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Roubini diz que bitcoin é "a maior bolha na história da humanidade"
Nouriel Roubini, conhecido como profeta da desgraça, duvida da utilidade da blockchain enquanto tecnologia e diz que a bitcoin é "a mãe de todas as bolhas". "Prophet of the Doom" e "Ultra Bear" são algumas das alcunhas dadas a este economista tido como grande pessimista, que ficou célebre por prever a crise global de 2008.
O economista Nouriel Roubini, conhecido como "Dr. Doom" [profeta da desgraça, ou 'Dr. Apocalipse'], não esteve com rodeios quando falou à Bloomberg sobre o forte crescimento e estoiro das criptomoedas, especialmente a bitcoin – que já caiu cerca de 60% desde os máximos atingidos em Dezembro passado.
Em entrevista à agência noticiosa norte-americana, o professor de Economia na Universidade de Nova Iorque salientou que a bitcoin é "a maior bolha na história da humanidade" e que esta "mãe de todas as bolhas" está "finalmente" a estoirar.
E não se trata apenas da bitcoin, sublinhou o CEO da Roubini Macro Associates. Existem mais de 1.300 criptomoedas [como litecoin, ethereum ou ripple] ou ofertas iniciais de moeda digital e "a maioria delas é ainda pior" do que a bitcoin, na opinião de Roubini.
"Blockchains" são sistemas utópicos
O economista tem criticado fortemente as criptomoedas, considerando-as "esquemas de pirâmide financeira" (Ponzi), mas neste artigo alarga o "ataque" à tecnologia blockchain.
"Blockchain", na tradução literal, é uma ‘corrente de blocos’ que é actualizada sempre que se realiza uma nova transacção e todos os sistemas ligados à rede têm acesso a essa rede, de forma a validar um item e impedir que ele seja vendido duas ou mais vezes.
No entender de Roubini, a bitcoin é também "um desastre ambiental" devido aos elevados custos de energia decorrentes da mineração das moedas digitais.
Mineração e custos da energia
E o que é a mineração? Minerar bitcoins – processar e verificar transacções – é uma das formas de investimento mais apreciadas por quem se deixa cativar pelas moedas digitais.
Existem empresas específicas que mineram bitcoins na nuvem, com máquinas potentes o suficiente para processarem todas as transacções, e qualquer pessoa pode entrar como investidor: basta comprar uma parcela dessa potência de mineração na nuvem, que é como se tivesse adquirido uma placa física que vai funcionar ininterruptamente mesmo que o computador esteja desligado.
Essas empresas têm avultados gastos de energia eléctrica, pelo que preferem sediar-se em países onde o custo de electricidade é mais baixo.
Sobre as moedas digitais, muitas têm sido as vozes que se levantam para abordar o tema. Umas a favor, outras contra, outras ainda sem uma opinião formada.
No passado dia 10 de Janeiro, Warren Buffett, chairman e CEO da Berkshire Hathaway, disse estar convicto de que o entusiasmo em torno da bitcoin e de outras criptomoedas não vai ter um bom desfecho. Em entrevista à CNBC, o conhecido "guru" dos mercados admitiu que nunca investirá em moedas digitais. "No que respeita às criptomoedas, em termos gerais, posso dizer, quase com certeza, que não vão acabar bem", afirmou Buffett. "Quando vai acontecer, ou como, não sei".
Os comentários de Buffett surgiram um dia depois de o CEO do JPMorgan ter admitido estar arrependido de ter dito que a bitcoin era uma fraude. "A questão da bitcoin, para mim, sempre teve a ver com o que os governos vão fazer, à medida que se torna uma coisa realmente grande. Só tenho uma opinião diferente das outras pessoas. E não tenho muito interesse no assunto", afirmou. A palavra "fraude" foi usada pelo CEO do JPMorgan, em Setembro passado, para descrever a moeda criada por Satoshi Nakamoto, que disparou mais de 1.400% em 2017.
Já o chaiman do banco suíço UBS, Axel Weber, disse em finais de Janeiro que não negoceia nem vende bitcoins e que teme uma queda "enorme" do seu valor devido à crescente regulação em torno desta moeda digital.
Esta sexta-feira, a bitcoin segue a afundar, negociando abaixo dos 8.000 dólares por unidade. O que aponta para que um dos "cisnes negros" do Saxo Bank possa mesmo ser real este ano.
Nas 10 previsões improváveis – mas não impossíveis – feitas pelo Saxo Bank para 2018, a bitcoin será "atirada aos lobos". Depois de ainda escalar até aos 60.000 dólares, a bitcoin ficará "sem tapete", muito à conta da proibição das moedas digitais por vários países, como a China, e afundará em finais do ano para valores em torno do seu custo de produção: os 1.000 dólares.