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Bancos britânicos e norte-americanos proíbem compra de criptomoedas a crédito
Dos dois lados do Atlântico há bancos que proibiram os seus clientes de usarem cartões de crédito para adquirir criptomoedas. A bitcoin afunda, negociando abaixo dos oito mil dólares.
O cerco às criptomoedas pode ter ficado um pouco mais apertado com a deliberação de algumas instituições financeiras americanas e britânicas. Depois de as autoridades entrarem em acção – nomeadamente na Coreia do Sul e na China -, instituições financeiras dos dois lados do Atlântico decidiram proibir os seus clientes de usarem os seus cartões de crédito na aquisição de moedas virtuais. As instituições financeiras temem que a queda do valor destas moedas deixe os seus clientes impossibilitados de reembolsar as suas dívidas, de acordo com a Reuters.
O Lloyds Banking Group revelou ontem que tomou esta decisão depois da deliberação dos norte-americanos JPMorgan Chase e Citigroup. Uma porta-voz do banco liderado pelo português António Horta Osório (na foto) defendeu que a decisão do banco visa proteger os seus clientes de contraírem dívidas elevadas com a aquisição destes activos. "No Lloyds Bank, Bank of Scotland, Halifax e MBNA, não aceitamos transacções com cartão de crédito que envolva a compra de criptomoedas", disse, citada pela Reuters.
Uma porta-voz do JPMorgan já tinha confirmado à Reuters que nesta altura não permitiam o processamento de compras de moedas virtuais com cartão de crédito devido aos riscos e à volatilidade envolvida. Uma porta-voz do Citigroup admitiu igualmente esta proibição mas não deu mais esclarecimentos, segundo a mesma fonte.
Na semana passada, a Mastercard, a segunda maior rede de pagamentos do mundo, revelou que os clientes que adquiriram moedas virtuais com cartões de crédito levaram a um crescimento de um ponto percentual nos volumes de transacções realizados no estrangeiro, no último trimestre do ano passado.
Esta proibição imposta por bancos americanos e britânicos não foi a primeira acção do sector em relação a moedas virtuais. Há alguns dias, no Fórum Económico Mundial, que se realizou em Davos, o líder banco de investimento UBS concedeu uma entrevista e explicou que não negoceia bitcoin nem vende aos seus clientes no retalho. Os receios gerados pela volatilidade destes activos estão entre os motivos citados.
Tidjane Thiam, CEO do Credit Suisse, já se tinha referido, em declarações à Bloomberg proferidas em Novembro, que a bitcoin "é a própria definição de uma bolha".
O guru dos mercados, Warren Buffett no início do ano mostrou-se pessimista em relação à bitcoin e perspectivou mesmo um desfecho negativo para a moeda virtual.
"No que respeita às criptomoedas, em termos gerais, posso dizer, quase com certeza, que não vão acabar bem", afirmou Buffett, chairman e CEO da Berkshire Hathaway. "Quando vai acontecer, ou como, não sei". "Tenho problemas suficientes com coisas sobre as quais penso saber qualquer coisa", acrescentou. "Porque é que havia de ter uma posição curta ou longa numa coisa sobre a qual nada sei?".
E o economista Nouriel Roubini, não esteve na semana passada com rodeios quando falou à Bloomberg sobre o forte crescimento e estoiro das criptomoedas, especialmente a bitcoin – que já caiu cerca de 60% desde os máximos atingidos em Dezembro passado.
Em entrevista à agência noticiosa norte-americana, o professor de Economia salientou que a bitcoin é "a maior bolha na história da humanidade" e que esta "mãe de todas as bolhas" está "finalmente" a estoirar. E não se trata apenas da bitcoin, sublinhou o CEO da Roubini Macro Associates. Existem mais de 1.300 criptomoedas [como litecoin, ethereum ou ripple] ou ofertas iniciais de moeda digital e "a maioria delas é ainda pior" do que a bitcoin, na opinião de Roubini.
Esta segunda-feira, 5 de Fevereiro o valor da bitcoin está novamente em queda. Desce 11,03% para 7.625,0059 dólares.