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As empresas que mudam de nome para cavalgar a onda das criptomoedas e blockchains
Nas últimas semanas, foram bastantes as empresas que optaram por mudar de nome ou por direccionarem as suas operações no sentido de capitalizarem a vaga optimista em torno das criptomoedas e das blockchains.
Esta semana foi notícia o facto de uma pequena empresa de ice tea, cotada nos EUA, ter anunciado que vai deixar de se chamar Long Island Iced Tea Corp, para passar a denominar-se Long Blockchain Corp. Os investidores aplaudiram a mudança de nome e as acções dispararam 289%, numa reacção eufórica à entrada dos sumos na era blockchain.
O fenómeno não é novo, mas é recente, dado que muitas empresas estão a navegar a onda das moedas digitais, em especial a fulgurante subida que a bitcoin registou este ano.
Nas últimas semanas, segundo uma compilação da Reuters, imensas empresas viram as suas acções escalarem em bolsa muito à conta de passarem a ter palavras como "cripto" ou "blockchain" nos seus nomes.
"Blockchain", na tradução literal, é uma ‘corrente de blocos’ que é actualizada sempre que se realiza uma nova transacção e todos os sistemas ligados à rede tem acesso a essa rede, de forma a validar um item e impedir que ele seja vendido duas ou mais vezes.
E, desde 11 de Outubro, véspera da sessão em que a bitcoin superou a fasquia dos 5.000 dólares [chegou a um máximo histórico de 19.511 dólares na semana passada], foram bastantes as empresas que optaram por mudar de nome ou por direccionarem as suas operações no sentido de capitalizarem esta vaga optimista em torno das criptomoedas, refere a Reuters.
Aproveitar a ocasião… na altura certa
Muitas delas passaram de empresas desconhecidas a companhias com uma capitalização bolsista já digna de registo. A agência noticiosa britânica dá alguns exemplos:
Riot Blockchain: antes conhecida como Bioptix Inc., esta empresa de biotecnologia mudou o seu nome e estratégia, passando a investir na tecnologia blockchain com um foco nas moedas digitais bitcoin e ethereum. Resultado: a sua capitalização bolsista passou de 68,6 milhões de dólares a 11 de Outubro para 266,6 milhões a 21 de Dezembro.
Digital Power Corp.: esta fornecedora de soluções de gestão de energia lançou a sua própria operação de mineração de criptomoedas. Resultado: a sua capitalização bolsista passou de 10,98 milhões de dólares a 11 de Outubro para 97,2 milhões a 21 de Dezembro.
Crypto Co.: na passada terça-feira, 19 de Dezembro, a Securities and Exchange Commission [autoridade reguladora do mercado de capitais nos EUA, congénere da CMVM em Portugal] suspendeu a negociação em bolsa desta empresa que começou por ser uma fabricante de vestuário feminino e que apostou nas criptomoedas muito recentemente. A sua mudança de foco valeu-lhe uma forte valorização e este mês já acumulava uma subida superior a 2.700% quando a SEC interveio. O seu valor de mercado superou os 11 mil milhões de dólares, quase igualando a capitalização bolsista da fabricante de electrodomésticos Whirlpool ou da companhia ferroviária Kansas City Southern.
Future FinTech Group Inc.: outrora conhecida como SkyPeople Fruit Juice Inc., esta fabricante de sumos mudou de nome em Maio passado para "reflectir o compromisso para com o comércio electrónico e a negociação de matérias-primas agrícolas". Resultado: a sua capitalização bolsista passou de 10,3 milhões de dólares a 11 de Outubro para 16,8 milhões a 21 de Dezembro.
Xunlei Ltd.: a empresa de computação na nuvem, que conta com a maioria das suas operações na China, disparou em sintonia com a escalada das criptomoedas. A sua capitalização bolsista a 11 de Outubro ascendia a 288,1 milhões de dólares e a 21 de Dezembro já era de 891 milhões.
Marathon Patent Group Inc.: as acções da empresa de gestão e licenciamento de propriedade intelectual disparou após anunciar um acordo para comprar a mineradora de moedas digitais Global Bit Ventures Inc. Resultado: a sua capitalização bolsista passou de 17,8 milhões de dólares a 11 de Outubro para 54,5 milhões a 21 de Dezembro.
Social Reality Inc.: a companhia de publicidade na Internet anunciou em Outubro que estava a pensar fazer uma oferta inicial de moeda, para se financiar, através de tokens Blockchain Identification Graph (BIGtokens). Mais recentemente, disse que iria distribuir dividendos em criptomoedas. Resultado: a sua capitalização bolsista passou de 28,4 milhões de dólares a 11 de Outubro para 52,2 milhões a 21 de Dezembro.
Net Element Inc.: a processadora de pagamentos online lançou na passada quarta-feira uma unidade de negócio focalizada na blockchain, em parceria com a Bunker Capital. Resultado: a sua capitalização bolsista passou de 12,8 milhões de dólares a 19 de Dezembro para 46 milhões a 21 de Dezembro.
Nova LifeStyle Inc.: a fabricante de mobiliário criou uma unidade de negócio que opera em sistema de blockchain, chamada "I Design Blockchain Technology Inc.", na passada quarta-feira, e anunciou que planeia aceitar bitcoins e outras criptomoedas na sua plataforma. Resultado: a sua capitalização bolsista passou de 60,8 milhões de dólares a 19 de Dezembro para 78,6 milhões a 21 de Dezembro.
A Reuters dá ainda o exemplo da Intercontinental Technology, que mudou de nome este mês (chamava-se Rich Cigars Inc.) para começar a minerar criptomoedas; bem como da Nodechain Inc., que se chamava Vapetek Inc (fabricante de cigarros electrónicos) e que na passada quarta-feira apresentou um pedido para já reflectir esta mudança de denominação e passar a ser uma mineradora de moedas digitais.
Mas, como em tudo, é preciso acertar no timing. Há um ano, a Ping Shan Tea Group, uma fabricante de chá oolong - chá chinês tradicional, situado entre o chá verde e o chá preto em termos de oxidação – cotada na bolsa de Hong Kong, mudou de nome para Blockhain Group Co. E o que aconteceu? Diz a Bloomberg que talvez tenha sido uma decisão que foi tomada demasiadamente cedo, pois no acumulado deste ano afunda 80%. Nem a mudança de nome valeu a esta empresa que regista prejuízos desde 2011.
O que é a mineração?
Minerar bitcoins - processar e verificar transacções - é uma das formas de investimento mais apreciadas por quem se deixa cativar por esta ou outra moeda digital.
Existem empresas específicas que mineram bitcoins na nuvem, com máquinas potentes o suficiente para processarem todas as transacções, e qualquer pessoa pode entrar como investidor: basta comprar uma parcela dessa potência de mineração na nuvem, que é como se tivesse adquirido uma placa física que vai funcionar ininterruptamente mesmo que o computador esteja desligado.
Essas empresas têm avultados gastos de energia eléctrica, pelo que preferem sediar-se em países onde o custo de electricidade é mais baixo.
* com Reuters