Notícia
Shopping fantasma do Porto ganha 52 milhões para ter nova vida em 2026
Inicialmente promovido pela Martifer, num investimento de 65 milhões de euros, o La Vie estava nas mãos da CGD, que despachou o imóvel, a preço de saldos, à Tikehau Capital e à Quest Capital, “joint venture” que vai converter o complexo no “hub” empresarial Heart of Porto (HOP).
Dois meses depois de ter sido anunciado que a "joint venture" formada pela francesa Tikehau Capital e pela Quest Capital (que juntou a espanhola Albatross Capital e a portuguesa Quântico) tinha adquirido o moribundo centro comercial La Vie, na Baixa da Invicta, a Cushman & Wakefield (C&W) revela que, em coexclusividade com a JLL, foi mandatada para a comercialização do Heart of Porto (HOP), nome do novo empreendimento que irá surgir da requalificação do imóvel, num investimento superior a 52 milhões de euros.
"O HOP é um projeto multifuncional que totaliza cerca de 30 mil metros quadrados e pretende redefinir o conceito de espaço empresarial na cidade invicta", realça a C&W, adiantando que o projeto prevê uma componente de escritórios com cerca de 15.700 metros quadrados, distribuídos por quatro pisos, uma área de retalho com 8.440 metros quadrados, em dois pisos, contando ainda com 416 lugares de estacionamento cobertos em três pisos.
O futuro HOP, que "tem inauguração prevista para 2026", vai fazer renascer um empreendimento que abriu como centro comercial, a 9 de novembro de 2007, inicialmente com o nome de Porto Gran-Plaza, num investimento de 65 milhões de euros do grupo Martifer, mas que nunca se afirmou no saturados shoppings da região, apesar de estar situado numa zona nobre da baixa da cidade, em frente ao bem-sucedido Via Catarina (do grupo Sonae).
Ainda mudou de nome para La Vie, em 2016, mas sem obter grande efeito.
A falta de clientes levou mesmo a sua administração a tomar uma decisão inédita no setor em Portugal: durante dois anos, até pouco tempo antes do "rebranding", este shopping encerrava aos domingos 11 meses por ano, de janeiro a novembro.
Entretanto, depois de ter albergado o Mercado Temporário do Bolhão, até ao final do verão de 2022, o La Vie começou a ser esvaziado.
Atualmente, o La Vie é um shopping fantasma, contando-se pelos dedos de uma só mão os espaços que se encontram ocupados.
Caído há muito tempo nas mãos da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o banco estatal andou nos últimos anos a tentar vender tão desvalorizado ativo, tendo a 27 de julho do ano passado assinado, finalmente, a escritura de compra e venda do La Vie, por um valor que terá rondado 20 milhões de euros, apurou o Negócios.
"Rooftop" com bar e um auditório com capacidade para 110 pessoas
Os novos donos prometem nova vida para o empreendimento. "Estamos a concretizar uma visão que combina inovação, sustentabilidade e conectividade no coração do Porto. O projeto HOP não representa apenas a requalificação de um espaço existente, mas uma transformação profunda que irá redefinir o padrão dos espaços empresariais na cidade", enfatiza Emilio Velasco, head of real estate na Península Ibérica para a Tikehau Capital.
"A nossa parceria com a Quest Capital, juntamente com o envolvimento da Cushman & Wakefield e da JLL, assegura que o HOP se tornará um marco de excelência, oferecendo um ambiente que não só atende às necessidades atuais das empresas, mas também antecipa as suas futuras exigências", afirma o mesmo responsável, em comunicado.
Ainda de acordo com a C&W, o HOP irá também contar com "uma vasta oferta de ‘amenities’ e serviços, tais como um ‘rooftop’ com bar que totaliza cerca de 800 metros quadrados, uma área exterior privativa com 1.450 metros quadrados, um auditório com capacidade para 110 pessoas, controlo de acessos e segurança 24/7, uma cafetaria no lobby, balneários com 50 cacifos e 10 chuveiros, e ainda um ginásio".
"Sabemos muito bem o que as empresas procuram e este espaço, fruto de uma reabilitação, vai sofrer uma profunda restruturação, indo completamente ao encontro dessas tendências de procura, pelo que será, sem dúvida, um projeto de escritórios de referência na cidade do Porto", afiança Maria João Pinto, consultora senior do departamento de escritórios da C&W.
Para Cristina Almeida, markets & capital markets Porto director da JLL, "este projeto não só eleva o padrão dos espaços empresariais no Porto, como também posiciona a cidade na vanguarda dos edifícios de escritórios devido às suas características inovadoras e disruptivas, garantindo em simultâneo o conforto dos colaboradores, o cumprimento dos requisitos de sustentabilidade e a tão desejada localização".