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Vaticano e Interpol cortam com a FIFA
O alegado envolvimento de vários dirigentes da FIFA em casos de corrupção levou ao afastamento do Vaticano e da Interpol face ao organismo que tutela o futebol mundial. A Interpol suspendeu um programa em parceria com a FIFA no valor de 22,5 milhões de dólares, enquanto o Vaticano suspendeu o recebimento de uma doação relativa à Copa América.
O Vaticano e a Interpol decidiram afastar-se da FIFA depois dos escândalos relacionados com as alegadas práticas de corrupção por parte de vários dirigentes e ex-dirigentes do organismo.
O Vaticano anunciou esta sexta-feira, 12 de Junho, que se abstém de receber as anteriormente acordadas doações financeiras relacionadas com a Copa América que começou precisamente na última madrugada num jogo em que o Chile venceu o Equador por duas bolas a zero.
Em Abril, a instituição escolar Scholas Occurrentes, criada em 2013 pelo Papa Francisco, acordou com a FIFA, no âmbito de um programa de promoção de integração social, que aquela instituição receberia 10 mil dólares (8,9 mil euros) por cada golo marcado, e também por cada penalti defendido, ao longo da competição sul-americana. Tomando como exemplo a competição sul-americana realizada em 2011, a Scholas Occurrentes receberia mais de 500 mil dólares (443,5 mil euros).
"A Scholas vai abster-se de receber quaisquer fundos enquanto as investigações judiciais em curso não forem concluídas", afiançou esta tarde a instituição escolar criada pelo Vaticano, citada pela agência Bloomberg.
Em paralelo à decisão do Vaticano, a Interpol anunciou o congelamento de uma verba de 22,5 milhões de dólares (perto de 20 milhões de euros), segundo avança a CNN, que haviam sido doados pela FIFA em 2011. Esta doação era relativa ao programa "Integridade no Desporto", com uma duração prevista de 10 anos, orientado para combater o jogo ilegal e os resultados combinados nas competições desportivas.
"Em função do actual contexto que envolve a FIFA e enquanto a Interpol continua a assumir o compromisso de desenvolver o nosso programa de ‘Integridade no Desporto’, decidi suspender o acordo", afirmou Juergen Stock, número um da organização internacional de polícia criminal, num comunicado citado pela BBC.
Juergen Stock justificou ainda a decisão com a necessidade "de todos os parceiros externos, quer públicos quer privados, partilharem valores e princípios fundamentais da organização". O acordo entre a Interpol e a FIFA tem de ser "compatível com os princípios, objectivos e actividades da organização", concluiu Stock.
A FIFA reagiu à posição da Interpol mostrando-se desapontada, garantindo que continua fiel a "esta importante colaboração" e que tudo fará para que a mesma seja "reactivada o mais rápido possível".
A pressão sobre a FIFA levou o organismo que tutela o futebol mundial a decidir suspender o processo de candidaturas à organização do Mundial de 2026. Decisão tomada quando se mantém ainda a pressão para que a FIFA anule a escolha da Rússia e do Qatar como países anfitriões dos mundiais de 2018 e 2022, respectivamente.
Nesta altura as autoridades norte-americanas e suíças estão a investigar as alegadas práticas de corrupção de vários executivos da FIFA, entre os quais está também Joseph Blatter, reeleito presidente do organismo para um quinto mandato a 29 de Maio, já depois das detenções de 14 elementos ligados à instituição. Sendo que também os processos de atribuição da realização dos mundiais de 2018 e 2022 estão sob investigação.
"Acreditamos que as investigações em curso são importantes para salvaguardar a integridade das instituições e do futebol", sustentou a Scholas Occurrentes.
Já Blatter, que anunciou a demissão da FIFA na semana seguinte à sua reeleição, garante que continuará como presidente demissionário até que outro presidente seja encontrado, algo que tendo em conta os estatutos do organismo só deverá acontecer entre Dezembro deste ano e Março do próximo ano.