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Barclays espera que "incerteza e instabilidade" política agravem "spread" de Portugal

O banco britânico espera que Portugal seja penalizado por "incerteza e instabilidade" política durante meses, o que deverá penalizar os títulos de dívida e a confiança na economia portuguesa.

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Deep Dive: Portuguese Yields on the Rise
23 de Outubro de 2015 às 10:59
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O Barclays analisa esta sexta-feira a decisão do Presidente da República em indigitar Passos Coelho como primeiro-ministro, considerado que a instabilidade política no país deverá demorar meses e pode representar uma ameaça à estimativa de crescimento da economia. 

"Esperamos que a incerteza e instabilidade dominem a política portuguesa nos próximos meses, possivelmente originando eleições antecipadas depois de Setembro de 2016", refere o Barclays, antecipando ser "difícil" para o Governo minoritário de Passos Coelho ter o apoio dos partidos da oposição".

O banco de investimento antecipa que uma das primeiras dificuldades passará pela aprovação do Orçamento do Estado para 2016 e alerta que um Parlamento fragmentado "deverá impedir que qualquer reforma ambiciosa seja aprovada", o que poderá levar à apresentação de uma "moção de confiança e eleições antecipadas, sobretudo se o PS estiver à frente nas sondagens".

O Barclays nota que a instabilidade política levou os activos portugueses, como os títulos de dívida pública, a apresentar uma prestação inferior à do mercado, uma tendência que "deverá continuar a menos que surja uma surpresa política".


Para exemplificar o desempenho inferior dos títulos de dívida portugueses, o Barclays indica que o "spread" face às obrigações alemãs agravou-se para 183 pontos-base e face à dívida espanhola subiu para 67 pontos-base.

A instabilidade política deverá provocar uma subida deste diferencial, segundo o Barclays. A "yield" das obrigações do Tesouro a 10 anos sobem 3 pontos base para 2,35%, em linha com a dívida soberana na Europa, pelo que o "spread" face às obrigações alemãs está estável nos 183 pontos-base.


O Barclays assinala que as necessidades de financiamento brutas de Portugal para 2016 são de um "valor substancial" (17,9 mil milhões de euros), embora grande parte (10 mil milhões de euros) seja para reembolsar o FMI de forma antecipada.

Assim, conclui que as necessidades de emissão de dívida são de um valor baixo, o que "dá alguma flexibilidade e mitiga o impacto negativo de curto prazo de um agravamento dos ‘spreads’". Ainda assim, avisa que "uma deterioração sustentada das condições de mercado terá um impacto negativo das dinâmicas da dívida".

O banco britânico não espera que a situação em Portugal represente um contágio para os restantes países do sul da Europa, assinalando que a economia espanhola está a crescer a um "forte ritmo".


Quanto à economia portuguesa, o Barclays diz que a instabilidade política representa um "risco negativo", pois pode "afectar a confiança, o que conjugado com deterioração do ambiente global", pode colocar em risco a actual estimativa actual do Barclays que aponta para um crescimento do PIB de 1,6% este ano.

 

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