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"Spread" da dívida portuguesa face à espanhola em máximos de Julho

O diferencial entre os juros da dívida portuguesa e espanhola agravou-se cerca de 30 pontos-base desde as eleições, com os analistas a recomendarem aos investidores que se afastem das obrigações portuguesas devido à incerteza política.

13 de Outubro - Por agora, não ficou agendado mais nenhum encontro entre a coligação e o Partido Socialista.
Miguel Baltazar/Negócios
26 de Outubro de 2015 às 15:41
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Os juros da dívida pública portuguesa estão em alta esta segunda-feira, em contra-ciclo com as obrigações europeias, numa altura em que se intensificam as recomendações dos analistas para que os investidores tenham cautela com os títulos portugueses devido à incerteza política.

A "yield" das obrigações do Tesouro a 10 anos avança 6 pontos-base para 2,43%, numa sessão em que os juros da dívida dos restantes países europeus seguem estáveis.

Este comportamento contribui para o agravamento do risco da dívida portuguesa (medido pelo diferencial entre os juros de Portugal e outros países). O spread face à dívida alemã está esta segunda-feira feira nos 193 pontos-base, o nível mais elevado desde 15 de Outubro.

Face à dívida espanhola, o diferencial está nos 80 pontos-base, um máximo desde o início de Julho. Desde as eleições legislativas em Portugal este diferencial (que mede o prémio de risco que os investidores exigem para comprar dívida portuguesa em detrimento da espanhola) agravou-se  cerca de 30 pontos-base. A 5 de Outubro a "yield" da dívida portuguesa a 10 anos estava nos 2,31% e a espanhola em 1,8%.

Esta tendência surge numa altura em que são vários os analistas de bancos de investimento internacionais que estão a recomendar aos clientes que reduzam a aposta na dívida portuguesa, devido ao período de instabilidade política que se vive no país.

Na sexta-feira o Barclays emitiu uma nota onde afirmava que a "incerteza e instabilidade" política deveriam agravar o "spread" de Portugal. 

 

Barclays nota que a instabilidade política levou os activos portugueses, como os títulos de dívida pública, a apresentar uma prestação inferior à do mercado, uma tendência que "deverá continuar a menos que surja uma surpresa política".

Já o Royal Bank od Scotland, também numa nota publicada na sexta-feira, recomenda que os clientes se afastem da dívida portuguesa, privilegiando a aposta em títulos de dívida de Espanha e Itália.

"A situação continua muito volátil, pelo que recomendamos que fiquem de fora do mercado português. Preferimos Espanha e Itália", refere o RBS, "no longo prazo continuamos preocupados com Portugal, pois vemos os fundamentais económicos como preocupantes e pensamos que a instabilidade política continuará a ser um tema de 2016, à medida que a estrela da senhora [Catarina] Martins continuar a subir".

Numa notícia publicada esta segunda-feira, com o título "Obrigações portuguesas afectadas por desafio dos socialistas", o Financial Times liga a subida dos juros à instabilidade política em Portugal, reforçada pelo facto de os partidos de esquerda terem demonstrado na sexta-feira a sua capacidade de contrariar o Governo, ao elegerem Ferro Rodrigues como presidente da Assembleia da República.


BCE atenua incerteza

A acção do Banco Central Europeu e a possibilidade de o banco central reforçar os estímulos à economia europeia tem contribuído para atenuar os efeitos da instabilidade política nos juros portugueses, de acordo com os analistas.

"O apoio do BCE irá ajudar a manter as taxas de juro em níveis baixos", aponta a equipa de análise do Société Générale, numa nota de análise. Os especialistas dizem mesmo que, para os investidores, "é difícil resistir às quedas na taxas de juro de curto prazo". Ainda assim, "aconselhamos a evitar as obrigações portuguesas por agora", devido à "pressão que se intensificou nas obrigações portuguesas nas últimas sessões".

Conselho que também a equipa de análise do Rabobank tinha dado na semana passada. Questionado pelo Negócios se as palavras de Draghi mudavam a sua opinião sobre a dívida nacional, Lyn Graham-Taylor foi peremptório: "não". "Há demasiada incerteza para apostar agora em Portugal", disse o estratego de dívida do Rabobank, acrescentado que "outros países irão registar melhores desempenhos que Portugal". O especialista diz ainda que "uma explosão nos juros da dívida é improvável devido ao BCE". Contudo, "se o cenário se deteriorar, poderemos ver uma subida dos juros", conclui.

O Presidente da República anunciou na quinta-feira que decidiu indigitar Passos Coelho para primeiro-ministro. O líder do PSD vai agora formar Governo, sendo que o PS admite apresentar e aprovar uma moção de rejeição, o que poderá levar a bola de novo para Belém.

Evolução do spread das obrigações portuguesas a 10 anos face à dívida espanhola no mesmo prazo:




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