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A misteriosa compra de acções do Banif por Angola causou "surpresa" a Marques dos Santos

No banco desde 1988, Joaquim Marques dos Santos não soube dar no Parlamento indicações sobre uma polémica aquisição de acções pelo Estado angolano que nunca se chegou a concretizar.

Bruno Simão
29 de Março de 2016 às 11:47
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"Para mim, foi tudo uma grande surpresa". Joaquim Marques dos Santos, administrador do Banif desde a fundação em 1988, não sabe explicar o caso da compra de acções do banco pelo Estado angolano, nos anos 90, que chegou a ser investigado judicialmente.

O tema chegou à audição desta terça-feira, 29 de Março, da comissão parlamentar de inquérito ao Banif através da deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua. Mas poucos foram os esclarecimentos dados por Marques dos Santos.

 

Nos anos 90, surgiu a notícia de que o Estado angolano iria ficar com 49% do banco fundado por Horácio Roque mas os 150 milhões de dólares pagos nunca chegaram a dar poder no banco. Em 2008, o Estado angolano terá percebido que não tinha esse poder, o que levou a crer que o dinheiro tivesse desaparecido, e colocou uma queixa contra os portugueses intermediários do negócio.

 

Joaquim Marques dos Santos diz que só foi tendo conhecimento do tema pelos jornais. "Não", foi a resposta dada quando questionado sobre o acordo que houve entre as partes e que levou à retirada da queixa pelo Estado angolano. O tema levou a vários encontros ao mais alto nível entre a justiça nacional e angolana. Orlando Figueira – investigado no âmbito da Operação Fizz – era o procurador responsável pelo inquérito.

 

Mariana Mortágua questionou se Marques dos Santos tinha ideia se o dinheiro da operação poderá ter vindo para Horácio Roque, o fundador do Banif. O antigo líder do banco negou. "Para mim, foi tudo uma grande surpresa", frisou.

 

Na audição, Joaquim Marques dos Santos afastou quaisquer responsabilidades após 2012, quando deixou de presidir à administração do banco, dizendo que só teve acesso a informações sobre o banco pela comunicação social. Por esse motivo, não soube explicar o motivo pelo qual havia necessidades de capital de 400 milhões de euros no início de 2012 (detectadas na análise feita pela PwC por ordem da troika) e, no final do ano, a injecção feita pelo Estado ter sido de 1,1 mil milhões.

 

Marques dos Santos foi a primeira personalidade a ser ouvida na comissão parlamentar de inquérito ao Banif, banco que recebeu uma injecção de 1,1 mil milhões de euros estatais em 2013 e, dois anos depois, foi alvo de uma medida de resolução, que custou mais 2.255 milhões de euros públicos e implicou a sua venda por 150 milhões ao Santander Totta. 

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