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Irlandesa Gazelle Wind Power abre sede em Viana do Castelo e quer criar 30 empregos

A empresa assinalou o lançamento do projeto piloto "Nau Azul", que irá instalar uma turbina eólica de 2 megawatts (MW) numa plataforma ao largo da costa da praia da Aguçadoura, na Póvoa do Varzim.

A primeira plataforma da Gazelle será testada ao largo da praia da Aguçadoura, na Póvoa do Varzim.
D.R.
11 de Setembro de 2024 às 20:08
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A empresa irlandesa Gazelle Wind Power, que se dedica a tecnologia de energia eólica ‘offshore’ flutuante, abriu esta quarta-feira em Viana do Castelo a sua sede nacional e pretende criar, nos próximos anos, cerca de 30 postos de trabalho.

Em comunicado, a Câmara de Viana do Castelo adianta que os escritórios da Gazelle Wind Power estão instalados no edifício da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL).

"A empresa irlandesa está na vanguarda da tecnologia de energia eólica offshore flutuante e está a promover um investimento de 40 milhões de euros, em Portugal", refere o mesmo comunicado. A notícia já tinha sido avançada pelo Negócios em outubro de 2023.

Durante a inauguração da nova sede da empresa, "foi também celebrado o lançamento do projeto piloto "Nau Azul", que irá instalar uma turbina eólica de 2 megawatts (MW) numa plataforma ao largo da costa da praia da Aguçadoura, na Póvoa do Varzim".

Segundo a autarquia, a empresa irlandesa "escolheu Portugal para desenvolver e instalar toda uma cadeia de fornecimento local para produção de energia eólica ‘offshore’.

O "projeto Nau Azul terá início em 2025, estando prevista para 2026 a construção da plataforma, que deverá ser lançada à água até à primavera de 2027. Viana do Castelo torna-se, assim, sede da empresa irlandesa em território nacional".

O administrador e fundador da Gazelle Wuind Power, Jon Salazar, citado na nota, destacou "a relevância deste projeto para a empresa".

O diretor de operações, Adrian Griffiths, salientou "a colaboração local com impacto global do projeto Nau Azul". Também citado na nota, o responsável afirmou que "os escritórios em Viana do Castelo vão contratar pelo menos 30 pessoas no âmbito deste projeto, destacando o trabalho que a empresa quer desenvolver não só em Viana do Castelo, mas com Viana do Castelo, envolvendo a comunidade, as empresas, as instituições e os peritos locais".

O diretor técnico, Jason Wormald, realçou "a tecnologia inovadora desenvolvida e patenteada pela empresa irlandesa, que se apresenta como uma solução mais simples para produção em massa, para montagem, lançamento, instalação e operacionalização, o que permitirá reduzir o custo em escala comercial da energia eólica offshore flutuante".

A empresa foi fundada na Irlanda em 2020 por Jon Salazar, que soma uma carreira com passagens pela consultora Deloitte, alguns dos principais bancos europeus e o aeroporto de Heathrow, em Londres. O empreendedor escolheu Portugal para desenvolver e instalar toda uma cadeia de fornecimento local para o eólico offshore, desde a indústria naval até ao mar.

Esta servirá depois de base à atividade industrial da subsidiária Gazelle Wind Power Portugal (criada em dezembro de 2022) e à futura produção em larga escala de plataformas flutuantes modulares com turbinas eólicas de 15 a 22 MW para projetos offshore. Isto já de olho nos futuros leilões em Portugal e na ambição do Governo em atribuir 10 GW de capacidade eólica no mar até 2030. "De forma natural, vamos estar nos leilões offshore e a nossa tecnologia será uma opção, já que vai ser testada na costa portuguesa", disse ao Negócios, o CEO Jon Salazar.

Nos próximos três anos, a empresa quer contratar 35 pessoas no país e investir entre 35 e 40 milhões de euros para construir o primeiro protótipo "made in Portugal", que será instalado e ligado à rede elétrica nacional ao largo da praia da Aguçadoura (Póvoa do Varzim). Aí, o projeto-piloto de 2 MW permanecerá entre 12 e 18 meses, para realizar todos os testes necessários, antes da produção industrial poder escalar.

O local é o mesmo onde há alguns anos, entre 2011 e 2016, um outro protótipo – o Windfloat 1, da Principle Power, hoje em fase pré-comercial no parque offshore da Ocean Winds (EDP e Engie) em Viana do Castelo – sobreviveu a ondas de 17 metros no oceano Atlântico.

"Estamos a trazer a nossa tecnologia para Portugal – será a segunda a ser testada no Atlântico – e a montar uma cadeia de abastecimento 100% local, dos fabricantes para as placas de aço, aos cabos e amarrações às subestações elétricas. Queremos ter o máximo de parceiros nacionais. Este é um modelo que queremos replicar a nível global", disse Salazar, sublinhando a acreditação da Agência Nacional de Inovação e as parcerias já estabelecidas com a portuguesa WAM Horizon (no licenciamento e desenvolvimento global do projeto), o INESC TEC e o WavEC Offshore Renewables.

Quanto a portos marítimos, onde as plataformas flutuantes serão montadas por módulos (como peças de Lego), o fundador e CEO diz que Viana do Castelo é "o que faz mais sentido", pela proximidade com o local do projeto-piloto, na Aguçadoura. No fornecimento das turbinas eólicas (o único componente que admite ter de importar) a empresa está a trabalhar com uma das maiores fabricantes europeias. Tudo isto com vista ao desenvolvimento das "solicitações" já recebidas por parte de promotores de projetos offshore que serão desenvolvidos a partir de 2027 e até 2035 nos Estados Unidos, Reino Unido, Japão, entre outros países. A empresa está também em "discussões com um grande ‘player’ estratégico, o que poderá significar um ‘pipeline’ na ordem de vários GW".

Num momento em que há mais de 150 modelos de plataformas offshore no mundo, Jon Salazar defende que "a consolidação industrial é fundamental para reduzir o tempo de fabrico, baixar o custo da tecnologia e o preço da eletricidade produzida". Quanto à tecnologia da Gazelle, o CEO diz que se distingue por ter estruturas com menos aço e um peso de 2.500 toneladas (as semissubmersíveis podem pesar quatro vezes mais), o que permite baixar em 80% o preço da energia elétrica. Na prática, as plataformas da empresa funcionam com um contrapeso (que garante a flutuabilidade) e amarrações verticais ao fundo do mar (para a estabilidade), que não interferem tanto com a pesca.

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