswagen (incluindo veículos comerciais/utilitários), 31.839 Audi e 8.800 Skoda afectados.

A importadora das marcas em Portugal, a Siva, recorda que estão apenas abrangidos motores que cumprem a normativa Euro 5, em vigor até Setembro de 2014.


A Seat decidiu "suspender a venda" em Portugal dos modelos afectados por esta polémica, com motores EA189, até ter mais respostas da fabricante alemã. Tal como aconteceu em Espanha, o bloqueio integra os veículos a gasóleo que cumprem a normativa Euro 5. Os cálculos da Seat apontam para 50 carros actualmente nos concessionários com estas características.

Por sua vez, a Peugeot Portugal (que representa as marcas Peugeot, Citroën e DS) escreveu uma carta aos concessionários e clientes para assumir uma posição. Na missiva, citada pela Lusa, o grupo informou que nunca utilizou métodos fraudulentos para falsear emissões.


O mais recente desenvolvimento prende-se com a criação de um grupo de trabalho nacional para assegurar a monitorização das acções decorrentes da fraude da Volkswagen, anunciou o ministro da Economia, António Pires de Lima.


"O Governo decidiu constituir um grupo de trabalho", que será composto pelos secretários de Estado da Inovação, Transportes e do Ambiente e onde se inclui técnicos do IMT e da Agência do Ambiente, informou.


À Renascença, a Deco alertou para as questões fiscais ligadas a esta polémica, ressalvando o dinheiro que deixou de entrar nos cofres públicos, uma vez que os veículos mais poluentes estão sujeitos a uma carga fiscal mais elevada. Os problemas de concorrência são também outra das preocupações da associação de defesa do consumidor.


Volkswagen pode escapar nos Estados Unidos?

Quem avança com essa hipótese é o jornal The Wall Street Journal. A Volkswagen poderá escapar de uma acusação formal de crimes contra o meio-ambiente devido a uma lacuna na lei norte-americana. O Clear Air Act, de 1970, inclui um regime de excepção para o sector automóvel.


As autoridades estão já a preparar uma abordagem alternativa, procurando focar-se na mentira do grupo automóvel aos reguladores. Especialistas ouvidos pelo jornal esperam que o escândalo leve a uma alteração da lei, para que se possa actuar em casos semelhantes.

Contratações suspensas e corte de turno

O efeito negativo deste escândalo já se faz sentir na produção de motores e no braço financeiro da empresa, a Volkswagen Financial Services (VWFS). Um porta-voz da fábrica de Salzgitter, onde se produzem motores, informou que foi reduzido um turno extraordinário.


Já a VWFS vai interromper novas contratações até ao final de 2015, não renovando inclusive 30 contratos temporários que expiram este ano.


Por sua vez, o director desportivo Klaus Allofs informou esta quarta-feira, 30 de Setembro, que o clube de futebol Wolfsburg não será afectado por um desinvestimento por parte do grupo alemão.

 

Schäuble: uma Volkswagen que não volta atrás

O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, acredita que a Volkswagen não voltará a ser a mesma depois deste escândalo.

"A Volkswagen não será a mesma companhia que foi um dia. Vai mudar muito numa perspectiva estrutural", escreve a agência Reuters citando uma entrevista do político à imprensa alemã.


Schäuble negou que este escândalo represente um perigo para a economia alemã ou prejudique o investimento internacional. "Vamos sair mais fortes desta crise. Aprendemos com as crises", concluiu.

 

Audi vai processar a casa-mãe

O processo já entrou no Ministério Público de Ingolstadt, cidade alemã onde a Audi está sedeada. A marca "premium" vai processar a sua casa-mãe, o grupo Volkswagen, na sequência deste escândalo de manipulação de emissões poluentes.


"Deste modo, queremos contribuir para o processo de esclarecimento", afirmou um porta-voz da Audi citado pela agência EFE, que avançou a notícia. "Não toleramos nenhuma prática empresarial que viole a legislação vigente ou valores fundamentais", acrescentou.


Entretanto, escreve a Reuters, um  grupo de consumidores italianos vai avançar com uma acção judicial colectiva contra a Volkswagen, acusando a empresa de enganar os proprietários e de agredir o meio ambiente.

 

Porsche já tem novo líder

Depois da escolha de Matthias Müller para CEO do grupo Volkswagen, estava por definir o sucessor na liderança da Porsche. Oliver Blume, de 47 anos, é o senhor que se segue na marca automóvel do cavalo, onde já era responsável pela área de produção e logística. O gestor começou o seu percurso na Audi em 1994.

(Notícia actualizada às 18:05 com mais informação)

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