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BE: "Há condições para uma alternativa estável" e o acordo à esquerda está por dias
Vai ser “nos próximos dias” que se vai ficar a conhecer o acordo político que estará na base de um Governo liderado pelo PS, anunciou Catarina Martins. O Bloco já não volta atrás no entendimento com os socialistas, garantiu.
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Depois de "negociações complexas com o PS", o Bloco de Esquerda declara que as "divergências foram ultrapassadas" e "estão criadas as condições para um Governo estável em Portugal". Um Governo que "não tenha Pedro Passos Coelho nem Paulo Portas, que vire a página da direita e que permita proteger emprego, salários e pensões", e cuja forma "será conhecida logo que possível", em "um dia ou dois". Foram estas as garantias que Catarina Martins deixou na reunião desta tarde com Cavaco Silva, em Belém.
Neste momento, só falta o PCP confirmar a possibilidade de se formar um Governo de esquerda, que António Costa deu, também esta tarde, como bastante provável. Por isso, a porta-voz do Bloco de Esquerda sustenta que Cavaco Silva até "poderá indigitar a candidatura mais votada [Portugal à Frente] para formar Governo", mas considera que "fazê-lo seria uma perda de tempo, porque não há neste momento condições para PSD e CDS formarem governo e aprovarem um Orçamento do Estado".
O Bloco "reafirmou ao Presidente que, caso isso aconteça, apresentará uma moção de rejeição a um Governo PSD/CDS, porque considera que esse Governo não corresponde à vontade maioritária destas eleições, e, por outro lado, porque simultaneamente estamos empenhados na viabilização de um outro Governo" – um Governo de esquerda, juntamente com PS e PCP.
Catarina Martins corrobora, assim, as declarações de António Costa. E, tal como o líder do PS, a porta-voz não se pronunciou sobre o tipo de acordo que está a ser negociado. "É melhor esperar um dia ou dois e ter
um acordo sério que proteja o essencial do país do que termos muita pressa e não fazermos o trabalho bem feito", acrescentou.
Bloco não volta atrás
Uma coisa é certa: Catarina Martins afiança que "o Bloco de Esquerda não faltará aos compromissos que fez na mesa de negociações nestes dias". "No que diz respeito ao Bloco, não há possibilidade de voltar atrás" num acordo.
As negociações com o PS começaram por ser complexas, explicou Catarina Martins, mas o PS acabou por aceitar "todas as medidas" que o Bloco de Esquerda definiu como linhas vermelhas: "a protecção e actualização das pensões; que não houvesse nenhuma medida que descapitalizasse a Segurança Social e nenhuma que facilitasse despedimentos".
E como o PS aceitou estas medidas, "iniciámos um debate sobre outros aspectos", nomeadamente sobre os rendimentos do trabalho e sobre a protecção do Estado Social, adiantou.