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Motorista, escritório e muitos milhões para ex-CEO do Deutsche Bank

Apesar dos escândalos e fortes prejuízos, o banco alemão não quis deixar de reconhecer o trabalho do gestor. Além de uma indemnização, Anshu Jain recebeu ajudas de custo e outros privilégios.

Anshu Jain e Jürgen Fitschen anunciaram a saída do Deutsche Bank este domingo, dia 7 de Junho.
Bloomberg
11 de Março de 2016 às 16:13
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Anshu Jain, que abandonou a liderança do Deutsche Bank em Junho do ano passado, recebeu 2,2 milhões de euros de indemnização, pode manter o carro da empresa e os serviços de um motorista, assim como fazer uso de um escritório e dos serviços de secretariado associados até ficar empregado novamente, escreve a Bloomberg esta sexta-feira, 11 de Março.

Segundo a agência, que cita um comunicado do banco, estes 2,2 milhões de euros são parte "de uma compensação pelo acordo de não-concorrência previsto no contrato" de Anshu Jain.

O executivo de 53 anos recebeu ainda 1,5 milhões de euros relacionados com benefícios no âmbito do seu plano de pensões.

Jain poderá também fazer uso de um escritório e de serviços de secretariado, assim como de carro e do serviços de um motorista, "de forma razoável até 30 de Junho de 2017, o mais tardar, ou até assumir outra posição profissional numa função de liderança".

O banco assumiu ainda despesas no valor de 382 mil euros em aconselhamento legal a Anshu Jain sobre os termos da cessação do seu contrato, e os custos do aconselhamento fiscal relacionados com as compensações recebidas no âmbito da sua relação profissional com o banco serão pagos até ao final de Junho do próximo ano.

"Apesar de isto poder parecer exageradamente generoso, provavelmente tornou mais fácil ao Deutsche Bank lidar com mais uma distracção, para continuar com o trabalho monumental de encarrilhar o banco", explica Christopher Wheeler, analista da Atlantic Equities LLP, citado pela Bloomberg. "É óbvio que o Deutsche Bank queria respeitar aquilo que ele [Jain] conquistou, garantindo a melhor rescisão possível e evitar confusão à volta da sua saída", acrescentou.

Mas Jain não foi o único, Stefan Krause, ex-CFO do banco, recebeu uma indemnização de 5,2 mil milhões de euros.

No cargo de CEO desde 2012, Anshu Jain abandonou a empresa em Junho do ano passado, tendo sido substituído por John Cryan. A sua saída teve lugar na sequência de fortes críticas devido aos escândalos em que o banco se viu envolvido. Juergen Fitschen, o outro CEO do banco, que apresentou a sua renúncia ao cargo na mesma altura, tem a saída marcada para Maio deste ano.

O Deutsche Bank teve um 2015 muito difícil, ano em que os seus lucros – e a sua imagem - foram fortemente afectados pelos processos legais em que a instituição esteve envolvida.

Desde que assumiu funções, em Julho último, John Cryan embarcou numa missão para limpar a reputação do Deutsche Bank e para aumentar os níveis de capital e a rentabilidade do banco.

No entanto, o CEO enfrenta uma conjuntura de baixas taxas de juro, de queda acentuada dos preços do petróleo, a pressão imposta pelos reguladores do sector e os constrangimentos provocados pelo abrandamento da economia chinesa, assim como a volatilidade dos mercados internacionais neste início de ano.

As regalias de Jain contrastam com os cortes no Conselho Executivo do banco, cujas remunerações foram em 2015 36% mais baixas do que no ano anterior (totalizando, ainda assim, 22,7 milhões de euros), e a quem foi negada a possibilidade de receber bónus referentes ao exercício fiscal de 2015, ano em que o banco reportou prejuízos de 6,8 mil milhões de euros, sendo que 5,4 mil milhões euros se destinaram a processos de litigância.

Escreve a Bloomberg que Anshu Jain vai integrar a Social Finance, um credor online conhecido como SoFi, a quem vai prestar, num primeiro momento, serviços de consultoria. A expectativa é que venha a integrar os quadros da empresa nos próximos meses.

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