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Ministro grego da Saúde pede eleições antecipadas

Panayiotis Kouroublis considera que o mandato atribuído ao Syriza nas legislativas de 25 de Janeiro não legitima o governo helénico a implementar as medidas que constam do princípio de acordo hoje alcançado entre Atenas e os credores. Para Kouroublis a solução é só uma e passa pela convocação de eleições antecipadas.

Reuters
11 de Agosto de 2015 às 19:12
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O ministro grego da Saúde, Panayiotis Kouroublis, defendeu esta terça-feira, 11 de Agosto, a realização de eleições legislativas antecipadas na Grécia. Citado pelo jornal grego Kathimerini, Kouroublis lembrou George Papandreou, ex-primeiro-ministro grego e responsável pelo pedido do primeiro resgate à Grécia, concedido em 2010, como exemplo a não seguir pelo actual chefe do governo helénico, Alexis Tsipras.

 

"O erro de George Papandreou, em 2010, foi não ter convocado eleições imediatamente. O Syriza foi eleito com base num programa [de governo] diferente daquele que terá agora de implementar. O actual programa não pode ser implementado com base nesse mandato, necessita de outro", sustentou citado pelo Kathimerini.

 

No entender do antigo deputado do Pasok, que em 2011 abandonou esse partido em protesto contra a aplicação das medidas de austeridade preconizadas pelo primeiro memorando, o Syriza venceu as eleições com base num programa anti-austeridade. Razão pela qual Kouroublis defende a realização de legislativas antecipadas que permitam legitimar a colocação em prática das medidas de austeridade exigidas a Atenas pelas instituições credoras em troca do terceiro resgate que deverá rondar os 85 mil milhões de euros.

 

A reacção daquele que é o primeiro invisual a liderar um ministério na Grécia surgiu pouco depois de finalizada a maratona negocial que se prolongou durante 23 horas em Atenas e permitiu, na última madrugada, concretizar um acordo relativo às medidas e metas orçamentais que irão enquadrar a política das autoridades helénicas ao longo dos próximos três anos, período de vigência do memorando.

 

No entanto, Kouroublis reconhece que esse será um processo difícil, mas cuja necessidade é peremptória. "Por mais doloroso e difícil que isso possa ser, as eleições terão de realizar-se", concluiu.

 

A possibilidade de eleições antecipadas na Grécia não é de agora. Ao longo das negociações entre a Grécia e as três instituições da troika – BCE, FMI e Comissão Europeia – para o prolongamento do programa de assistência que terminou a 30 de Junho (depois de prolongado por dois meses, em Dezembro de 2014, e por quatro meses, em Fevereiro), Alexis Tsipras chegou a aludir à possibilidade de antecipar as eleições dado que as exigências dos credores pressupunham que o Syriza tivesse de seguir políticas contrárias às promessas eleitorais apresentadas ao povo grego.

 

Ultrapassada essa divergência e alcançado o princípio de acordo que assegurou em Julho um financiamento-ponte à Grécia de cerca de 7 mil milhões de euros, que viria a permitir a realização dos pagamentos em atraso ao FMI e cumprir as devoluções previstas ao BCE no mês passado, e que abriu portas às negociações técnicas tendo em vista o referido terceiro resgate a Atenas, o cenário de eleições parlamentares em Setembro ou Outubro foi, porém, novamente colocado em cima da mesa.

 

A determinar a possibilidade de tal acontecimento estão as divergências internas da coligação de esquerda radical, que junta 13 diferentes partidos e correntes políticas que vão desde o anti-europeísmo a posições pró-Bruxelas. Desde a defesa do regresso ao dracma, à vontade de continuar na Zona Euro.

 

Ainda em Julho, Tsipras precisou dos votos da oposição (Nova Democracia, Pasok e To Potami), para fazer aprovar os dois pacotes de medidas exigidos pelos credores. Na votação do primeiro pacote, 39 deputados do Syriza votaram contra ou abstiveram-se, enquanto no segundo pacote esse número acabou por registar uma ligeira queda para 36 parlamentares. Em Janeiro, o Syriza elegeu 149 deputados. O ex-ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, foi um dos deputados que alterou o sentido de voto da primeira para a segunda votação.   

 

Entretanto, o Comité Central do Syriza aceitou a proposta de Tsipras e convocou (ainda sem data precisa) para Setembro a realização de um congresso extraordinário. O secretário-geral da coligação de esquerda radical pretende clarificar a situação interna do partido e ultrapassar as ameaças de dissidência representadas, essencialmente, pela Plataforma de Esquerda, a corrente mais à esquerda do Syriza.

 

Já esta terça-feira, após o anúncio de acordo entre a Grécia e a troika, a Plataforma de Esquerda, de acordo com o To Vima, denunciou esse mesmo acordo que "classificou de "guilhotina" que pressupõe "medidas profundamente duras".

 

Amanhã, 12 de Agosto, as diferentes comissões parlamentares da assembleia helénica irão analisar as medidas que constam do acordo alcançado na última madrugada, ficando para quinta-feira a votação em plenário extraordinário aos termos do memorando. Apesar de se afigurar como improvável a não aprovação dessas medidas, dado o provável apoio da oposição, a votação parlamentar permitirá aferir o real grau de coesão no seio do Syriza. Tsipras quer que o parlamento grego aprove as medidas e metas do terceiro memorando dentro de 48 horas.

Alexis Tsipras já afiançou não estar disponível para chefiar um governo cujo suporte não assente num claro apoio parlamentar do seu próprio partido, pelo que se se verificarem dissidências à pretendida votação favorável das medidas, o cenário de novas eleições, provavelmente logo em Setembro, emergirá como opção provável. 

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