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Banif: as perguntas que os gestores enfrentam hoje no Parlamento

Ao contrário da comissão do BES, que começou pelo governador, as audições do inquérito ao Banif arrancam com os antigos administradores. Joaquim Marques dos Santos, braço-direito do fundador, e Jorge Tomé, que já criticou a resolução, são os primeiros.

Bruno Simão/Negócios
28 de Março de 2016 às 19:52
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Em 2008, a primeira comissão de inquérito ao BPN arrancou com Oliveira Costa, fundador do banco. Começou pela gestão.

Em 2012, a segunda comissão de inquérito ao BPN iniciou-se com Maria Luís Albuquerque, secretária de Estado do Tesouro e Finanças do Governo da altura. Começou pela tutela.

Em 2014, a comissão de inquérito à gestão do BES e do GES teve Carlos Costa como primeiro convocado. Começou pela supervisão.

Em 2016, a comissão de inquérito ao Banif tem a primeira audição com Joaquim Marques dos Santos como protagonista. Oito anos depois, volta a ser a gestão a primeira a explicar-se.

 

Além de Marques dos Santos, cuja audição se inicia pelas 9:30 de terça-feira e que tem como foco a sua presidência entre 2010 e 2012, às 15:00 é Jorge Tomé, CEO de 2012 a 2015, que fala. No dia seguinte, Luís Amado, que presidiu à administração do Banif neste último período, é quem se explica aos deputados. António Varela, que representou o Estado no banco e foi depois para o regulador, tem depoimento agendado para a tarde de quinta-feira.

O que têm a dizer os dois primeiros responsáveis, ouvidos esta terça-feira?

Joaquim Marques dos Santos. Era vice-presidente do Banif quando, em 2010, o fundador Horácio Roque faleceu. Foi o líder interino e, depois, assumiu mesmo a presidência da administração do banco. Enfrentou a crise da dívida portuguesa, que colocou pressão sobre a banca nacional – foram vários os cortes de "rating" à dívida do país e, depois, aos bancos. Marques dos Santos quis sair em 2012, sendo sucedido por Luís Amado enquanto "chairman", depois de mostrar "indisponibilidade" para ser reconduzido. O gestor, que estava no banco desde os primórdios, queria reduzir a intensidade do seu trabalho devido à sua "situação de reforma".

Há cinco questões incontornáveis a que, à partida, terá de responder. 

 

1)      Qual era a situação financeira do Banif quando entrou, em 2010, e quando abandonou a liderança, dois anos depois?

2)      O presidente do Totta diz ter encontrado surpresas negativas no Banif. Alguma delas poderá ter vindo do período em que foi presidente?

3)      A inspecção feita pela troika obrigou à constituição de imparidades em 2011. Na altura, o banco queria criar uma almofada que evitasse o pedido de ajuda estatal. O que correu mal?

4)      Por que motivo o Banif necessitou de uma injecção de capital pouco depois da saída de Marques dos Santos da liderança do Banif?

5)      Houve contactos para que o Banif fosse vendido? Porque não aconteceu?

 

Jorge Tomé. Nomeado presidente executivo em Março de 2012, teve a tarefa de simplificar a estrutura do Banif. O banco que liderava recebeu, em 2013, 1,1 mil milhões de euros do Estado mas não conseguiu que a Comissão Europeia aceitasse um dos vários planos de reestruturação propostos para compensar aquele auxílio. A venda da posição do Estado, adquirida aquando da injecção estatal, não foi bem-sucedida e Tomé, antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos, acabou por ser retirado das funções com a resolução do Banif. 

 

1)      Qual era a situação financeira do Banif quando entrou, em 2012, e quando abandonou a liderança, três anos depois?

2)      Porque foi feita a injecção de 1,1 mil milhões de euros no início de 2013? Quem decidiu os moldes em que tal aconteceu e porque não foram viabilizadas alternativas?

3)      Qual a razão para a apresentação de tantos planos de reestruturação (quantos exactamente?) e nenhum deles ter recebido o acordo da Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia?

4)      O presidente do Totta diz ter encontrado surpresas negativas no Banif. Alguma delas poderá ter vindo do período em que foi presidente?

5)      O que propunham, efectivamente, os seis interessados que apresentaram propostas pelo Banif a dias da resolução?

 

 

Publicamente, Jorge Tomé já falou sobre a venda do Banif, mais precisamente numa entrevista no programa Negócios da Semana, na SIC Notícias. Considerando que a venda do Banif ao Santander Totta foi feita "num contexto um bocado estranho", o ex-CEO do banco sugeriu que o Fundo de Resolução vai gerar ganhos com a venda de activos do antigo banco. Além disso, deixou críticas ao governador, Carlos Costa, e à antiga ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, assegurando que as contas do banco, quando saiu, estavam "limpinhas e direitinhas".


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