Jorge Tomé diz que a gestão do Banif não teve uma palavra a dizer na injecção de dinheiro público em 2013. Tudo foi decidido pelo Governo e pelo Banco de Portugal.

"O Estado português e Banco de Portugal conjugaram esforços e fizeram com que Banif fosse capitalizado com 1,1 mil milhões, 400 milhões nos chamados instrumentos híbridos (CoCos), e 700 milhões por acções", disse o presidente executivo da instituição financeira entre 2012 e 2015.

Segundo o gestor, que antes de ir para o Banif era administrador da Caixa Geral de Depósitos, foram vários os motivos que, juntos, levaram à colocação de 1,1 mil milhões de euros no banco. A estabilidade do sistema financeiro, a relevância sistémica nas regiões autónomas e as 1,2 mil milhões em obrigações garantias pelo Estado português são algumas das razões, de acordo com as explicações dadas por Jorge Tomé na audição desta terça-feira, 29 de Março, da comissão parlamentar de inquérito ao Banif.

Assim, "o mérito da capitalização não é do conselho de administração nem da comissão executiva, mas sim do Banco de Portugal e do Estado português", resumiu.

Aliás, a troika, que estava no país em 2012 e 2013, estava "muito relutante em relação à capitalização do Banif", "chegando mesmo a dizer que não havia dinheiro".

A colocação destes 1,1 mil milhões de euros aconteceu em Janeiro de 2013 mas o banco não foi capaz de pagar parte da ajuda na data marcada. Contudo, em Dezembro de 2015, o banco foi intervencionado, com a injecção de 2.255 milhões de euros adicionais, e venda da principal actividade ao Santander Totta.