A notícia da TVI, que no domingo 13 de Dezembro dava conta do fecho da instituição financeira no dia seguinte, foi o ponto que levou à intervenção no Banif.

"O episódio da TVI dita, em definitivo, a resolução do Banif", defendeu Jorge Tomé na audição desta terça-feira, 29 de Março, da comissão parlamentar de inquérito ao Banif.

"Se não tivesse havido o episódio TVI, o Banif teria uma situação de liquidez normal", acrescentou ainda o líder do banco entre 2012 e 2015. Sem a notícia, o banco estava a cumprir todos os rácios.

A 13 de Março, uma nota de rodapé da estação de Queluz de Baixo indicava que o Banif ia fechar e, durante um tempo, era dito que os depositantes com mais de 100 mil euros também seriam afectados.

Jorge Tomé afirmou que na semana seguinte à notícia saíram 960 milhões de euros em depósitos. Uma semana "fatídica", classificou.

Apesar disso, o ex-CEO do banco fundado por Horácio Roque sublinhou que ainda conseguiu, no dia 18, receber seis propostas pela compra do banco, quatro delas efectivas (Popular, JC Flower, Apollo e Santander Totta). A resolução foi anunciada a 20 de Dezembro, com a venda ao Santander Totta.

Jorge Tomé disse que houve um "volte-face" do Banco de Portugal a partir de 16 de Novembro, altura em que o país estava sem Governo, e em que foi o regulador que começou a negociar directamente com a Direcção-Geral da Concorrência.

A 20 de Dezembro de 2015, o banco foi intervencionado, com a injecção de 2.255 milhões de euros adicionais, e venda da principal actividade ao Santander Totta.