O governo grego e os credores internacionais concordaram em definir como meta um excedente orçamental nulo este ano. Além disso, também estão alinhados nas estimativas para evolução do PIB do país: a economia grega deverá contrair entre 2,1% e 2,3% este ano, segundo fonte oficial grega, citada pela Reuters.

Estes valores deverão ser inscritos no memorando de entendimento que poderá estar concluído já esta terça-feira.

No entanto, ainda persistem pontos de discórdia entre as duas partes. Segundo as autoridades da União Europeia, o tamanho do resgate global tem gerado desentendimento. Do lado grego, uma questão-chave é a forma de lidar com o crédito mal parado no sector bancário, um factor que poderá pesar no projecto-lei para a recapitalização dos bancos.

E, tal como lembrou o porta-voz do ministério alemão das Finanças, a Alemanha quer um acordo que inclua um plano orçamental ambicioso, uma estratégia de privatização credível e uma reforma sustentável das pensões. Além disso, pretende que o montante da primeira tranche do resgate seja proporcional às reformas implementadas.

"É sensato – e esta é a nossa crença - fixar o tamanho da primeira parcela do pagamento ao alcance das reformas implementadas", explicou o porta-voz Juerg Weissegerber, esta segunda-feira. "Isso significa uma condicionalidade rigorosa para a ajuda financeira".

Weissgerber disse que a Alemanha não estava envolvida nas negociações e precisaria de tempo após qualquer acordo para avaliar os resultados. "Estamos prontos para fazer essa avaliação rapidamente esta semana, se necessário, mas a qualidade vem antes de velocidade", frisou.

As autoridades gregas esperam que o acordo para o terceiro resgate ao país esteja concluído já esta terça-feira, seja votado pelo Parlamento da Grécia entre quarta e quinta-feira e, em seguida, aprovado pelo Eurogrupo a 14 de Agosto, abrindo caminho para os desembolsos do empréstimo.

O executivo de Tsipras e os representantes das instituições europeias e do Fundo Monetário Internacional retomaram as negociações esta segunda-feira de manhã depois de uma maratona no domingo, que terminou já de madrugada.

Fontes do governo grego garantiram que houve "progressos" nas negociações, estando a ser ultimados os últimos detalhes. "A partir da meia-noite, os dois lados começaram a recta final, vasculhando o texto final, frase por frase, palavra por palavra", assegurou um responsável do ministério grego das Finanças.

Até 20 de Agosto tem de haver acordo para um terceiro resgate (ou um novo financiamento-ponte), pois é nessa altura que a Grécia terá de pagar 3,5 mil milhões de euros ao Banco Central a título de reembolso de obrigações que vencem nessa data.

 

Recorde-se que, após Tsipras ter concordado com novas medidas de austeridade, na longa cimeira de 12 de Julho, para poder receber um terceiro empréstimo, Bruxelas acordou a Atenas um financiamento-ponte de três meses, no valor de 7,16 mil milhões de euros, que lhe permitiu reembolsar o FMI e o BCE e abrir o caminho à negociação do terceiro pacote de resgate para três anos.

A economia da Grécia voltou à recessão este ano, aprofundada, em parte, pela imposição de controlos de capitais e do encerramento dos bancos durante três semanas. Dados revelados esta segunda-feira mostram que a produção industrial caiu 4,5% em Junho, face ao mesmo mês do ano anterior.