Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

O impasse político português visto pelos olhos da imprensa internacional

Vários órgãos de comunicação internacionais dão conta do impasse político que Portugal enfrenta. O The Telegraph escreve que o país "juntou-se à revolta da austeridade". Os jornais espanhóis apontam as hipóteses que Cavaco Silva tem em cima da mesa.

22 de Outubro de 2015 às 11:50
  • 4
  • ...

O impasse político em Portugal está a ter eco na imprensa internacional. Esta quarta-feira, 21 de Outubro, vários órgãos de comunicação internacional publicavam ao fim do dia notícias sobre Portugal.

O britânico The Telegraph começa o seu artigo por assinalar que o rastilho das "políticas de dívida-deflação detonaram num segundo país. Portugal juntou-se à revolta contra à austeridade". O jornal inglês prossegue dizendo que a disciplina orçamental e económica imposta à Europa do Sul "pela Alemanha está a desintegrar-se na sua frente mais vulnerável". "António Costa, líder do Partido Socialista e filho de um poeta goês, recusou-se a pactuar com mais cortes salariais aos funcionários públicos ou a submeter-se à coligação de direita".

Além disso, salienta que o PS "suspendeu" as divergências que tem com o Partido Comunista e criou uma aliança com os comunistas e com o Bloco de Esquerda. "O trio exige o direito de governar o país e, em conjunto, [os três partidos] têm a maioria absoluta do Parlamento português", refere. O The Telegraph aponta ainda que o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, tem o "poder constitucional para reconduzir a velha guarda – e pode de facto fazê-lo durante os próximos dias – isto deixaria o país ingovernável e seria uma diligência perigosa na jovem democracia, com memórias da ditadura de Salazar a estarem ainda relativamente frescas".

No artigo é ainda apontada a reacção dos mercados, nomeadamente as "reticências" apontadas pelo Rabobank em apostar na dívida nacional, a situação económica nacional e as posições, quer do Partido Comunista quer do Bloco de Esquerda, em relação à união monetária e à dívida pública. E é referido ainda que "a viragem em Portugal apanhou as elites europeias desprevenidas".

O artigo do jornal britânico termina a salientar que "forças populistas poderosas" estão à espera nos bastidores em Espanha, Itália e França. "Os eventos em Portugal mostraram que cada eleição no sul da Europa é agora um ‘evento de risco’".


"Portugal vai experimentar a troika boa"

Na imprensa espanhola, a incerteza política em Portugal está também presente nos sites de jornais como o El País e como o El Mundo, que têm correspondentes em Lisboa. O El País começa por assinalar que Cavaco Silva está no seu último mandato e está numa posição "que poucos invejariam: designar um chefe de Governo em minoria ou dar a tarefa de governar a uma coligação de três grupos de esquerda com suficiente maioria parlamentar". 

Assinalando que o líder do Partido Comunista, Jerónimo de Sousa, já deu publicamente o seu apoio aos socialistas, o jornal escreve que "os três [partidos] querem combater as políticas europeias de austeridade". "Portugal vai experimentar a troika boa", escreve. Empossar um Governo liderado por Passos Coelho, pode fazer com que a esquerda faça cair o seu programa governativo. E o jornal refere ainda os compromissos internacionais de Portugal. "São precisamente as exigências em matéria económica dos comunistas e do Bloco de Esquerda que mais dúvidas suscitam, pois poderiam fazer descarrilar os objectivos do défice do país. O líder do Partido Socialista, António Costa, reiterou que se governar" não põe em risco o equilíbrio orçamental.

O El Mundo, por sua vez, faz título com: "Cavaco Silva decide entre um governo minoritário de direita ou a maioria de esquerda". O artigo assinala que, após o resultado das eleições, Passos Coelho seria nomeado primeiro-ministro. Mas "mais de duas semanas depois, Portugal continua sem um executivo formal. Os 230 deputados que formam o Parlamento luso tomam posse dos seus cargos esta sexta-feira, mas ainda não se sabe se será com um Governo conservador minoritário ou uma maioria de esquerda liderada pelo secretário-geral socialista, António Costa".

Forbes e a surpresa eleitoral

Tim Worstall, colaborador da Forbes, escreve um artigo onde aponta que houve uma surpresa nas eleições legislativas nacionais. A esquerda colocou "de lado as suas diferenças e estão a trabalhar em conjunto". Salientando que os partidos de esquerda têm maioria no Parlamento e poderão governar, o colaborador da revista, sustenta que "o problema com isto da perspectiva da União Europeia é que eles não estão disponíveis para ceder às restrições do BCE e do acordo de resgate do país".

Referindo, durante o artigo, que os aliados do Partido Socialista são favoráveis ao regresso ao escudo, o texto termina assinalando que "um regresso ao escudo iria fazer muito bem a Portugal, dado que permitiria uma política monetária independente e orçamental". "Incluindo o que o país realmente precisa, como a Grécia, que é a depreciação da moeda".

Ver comentários
Saber mais impasse político Portugal eleições legislativo governoThe Telegraph Europa do Sul Alemanha António Costa líder do Partido Socialista PS Partido Comunista Presidente da República Parlamento Bloco de Esquerda Partido Comunista Aníbal Cavaco Silva Espanha El País
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio