Cryan irá tornar-se o único CEO da empresa quando Juergen Fitschen abandonar o cargo, em Maio de 2016. Jain e Fitschen renunciaram face aos escândalos em que a instituição financeira tem estado envolvida.

O Deutsche Bank recebeu uma multa recorde de 2,2 mil milhões de euros pelo envolvimento no escândalo de manipulação de taxas de juro e está a braços com cerca de seis mil diferentes casos de litígio.

"Com John Cryan como CEO, acreditamos que o Deutsche bank passará de ter uma das equipas de gestores menos credíveis na mente dos investidores, para uma das mais credíveis", considerou Omar Fall, analista da Jefferies LLC, em Londres, numa nota aos clientes. "Nós não antevemos uma mudança dramática de estratégia ou um aumento de capital, mas a confiança dos mercados deverá aumentar claramente", concluiu.

"John [Cryan] não é apenas um banqueiro experiente, com conhecimento extenso em matéria financeira, mas também tem os valores profissionais e pessoais exigidos para liderar o Deutsche Bank e a estratégia 2020. Ele conhece bem o banco, e estamos crentes que é a pessoa certa no momento certo", informou, em comunicado, Paul Achleitner, chairman do quadro supervisor do Deutsche Bank.

John Cryan, gestor britânico de 54 anos, foi administrador financeiro (CFO) do banco suíço UBS, e, durante o seu mandado, ganhou a confiança dos investidores ao conseguir evitar o colapso do grupo durante a crise de crédito da última década. Cryan tornou-se CFO da empresa em 2008, quando o banco estava a sofrer o embate de perdas recorde ligadas ao mercado de habitação norte-americano.

O "UBS estava a passar por uma grave crise, e Cryan conseguiu gerir a situação bem", disse Dirk Becker, um analista de Frankfurt, citado pela Bloomberg. "A sua capacidade de comunicar é também muito boa", o que o permite conquistar pontos junto dos investidores, adiantou.

Cryan deixou o UBS em 2001 e foi para a Temasek Holding, uma empresa de investimento detida pelo Estado de Singapura. Dois anos depois, o gestor ingressou no quadro de supervisão do Deutsche Bank.

Cryan conhece bem o banco, trabalhou na comissão de auditoria e também na comissão de risco, ambos sectores fundamentais no grupo, informa o Market Watch, que adianta que vários executivos acreditam que o gestor britânico irá clarificar como o banco pretende proceder na redução de custos.

Em comunicado, John Cryan fez saber que considera "uma profunda honra" a nomeação para liderar o Deutsche Bank, e adianta que o futuro da instituição será "marcado pela capacidade de cumprir a estratégia definida, impressionar os clientes e reduzir a complexidade".