Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Governo grego deverá mesmo pedir voto de confiança no parlamento

De acordo com alguns ministros gregos, Alexis Tsipras deve mesmo avançar com um pedido de voto de confiança ao parlamento helénico, isto numa altura em que a cisão no Syriza ganha forma. O Nova Democracia e o Pasok, que foram decisivos na aprovação do terceiro resgate à Grécia, podem não apoiar o actual Executivo helénico.

Bloomberg
17 de Agosto de 2015 às 16:32
  • 5
  • ...

É cada vez mais provável que o parlamento grego seja chamado a pronunciar-se sobre a legitimidade política do actual governo de coligação da Grécia. De acordo com ministros do actual Executivo, citados esta segunda-feira, 17 de Agosto, pela agência Reuters, o primeiro-ministro Alexis Tsipras deverá mesmo pedir ao parlamento um voto de confiança, isto numa altura em que se adensam as possibilidades de cisão na coligação de esquerda radical.

 

Na última sexta-feira de manhã, na votação plenária que permitiu aprovar o acordo relativo ao terceiro resgate à Grécia por um período de três anos, 44 dos 149 deputados do Syriza votaram contra ou abstiveram-se. E apesar dos 222 votos favoráveis ao projecto de lei, houve, no total, 64 votos contra e 11 abstenções, pelo que Tsipras voltou assim a contar com o apoio dos partidos da oposição mais moderados (Nova Democracia, Pasok e To Potami) para validar o memorando acordado com as instituições credoras.

 

Como tal, apenas 118 parlamentares dos 162 que apoiam a coligação de governo entre o Syriza e os Gregos Independentes (ANEL) corresponderam à vontade do Executivo. No caso de ser realizada uma moção de censura ao governo, estes 118 deputados não seriam suficientes para alcançar o mínimo de 120 exigido para assegurar a continuidade do actual Executivo.

O crescente movimento centrífugo de cisão no Syriza já vem sendo sentido desde que, há algumas semanas, Tsipras necessitou dos votos da oposição para fazer aprovar os dois pacotes de medidas acordadas com os credores e que permitiram dar luz verde ao empréstimo-ponte que, em Julho, assegurou o pagamento ao BCE e ao FMI e permitiu iniciar as negociações ao nível técnico tendo em vista o terceiro memorando de entendimento. Primeiro, foram 39 deputados a votar contra ou a abster-se, sendo que no segundo pacote, que continha a transposição da directiva europeia sobre a resolução do sistema financeiro, esse número caiu para 36. O ex-ministro Yanis Varoufakis foi um dos que mudou de posição.

 

Logo na sexta-feira, o ministro da Energia, Panos Skourletis, considerava "evidente" a necessidade de enfrentar a rebelião de quase um terço dos deputados da coligação de esquerda radical através de um voto de confiança no parlamento. A dita rebelião é protagonizada por duas importantes figuras do Syriza: Panagiotis Lafazanis, ex-ministro da Energia da Grécia entretanto afastado por Tsipras, e Zoe Constantopoulou, presidente do parlamento. Lafazanis, figura de proa da Plataforma de Esquerda, a corrente mais à esquerda de entre os partidos e movimentos que integram a coligação de esquerda radical, anunciou mesmo a criação de um novo movimento que tem como finalidade o combate político às medidas de austeridade impostas ao país pelo resgate financeiro acordado com os credores.
 

O próprio Tsipras já solicitou ao Comité Central do partido a convocação de um congresso do partido, entretanto agendado para Setembro, no sentido de discutir a estratégia da coligação de esquerda radical. E assumiu não estar disponível para continuar a governar caso não disponha de um sólido apoio parlamentar, uma declaração que abriu desde logo espaço à especulação em torno de eventuais novas eleições antecipadas. Também o ministro da Saúde, Panayiotis Kouroublis, defendeu já a realização de legislativas antecipadas sustentando que o Syriza não deve continuar a governar em oposição ao mandato conferido pelo povo grego nas eleições de 25 de Janeiro último.

 

Depois de dirigentes do Nova Democracia, o maior partido da oposição, terem adiantado, na semana passada, que não irão apoiar o actual governo numa eventual moção de confiança, foi entretanto a vez de o Pasok também afiançar que não apoiará o actual Executivo Syriza-ANEL caso essa pergunta venha a ser colocada na assembleia helénica.

 

Alexis Tsipras poderá mesmo ter de avançar para eleições antecipadas mas, antes, segundo fonte oficial do governo citada pelo euobserver, após o dia 20 de Agosto, dia em que vence o pagamento de 3,2 mil milhões de euros ao BCE, irá reunir-se com os seus ministros para "discutir as acções a tomar no futuro". 

Ver comentários
Saber mais Grécia Alexis Tsipras Nova Democracia To Potami Gregos Independentes FMI BCE Panos Skourletis Panayiotis Kouroublis Syriza Pasok
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio