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Kwanza angolano cai para minímos de 25 anos face ao dólar
A pressão sobre os preços do petróleo levou à forte desvalorização da divisa angolana. Por outro lado, o elevado montante de dívida impede o governo do país de intervir no mercado cambial.
O kwanza está a negociar em mínimos de 25 anos face ao dólar, com a moeda angolana a ser penalizada por preços do petróleo mais baixos. Ao mesmo tempo, as elevadas responsabilidades de dívida do Executivo angolano limitam fortemente a possibilidade de intervenção no mercado e sustentação da divisa.
Esta quarta-feira, um dólar chegou a valer 939,24 kwanzas - o valor mais baixo desde 1999 para a moeda angolana, num ano em que o país vivia ainda o rescaldo da guerra civil. Só desde o início do mês a moeda perde 1,2% face à "nota verde" e desde janeiro de 2024 a queda aumenta para cerca de 11%.
A maior parte das receitas de exportações de Angola derivam da venda de petróleo - Angola é um dos três maiores produtores do continente africano -, mas grande parte desse capital é utilizado para fazer face aos elevados montantes de dívida. Com o fim de uma moratória de três anos concedida pela China, os custos com a dívida voltaram a aumentar.
Luanda deve cerca de 17 mil milhões de dólares a Pequim e até dezembro tem de pagar cerca de 1,1 mil milhões de dólares mensais em dívida externa e doméstica.
"A mais recente pressão nos preços do petróleo não favorece divisas de países produtores de crude como Angola", explicou à Bloomberg Tiago Dionísio, economista-chefe da Eaglestone. E um dólar mais forte deverá continuar a pressionar as moedas das nações africanas com elevados montantes de dívida em moeda estrangeira.
Em agosto, a ministra das Finanças de Angola, Vera Daves de Sousa, afirmou que vai começar a pagar a fornecedores locais através de obrigações do Tesouro, devido à falta de capital. De acordo com a Bloomberg, foram também registados atrasos no pagamento de salários de trabalhadores angolanos pelo menos uma vez este ano.