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Banif e GES tinham “operações perfeitamente casadas”
“O BES empresta dinheiro ao Banif. O Banif empresta dinheiro a duas empresas do grupo GES”. É assim que vivia a união entre os dois grupos iniciada em 2009, segundo o ex-presidente do banco da Madeira.
O Banif emprestava dinheiro a duas empresas do Grupo Espírito Santo desde "2009 e 2010", segundo Jorge Tomé, o presidente executivo do banco de 2012 a 2015. E a aproximação da queda da Rioforte, do grupo, apanhou o gestor de surpresa.
Mas esta não era um financiamento no sentido único. "O BES empresta dinheiro ao Banif, o Banif empresta dinheiro a duas empresas do grupo GES, que depois consolidou tudo na Rioforte". "Operações perfeitamente casadas", sublinhou Jorge Tomé na audição desta terça-feira, 29 de Março, na comissão parlamentar de inquérito.
No caso do empréstimo do Banif à Rioforte, havia um montante de 119 milhões de euros registado em Junho de 2014 – um de 50 milhões, noticiado pelo Negócios naquele ano, e outro de 69 milhões. A renovação é feita nesta altura, já quando a Rioforte estava próxima da insolvência. "Não sabíamos", defendeu-se.
Além de serem operações cruzadas, havia "saldos favoráveis ao Banif", sublinhou Jorge Tomé. O gestor também evidenciou que nenhuma das auditorias de que o banco foi alvo mostrou problemas em relação à operação. O exercício transversal à banca ditado pelo Banco de Portugal (ETTRIC), feito em 2013 e 2014, "não tem uma linha de alerta relativamente a operações do GES".
"Ia desfazer a operação que não tinha nenhum alerta em termos de prudência?", questionou-se o responsável do Banif.
O Banif é o tema da primeira comissão de inquérito da actual legislatura. Uma das que marcou a última legislatura foi aquela que averiguou a gestão do BES e do GES.